Crítica: MULHER-MARAVILHA 1984
Continuação até diverte, mas é bastante inferior ao primeiro filme. (crítica com spoilers!)
Após vários adiantamentos por causa da pandemia, já está nos cinemas pelo Brasil (aqui em Goiás nos cinemas de Aparecida de Goiânia) “Mulher-Maravilha 1984” com Gal Gadot, Chris Pine, Kristen Wiig e Pedro Pascau no elenco, além do retorno da diretora Patty Jenkins.
Antes de tudo quero dizer que nesta minha opinião não irei me ater aos problemas de continuidade com relação aos outros filmes da cronologia iniciada por Zack Snyder em “Homem de Aço” e que se seguiram até o problemático e tumultuoso “Liga da Justiça”, porque a DC/Warner aparentemente já jogou para o alto os planos de universo compartilhado e a cada filme segue um caminho independente. Portanto, a Mulher-Maravilha estar em atividade sendo que ela disse que havia sumido por 100 anos em “Batman V Superman”, ou ela aprender a voar aqui e nunca ter mostrado tal poder nos demais longas, são detalhes que não prejudicam em absolutamente nada este “Mulher-Maravilha 1984”. Incomoda aos mais puristas, mas não atrapalha.
O filme se passa nos anos oitenta e nos apresenta um artefato místico (uma pedra) forjado por um deus grego que possui o poder de conceder desejos. E como se passa nos anos 80, é claro que temos um vilão empresário megalomaníaco em busca da pedra e com anseio em dominar o mundo. Em meio a este conflito, surge outra personagem que descobre inesperadamente o poder da pedra, começa como amiga da protagonista, mas depois, por não querer perder os privilégios do objeto mágico se torna outra nêmesis da heroína.
“Mulher-Maravilha” lançado em 2017 foi um sucesso de público e crítica, fincou de vez Gal Gadot como A Mulher-Maravilha da nossa geração e trouxe sequências memoráveis que apenas o cinema é capaz de proporcionar. A cena da personagem nas trincheiras continua sendo um dos momentos heroicos mais belos e inesquecíveis do cinema de super-herói. Diante disto, é claro, uma continuação era inevitável e tanto Gadot quanto a diretora Patty Jenkins retornam às suas funções para este “Mulher-Maravilha 2” ou “Mulher-Maravilha 1984” (para deixar bem claro que o filme se passa bem antes de “Batman V Superman” e “Liga da Justiça”, Snyder Cut ou não).
Como é comum em continuações, este segundo filme é bem maior, mais caro e mais volumoso em escopo que o anterior. Isto pode ser um perigo principalmente quando se aumenta demais o conteúdo e se perde no equilíbrio narrativo, tornando tudo muito maior, e exagerado, porém, confuso e por vezes chato. “Mulher-Maravilha 1984” sofre deste problema, mas, por outro lado, continua magistral em construir a personalidade da personagem e torná-la uma heroína pura de coração e honesta em sua busca pelo bem (algo que faz falta diante de tantos heróis depressivos e problemáticos atualmente). Gal Gadot também ajuda bastante com o seu imenso carisma.
“Mulher-Maravilha 1984” não possui uma cena icônica e memorável como o filme anterior. Falta mais ação e aventura, e Patty Jenkins cria muita barriga em vários momentos. Aliás, devo dizer que há diversas cenas extremamente mal filmadas e editadas, com efeitos especiais vergonhosos à lá seriados da CW. A cena em que a Mulher-Maravilha aprende a voar é nitidamente um fundo verde e passa longe de ser convincente como, por exemplo, a cena do voo do Superman em “Homem de Aço”. É vergonhoso os péssimos efeitos digitais para os padrões do cinema atual.
Temos também uma sequência de luta péssima entre Diana e a vilã Mulher Leopardo no clímax. Além de bastante cura sendo impossível enxergar com nitidez as personagens e o que está acontecendo, a luta é rápida e um momento desperdiçado entre a heroína com uma de suas vilãs mais populares. A própria resolução do vilão principal é facilmente resolvida, e de um jeito pouco convincente – em minha opinião.
Apesar de todos os problemas, estranhamente, o filme tem seus méritos e há momentos divertidos. Bem com cara de quadrinho dos anos 40 e 50, o filme foca na esperança e no tom lúdico de um mundo ideal e perfeito. Chris Pine de volta como Steve Trevor diverte, e sua química com Gadot continua excelente – apesar do retorno do personagem ser estranho e moralmente discutível.
Detalhe: o filme nos apresenta um jato invisível!!! Uma referência nostálgica para quem assistia Super Amigos na televisão – e o melhor, tal referência é realizada de um jeito inteligente e plausível dentro da fantasia do filme.
Além, claro, da própria participação de Linda Carter (a Mulher-Maravilha original do seriado dos anos 70) em uma cena durante os créditos finais. Um momento que deu até vontade em vê-la novamente em ação, agora ao lado da própria Gal Gadot. Quem sabe o filme do The Flash que irá juntar universos diferentes não realiza tal desejo… Se vai ter o Batman do Michael Keaton com o do Ben Affleck juntos… Tudo é possível!
Dirigido por: Patty Jenkins
Com: Gal Gadot, Chris Pine, Pedro Pascal, Kristen Wiig…
Sinopse: Mulher-Maravilha 1984 acompanha Diana Prince/Mulher-Maravilha (Gal Gadot) em 1984, durante a Guerra Fria, entrando em conflito com dois grande inimigos – o empresário de mídia Maxwell Lord (Pedro Pascal) e a amiga que virou inimiga Barbara Minerva/Cheetah (Kristen Wiig) – enquanto se reúne com seu interesse amoroso Steve Trevor (Chris Pine).