My person?

Chandra Wilson diz que não há mais clima tóxico nos bastidores de ‘Grey’s Anatomy’

Atriz que dá vida à cirurgiã Miranda Bailey no drama médico afirmou que, no início, todos eram legais uns com os outros, mas personalidades foram aparecendo com o tempo

“Regra número um: eu já te odeio e isso não vai mudar”. É assim que Miranda Bailey, da série médica Grey’s Anatomy, interpretada por Chandra Wilson, é apresentada; como uma mulher rígida, autoritária e de poucas palavras. Sua personalidade é tão forte que, logo no início, ela passa a ser chamada pelos médicos residentes de “nazi” (nazista).

Hoje, após 14 anos desde a estreia, a série chegou à 15ª temporada. Durante essa década e meia, Bailey mostrou outras faces além da autoridade, ela teve um filho, se separou, casou novamente, perdeu colegas, abandonou a medicina, voltou para a medicina e mudou o cabelo mais que qualquer outro do elenco.

“São os fãs que nos fazem continuar. Há muitos anos fomos ao Brasil e tivemos um encontro incrível, muitas pessoas nos apoiam desde o início da série”, conta a atriz durante entrevista à reportagem.

Depois de tanto tempo dando vida à mesma personagem, Chandra Wilson ri ao contar que é comum que as pessoas a chamem de Bailey na rua. Outras costumam olhar para ela dizer “você se parece com alguém que eu conheço”.

Além de atuar em frente às câmeras, ela já dirigiu 20 episódios da série. O mais recente e, talvez, mais importante é o 15ª da atual temporada, pois marca os 332 episódios da história de Grey’s Anatomy – número que bate o recorde de E.R. e a torna o drama médico mais duradouro da televisão.

Ao receber tamanho desafio, a atriz diz ter se sentido honrada, mas contou que coloca muita pressão em si mesma e, sempre que vê algum episódio que ela dirigiu, encontra algo que poderia ter feito diferente.

Neste em questão, que só deve vir ao ar em alguns meses, Jackson dá uma festa na sua casa, nada corre conforme o planejado e a desastrosa noite termina com um incêndio.

Grey's Anatomy
(Foto: Reprodução)

Com tantos episódios durante a trajetória, Shonda Rhimes, produtora da série, costuma emocionar dos fãs com o drama médico que é lembrado pelas mortes, perdas, tragédias e catástrofes.

A atriz relembra dois momentos que chorou ao assistir. O primeiro foi no final da quinta temporada, quando George O’Malley (T.R. Knight) morre. Ele sofre um acidente e chega no hospital desfigurado e nenhum médico percebe que o paciente é um colega.

Outro foi no final da sexta temporada, quando um serial killer entra no hospital, atira em várias pessoas e causa um terror nos médicos e pacientes.

Além dos dramas, relacionamentos, brigas, cirurgias e diagnósticos, o programa chama a atenção por ser bastante inclusivo, com cuidado de um elenco de brancos, negros, asiáticos, heterossexuais e homossexuais. Isso tudo, bem antes do termo “diversidade” virar pauta ou o movimento MeToo ganhar voz.

Wilson afirma que desde o início, a série sempre quis mostrar exatamente como são as pessoas nos Estados Unidos. “A nossa diversidade era uma questão de reflexão do que já vivíamos. Nós apenas dissemos ‘vamos mostrar como é a América’. E, isso, naquela época, foi algo novo.”

Para ela, a questão da diversidade na série atraiu espectadores jovens, “eles sentem que estão se vendo na série. Já o público mais adulto nos assiste pelas histórias, relacionamentos e personagens. Nós agradamos diferentes gerações ao mesmo tempo”, analisa a atriz.

Apesar de parecer tão inclusivo nas telas, Ellen Pompeo, protagonista de série que dá vida à Meredith Grey, confessou em uma entrevista à revista americana Variety que os bastidores da série tinham um ambiente muito tóxico.

Em entrevista, Wilson aprofundou um pouco mais o assunto. Segundo ela, no início das gravações, “todos tentavam ser muito legais uns com os outros. Mas, com o passar dos anos, as personalidades das pessoas começam a aparecer, como em qualquer outra família.”

“Acredito que um ambiente é aquilo que você coloca. Quando se coloca pensamentos positivos, dali sairão pensamentos positivos. Já quando se insere pensamentos tóxicos, todos sentirão isso. Por isso, tivemos que aprender a nos tratar de forma positiva para criar um ambiente bacana”, completou a atriz.

Ao contrário de uma família, a série deve chegar ao fim em algum momento. O final já foi especulado diversas vezes, mas nunca definido. Segundo a atriz, “o final de Grey’s é um mistério para todos nós. Nós não temos nem ideia. Então, estamos todos [os atores e os fãs] nesta jornada juntos”.

A série é exibida pelo canal Sony, às segundas, às 21h. A 16ª temporada já está confirmada, com estreia prevista entre outubro e novembro no Brasil. Em setembro, os episódios das temporadas mais recentes da série médica chegarão também à Netflix.

(por Isabella Menon, da Folhapress)