Confira o que achamos de Chromatica, novo álbum de Lady Gaga
Demorou sete anos, mas Lady Gaga voltou ao pop. Estão felizes, Little Monsters? A cantora…
Demorou sete anos, mas Lady Gaga voltou ao pop. Estão felizes, Little Monsters? A cantora lançou, na madrugada desta sexta-feira (29), o disco Chromatica, o sexto da discografia, que traz um resgate ao dance do final da década de 1980 e início da década de 1990 e letras confessionais sobre feminismo, uso de antipsicóticos, corações partidos e baixa autoestima.
Sabe aquela história de que com limões se faz uma limonada? É o que acontece aqui. As melodias dançantes de Chromatica mascaram todo o sofrimento e as angústias de Lady Gaga em 13 faixas + três interludes: Chromatica I, II e III.
O disco mostra que música pop não precisa ser perfeitinha. Não precisa falar de amor. E não precisa falar sobre noites de diversão e bebedeira. Um bom álbum pop pode falar sobre transtornos mentais, sobre abuso de substâncias, pode te fazer refletir e te fazer dançar. Tudo ao mesmo tempo.
Vem, me dá sua mão
Não é à toa que a primeira faixa cantada do disco se chama Alice. Chromatica nos convida a buscar, junto com Gaga, um “País das Maravilhas”. É como se entrássemos em um mundo bem particular da cantora, que é obscuro, mas também cheio de brilho e dança.
Eu sei que é difícil de entender a priori. Mas talvez você entenda melhor nos parágrafos seguintes.
Logo em Alice, ela afirma perder noção do que pensa e não ter consciência do corpo, apenas da mente. Já em 911, uma das melhores faixas do disco, Gaga fala sobre a dependência de drogas para acalmar-se. “Meu maior inimigo sou eu / tomo um ‘SOS’ / e depois mais um”, canta. As duas faixas são embaladas por uma batida forte que poderia ser trilha de uma boate europeia.
Entendeu? E assim se segue.
Rain On Me, como analisamos no lançamento do clipe com Ariana Grande, fala sobre o abuso de bebidas alcoólicas de Lady Gaga: “Preferia estar na seca / Mas pelo menos estou viva”. E, em Sine From Above, parceria incrível com Elton John – parece estranho, mas, juro, é boa! – ela canta sobre “perder-se sob as luzes” da fama e “buscar um sinal divino”.
E, falando em parcerias, estes “personagens” convidados por Lady Gaga dão um toque especial ao disco e, de quebra, ampliam o leque de popularidade da cantora.
Com Ariana Grande e o grupo sulcoreano BLACKPINK, ela pode falar com um público mais jovem; enquanto com Elton John, ela fala com ouvintes mais velhos.
Dançando a gente supera
Todos os problemas são cantados sobre batidas dançantes que nos fazem voltar duas ou três décadas no tempo. Aliás, esta é uma forte tendência desde 2014, quando Taylor Swift lançou o aclamado 1989. De lá para cá, foram vários lançamentos “retrô-repaginados”: Emotion (Carly Rae Jepsen), After Hours (The Weeknd) e Future Nostalgia (Dua Lipa).
Este movimento, entretanto, não é inédito na carreira de Gaga. The Fame, primeiro disco da cantora, é uma ode à era disco. Born This Way bebe bastante da fonte da música noventista; e ARTPOP, da oitentista.
Aliás, Chromatica, musicalmente falando, pode ser facilmente descrito como um filho destes dois álbuns. Ele tem as letras profundas e melancólicas de Born This Way, mas a dissociação musical e experimental de ARTPOP.
A diferença é que o disco recém-lançado tem coesão.
Então, o que achamos de Chromatica?
Este não é o álbum mais inventivo de Lady Gaga. E não tem nenhuma faixa que possa unir todas as tribos, como fez Bad Romance e Poker Face. Mas é um divisor de águas na carreira da cantora pois marca o retorno dela ao gênero de onde ela nunca deveria ter saído.
A cantora, ao longo dos anos, provou ser uma artista mais do que completa. Tem uma das vozes mais potentes da indústria fonográfica, sabe compor, sabe tocar, canta e dança sem playback, tem presença de palco… E, recentemente, provou inclusive ser uma boa atriz em Nasce Uma Estrela, com direito a indicação ao Oscar.
Ela não tem mais que “se provar” para ninguém.
Gaga sabe, como poucos, fazer música capaz de agradar a crítica e o público. Sabe entregar performances inacreditáveis e, principalmente, sabe ser uma verdadeira artista. Inevitavelmente, todas essas características se convergem no pop. E é ali onde cantora brilha mais.
Seja bem-vinda de volta, Lady Gaga!