Oscar 2021

Chineses burlam censura para comentar vitória de ‘Nomadland’ no Oscar

Nomadland levou a estatueta de Melhor Filme na cerimônia do 93º Oscar, no último domingo (25)

(Foto: Divulgação)

Circulam pelo Weibo, a rede social que é considerada o Twitter chinês, uma série de posts repletos de códigos que fazem alusão à vitória de “Nomadland” no Oscar, ocorrido neste domingo (25). As publicações são uma tentativa de burlar o sistema de censura digital do governo do país, de acordo com as próprias mensagens.

Após vencer a estatueta de melhor filme e melhor direção na premiação, a cineasta sino-americana Chloé Zhao se tornou, mais uma vez, alvo de polêmicas envolvendo nacionalistas chineses, o governo do país e fãs de sua obra.

Na segunda-feira, o governo chinês foi acusado de censurar celebrações e comentários referentes à vitória da artista, após um misterioso desaparecimento de publicações sobre o assunto no Weibo.

Além disso, a imprensa chinesa praticamente não mencionou a notícia. E a estreia do filme no país está adiada.
Agora, alguns chineses vem usando maneiras de burlar a censura digital do governo e, assim, elogiar Zhao e comentar “Nomadland“.

Para isso, o nome da cineasta é escrito com caracteres diferentes, fotos relacionadas a ela ou ao filme são invertidas, palavras são rabiscadas e termos são criados.

Em alguns casos, por exemplo, para citar “Nomadland” há um neologismo, em mandarim, construído a partir de nomes de personagens do longa, protagonizado por Frances McDormand, que venceu o Oscar de melhor atriz pelo trabalho.

Já o nome da premiação virou “Oskar”, em algumas postagens.

Antes de vencer o Oscar, Zhao chegou a ser elogiada pela imprensa estatal chinesa, mas virou alvo de críticas e ataques nas redes sociais quando viralizou uma entrevista de 2013, na qual ela critica o país e o define como um “lugar de mentiras espalhadas por toda parte”.

Em outra entrevista mais recente, Zhao, que há anos tem cidadania americana, teria dito que os Estados Unidos são, atualmente, o seu país. Mas após uma onda de críticas, o site australiano que publicou a entrevista fez uma correção, na qual afirma que a cineasta disse, na verdade, que os EUA “não são” o seu país.