Cinema

Crítica: Adão Negro (2022)

“Adão Negro” é uma bagunça. E não uma bagunça gostosa de assistir. Não chega a…

“Adão Negro” é uma bagunça. E não uma bagunça gostosa de assistir. Não chega a ser horrível como o primeiro “Esquadrão Suicida” de 2016, ou patético como “Shazam!”, mas é aquele filme que promete demais durante o marketing mas na hora de entregar, o resultado é um pastiche sem imaginação que aposta em uma ação desenfreada para engajar o público, mas que também comprova que ação sem um mínimo de alma no roteiro não sustenta. Além de ser uma ação visualmente repetitiva que beira o cansativo.

O longa é um projeto de muitos anos de Dwayne Johnson. Algo que o ator já vêm trabalhando há bastante tempo e que faz questão de ressaltar em cada oportunidade que “Adão Negro” vai mudar os rumos da DC no cinema. Bem, me desculpe Dwayne, você é um cara bastante carismático e tal, mas “Adão Negro” está longe de alcançar um resultado minimamente empolgante. “Aquaman”, por exemplo, é também uma bagunça de ideias mas é um filme muito mais coeso que possui criatividade e ótimas cenas de ação, além de uma jornada pessoal do protagonista que faz o público se identificar. 

Já em “Adão Negro” o que temos para se apegar ao personagem é unicamente o carisma de Dwayne. Fora isso, o roteiro se contenta com uma resolução pobre de todos os personagens e nunca abraça de fato as nuances sombrias e conflitos pessoais de seu protagonista – e desperdiça uma trama interessante sobre ocupação norte-americana em países estrangeiros. Ao invés disso, o longa utiliza a ação e o espetáculo visual como muleta, e insiste em apostar no clichê da criança que irá influenciar de alguma maneira o herói. Mas nada se encaixa e o ator deste garoto é péssimo. E o que dizer da Sociedade da Justiça? Formado por personagens visualmente instigantes, o grupo é utilizado no texto sem um mínimo de sutileza, construção narrativa ou naturalidade. 

O roteiro é apressado e sem respiro e não consegue tornar Adão Negro um ser interessante que seja algo além dos músculos surpreendentes de Dwayne. São idas e vindas que não agregam e que só colaboram para uma duração desnecessariamente longa, e com cenas de ação, ressalto, repetitivas e sem criatividade. Não há um momento que fique na memória após o término do longa, já que tudo soa igual do início ao fim.

Infelizmente, “Adão Negro” é um filme padrão do gênero que apesar de não ser medíocre como os já citados “Esquadrão Suicida”, “Shazam” ou os mais antigos “Mulher-Gato” e “Batman & Robin”, por exemplo, ainda assim é um filme fraco e decepcionante que peca pelo excesso e desperdiça boas oportunidades. A cena durante os créditos consegue ser mais empolgante do que todo o filme – e só nos resta torcer para que a Warner também não erre com esta proposta.

Black Adam/EUA – 2022

Dirigido por: Jaume Collet-Serra

Com: Dwayne Johnson, Pierce Bronsnan, Aldis Hodge, Noah Centineo, Quintessa Swindell…

Sinopse: Adão Negro é o filme solo do anti-herói, baseado no personagem em quadrinhos Black Adam (Dwayne Johnson) da DC Comics, grande antagonista de Shazam!, tendo no longa, sua história de origem explorada, e revelando seu passado de escravo no país Kahndaq. Nascido no Egito Antigo, o anti-herói tem super força, velocidade, resistência, capacidade de voar e de disparar raios. Alter ego de Teth-Adam e filho do faraó Ramsés II, Adão Negro foi consumido por poderes mágicos e transformado em um feiticeiro. Grande inimigo de Shazam! nas HQs, apesar dele acreditar em seu pontecial e, inclusive, oferecê-lo como um guerreiro do bem, Adão Negro acaba usando suas habilidades especiais para o mal. O anti-herói em busca de redenção ou um herói que se tornou vilão, pode ser capaz de destruir tudo o que estiver pela frente – ou de encontrar seu caminho.