Crítica: 007 – Quantum of Solace (2008) – Especial James Bond
Filme começou a ser feito sem roteiro, foi abatido pela greve dos roteiristas de Hollywood e o resultado é algo feito as pressas apenas para aproveitar o sucesso de "Cassino Royale"
“007 – Quantum of Solace” é aquela resposta rápida do estúdio para um sucesso anterior. É uma continuação feita às pressas (menos de dois anos) após o lançamento de “Cassino Royale” e engata novamente Daniel Craig como o agente James Bond em uma trama de conspiração com empresários egocêntricos que almejam dominar cidades e controlar recursos. Uma típica história de 007, e até aí tudo bem. Faz parte!
Mas “Quantum of Solace” foi abatido pela Greve dos Roteiristas que começou em 2007 e prejudicou o andamento de muitas produções que já estavam em andamento, e até cancelou outras antes mesmo de ligarem as câmeras. De acordo com o próprio diretor Marc Forster, o roteiro não estava finalizado, o roteirista que tinham chamado para escrever a história entregou um rascunho, pegou o cheque e foi protestar fora do estúdio. Mas isto não justifica a qualidade inferior do longa, já que os próprios produtores do filme confessaram que escolheram iniciar as filmagens sem ter, adivinhem, um roteiro – o que prova a ganância de embalar o sucesso do filme anterior com outro logo em seguida.
Todos estes problemas refletem no resultado final de “Quantum of Solace”. Apesar de terem conseguido driblar quase toda a confusão e construir uma história, no mínimo, decente e entendível para uma aventura competente, um dos grandes problemas deste segundo filme, em minha opinião, não é o roteiro, e sim, a execução.
A trama começa instantes depois da última cena de “Cassino Royale” e o filme encerra um ciclo pessoal para Bond iniciado na obra anterior com a personagem de Eva Green (que morre afogada). Isso é bacana e entrega uma continuidade que pouco existia nos filmes antigos da franquia. Mas por outro lado, a ação de “Quantum of Solace” é o tendão de Aquiles de toda a obra.
O diretor Marc Forster é um sujeito talentoso que até então só tinha trabalhado em dramas como “Em Busca da Terra do Nunca” e “O Caçador de Pipas” (em 2013 ele faria o excepcional “Guerra Mundial Z”) e aqui ele estreia na direção de um filme grande de ação. O resultado são cenas exageradamente picotadas com cortes bruscos e rápidos que atrapalham nosso entendimento do que está acontecendo. Ao invés de empolgar, o resultado é muito cansativo. A câmera treme demais, os cortes são excessivos demais, e no fim, infelizmente, nada funciona.
Ainda bem que temos Daniel Craig que se mantém uma ótima escolha para o personagem. Bruto, violento e visceral, o ator entrega um Bond frenético e não menos charmoso. Além do imenso carisma que permanece. Graças a ele e aos demais atores, “Quantum of Solace” é uma aventura sólida, ainda que esquecível e a mais fraca dos filmes com Craig.
Quantum of Solace/REINO UNIDO, EUA – 2008
Dirigido por: Marc Forster
Com: Daniel Craig, Judi Dench, Olga Kurylenko, Mathieu Amalric…
Sinopse: James Bond (Daniel Craig) e M (Judi Dench) realizam o interrogatório do sr. White (Jesper Christensen), responsável pelos eventos do filme anterior da série. Porém uma traição faz com que White seja morto. Para investigar o caso Bond parte rumo ao Haiti, onde conhece Camille (Olga Kurylenko), uma bela e perigosa mulher que possui ligações com Dominic Greene (Mathieu Amalric). Greene tem planos para a Bolívia, incluindo a deposição do atual governo, o que faz com que Bond entre em seu caminho.