Crítica: Minari | Oscar 2021
Longa norte-americano mas quase todo falado em coreano, “Minari” segue a vida de uma família…
Longa norte-americano mas quase todo falado em coreano, “Minari” segue a vida de uma família tentando se estabelecer no atual Estados Unidos. Um casal jovem que se mudou da Coréia do Sul para o país com sonhos, e o desejo impetuoso de construir uma vida melhor. Eles estavam na costa oeste até que Jacob (Steven Yeun) pega a esposa e os dois filhos e compra uma terra na zona rural do Arkansas, e segue o desejo pessoal de construir sua fazenda. Diante disso, Jacob arrisca a família, o casamento, as finanças e a estabilidade de sua família para alcançar o ‘sonho americano’ de ter uma vida estável, próspera e pacífica.
Dirigido por Lee Isaac Chung, “Minari” é uma obra sobre pertencer. Ao mostrar não apenas o contraste das duas culturas (coreana e norte-americana), o longa explora em seu pano de fundo uma realidade vivida por milhões de estrangeiros que saem de seu país natal rumo aos EUA na busca por melhores oportunidades. Mas chegando lá, se deparam com um país também marcado por problemas sociais e uma cultura religiosa muitas vezes radical e conservadora em suas regiões mais tradicionalistas.
Uma das coisas mais surpreendentes em “Minari” é a habilidade de fugir de alguns clichês que poderiam facilmente dominar a trama, como: usar os norte-americanos locais e religiosos como ‘vilões’, ou julgar o sistema como responsável pela dificuldade dos estrangeiros e outros aspectos políticos. Através da família de Jacob, “Minari” fala de cultura, imigração, pertencer, recomeços, família e aceitação.
Jacob é um sujeito que compartilha o orgulho de ser admirado pelos filhos e ser visto como alguém que conseguiu vencer e conquistar uma vida superior em comparação aos outros imigrantes coreanos. Já Mônica, a mãe, quer voltar à cidade grande e estar diante das reais oportunidades que se pode alcançar lá. Soonja, a vó, é a lembrança da cultura coreana e contraste dentro da casa. E as crianças David e Anne são os filhos que encaram a nova realidade como podem e estão no fogo cruzado entre os diferentes mundos.
O minari da história é uma verdura cujas sementes foram trazidas da Coréia pela vó Soonja (atuação magnífica de Youn Yuh-jung). Ela decide plantá-las perto da casa ao lado de um pequeno riacho. Nesta cena ela explica que a planta, bastante usada na culinária coreana, é ótima porque cresce em qualquer lugar. É adaptável e uma comida saudável que qualquer pessoa pode comer. Trazendo para a metáfora, o filme faz um paralelo ao dizer que não importa onde estejamos, somos capazes superar as adversidades, se adaptar e crescer.
“Minari” é um filme belíssimo. De uma sutileza impar e uma jornada cujos significados estão nos detalhes. É uma obra que para muitos será lenta, cansativa, e sim, melhor assistir com disposição e não de qualquer jeito com som baixo, ou distraído com celular. Particularmente, considero “Minari” um desses filmes que só cresce após sua finalização. Cada vez que pensamos na história, nos temas que aborda e em suas intenções, tudo só melhora e fica ainda mais emocionante. Recomendado!
Minari-EUA / 2020
Dirigido por: Lee Isaac Chung
Com: Steven Yeun, Yeri Han, Alan S. Kim…
Sinospe: Anos 80. David (Alan S. Kim), um menino coreano-americano de sete anos de idade, se depara com um novo ambiente e um modo de vida diferente quando seu pai, Jacob (Steven Yeun), muda sua família da costa oeste para a zona rural do Arkansas. Entediado com a nova rotina, David só começa a se adaptar com a chegada de sua vó. Enquanto isso, Jacob, decidido a criar uma fazenda em solo inexplorado, arrisca suas finanças, seu casamento e a estabilidade da família.