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Crítica: A Filha Perdida (2021) – Netflix

Longa-metragem marca a estreia na direção da atriz Maggie Gyllenhaal

(Foto: Reprodução/Netflix)

Adaptado do romance de Elena Ferrante lançado em 2016, “A Filha Perdida” – já disponível na Netflix -, é um filme tão cheio de nuances, simbolismos e sentimentos enraizados, que é um prato cheio para estudos e inúmeras interpretações. Em grande parte, interpretações que se relacionam ao papel da maternidade e como esta é encarada por quem a vive – tanto da maneira como é vista pela sociedade, quanto pelo próprio indivíduo em sua vida privada com as devidas responsabilidades.

Como homem sem filhos, me sinto incapaz de adentrar em tais interpretações ou suposições por não entender o peso da paternidade, e muito menos da maternidade, no mundo em que vivemos. É um filme que para mulheres, e acima de tudo mães, terá uma profundidade dramática muito maior e oportuna. Prefiro apenas observar e ouvir o que vocês, mulheres e mães, extraíram com a obra (saber calar também é sabedoria).

Mas entendo que a mulher em sociedade é desonestamente comparada com o homem, e subconscientemente, vista como alguém presente apenas para cuidar e servir. Em nível de responsabilidade com filhos, por exemplo, o casal deve compartilhar tarefas e funções em mútuo acordo e mesmo nível. Mas, repito: são temas tão profundos, e densos, que qualquer exposição neste texto será meramente superficial.

“A Filha Perdida” é a estreia na direção de Maggie Gyllenhaal (Batman – O Cavaleiro das Trevas), e a atriz se mostra extremamente segura de suas escolhas e intenções narrativas. O longa, em minha opinião, não atinge um grau de emoção marcante, ou possui um ritmo dos mais engajantes – talvez seja a falta de identificação com o tema e simbolismos já citados acima. Mas é inegável o domínio narrativo do roteiro, também escrito por Gyllenhaal, e sua direção que não teme em usar closes bem fechados em seus atores, ou o uso constante de uma câmera trêmula que salienta o mundo instável daqueles personagens.

Aliás, o elenco de “A Filha Perdida” é triunfal, principalmente Olivia Colman em um papel repleto de nuances e poucas falas. São olhares e gestos que resultam em uma performance poderosa. E o mesmo vale para Jessie Buckley, que interpreta a versão mais jovem (em flashbacks) da personagem de Colman.

The Lost Daughter/EUA – 2021

Dirigido por: Maggie Gyllenhaal

Com: Olivia Colman, Jessie Beckley, Dakota Johnson, Ed Harris, Peter Sarsgaard…

Sinopse: Em A Filha Perdida, Leda (Olivia Colman) é uma mulher de meia-idade divorciada, devotada para sua área acadêmica como uma professora de inglês e para suas filhas. Quando ambas as filhas decidem ir para o Canadá e ficarem com seu pai nas férias, Leda já antecipa sua rotina sozinha. Porém, apesar de se sentir envergonhada pela sensação de solitude, ela começa a se sentir mais leva e solta e decide, portanto, ir para uma cidade costeira na Itália. Porém, ao passar dos dias, Leda encontra uma família que por sua mera existência a faz lembrar de períodos difíceis e sacrifícios que teve de tomar como mãe. Uma história comovente de uma mulher que precisa se recuperar e confrontar o seu passado. 

LEFFEST '21 | The Lost Daughter, em análise | MHD