Especial

Crítica: Aquaman (2018) – Especial de Férias

Como já falei em outras ocasiões, o problema de alguns filmes da DC nunca foi…

Como já falei em outras ocasiões, o problema de alguns filmes da DC nunca foi a falta de humor. Os filmes de Christopher Nolan não são cômicos e exercem um efeito dramático empolgante e envolvente porque são bem escritos. Depois do sucesso da Marvel com o mundo integrado dos seus heróis, a DC/Warner decidiu seguir o mesmo caminho e dar início ao próprio universo compartilhado com “Homem de Aço”, em 2011. A recepção foi divisiva – particularmente, considero um filmaço -, e as continuações com “Batman vs. Superman”, “Esquadrão Suicida” e “Liga da Justiça” conseguiram desestabilizar ainda mais os planos da empresa e diminuir a empolgação do público. A esperança de algo fora da curva veio com “Mulher-Maravilha”, um filme decente que traz leveza aos filmes da DC e narra com maestria a trajetória da personagem.

Após o fracasso absoluto de “Liga da Justiça”, tanto de crítica quanto de público – o filme arrecadou meros US$ 657,9 nas bilheterias mundiais -, a DC fez questão de seguir com projetos que pouco se relacionavam com o padrão estético e narrativo estabelecido por Zack Snyder

“Aquaman” não tem nada a ver com o que já vimos da DC até hoje. O longa segue um caminho muito particular sem se importar com os exageros e cafonices do personagem. Pelo contrário, o filme abraça a zoeira, não se envergonha dos ridículos que antes eram motivo de piada e os usa com ironia e bastante avidez. Temos Aquaman conversando com peixe, em cima de um cavalo (ops, dragão) marinho, temos um polvo tocando tambores e por aí vai. Assumir o ridículo do personagem não prejudica o longa justamente porque o diretor James Wan o faz sem deixar de lado a diversão e o lado sério da trama. Tudo acontece dentro de um contexto surtado, com uma ação acelerada e magnificamente filmada, e tudo com coração e sensibilidade quando a história requer.

Mas há problemas narrativos e eles são vários. Existe uma mudança de gênero abrupta esquisita em vários momentos. O filme está tenso, dramático, e de imediato entra em uma sequência melodramática, depois muda bruscamente para cenas de aventura e comédia, instantes seguintes para momentos à la Baywatch ou de uma comédia romântica cafona com musiquinha boba ao fundo e os personagens em situações vergonhosas – a cena de Mera, Aquaman e um buquê de rosas é impagável. No entanto, como disse anteriormente, o filme assume tão escancaradamente o ridículo que o resultado de toda esta bagunça é justamente a diversão. É uma mistura deliciosa de “Indiana Jones”, “Velozes e Furiosos”, “Avatar”, “Tudo Por Uma Esmeralda” mas sem deixar de escanteio a personalidade do próprio do filme. É cafona, é bobinho, mas as cenas de ação são tão boas e os atores abraçam com tanta vontade estas características do universo que é fácil embarcar na aventura e relevar os problemas.

Jason Momoa é perfeito como Arthur Cury/Aquaman. Ainda mais à vontade no papel do que nos filmes anteriores em que apareceu como o personagem, Momoa tem carisma de sobra e sua personificação brutamonte do herói combina com a proposta apresentada. Só a relação com Mera não convence, é forçada e a péssima Amber Heard não ajuda.

“Aquaman” é surtado. É uma mistura louca de intenções e um aglomerado de acontecimentos que, se cansa em alguns momentos pelo excesso de informação, acerta em outros por não ter medo de assumir o visual estrambólico e o estilo kitsch que vêm da concepção do próprio personagem. E tudo feito com bastante diversão e megalomania. Um filme que foge completamente do que a DC já mostrou até então e merece o devido reconhecimento. 

Aquaman/EUA – 2018

Dirigido por: James Wan

Com: Jason Momoa, Patrick Wilson, Willem Dafoe, Amber Heard, Nicole Kidman, Dolph Lundgren…

Sinopse: Em Aquaman, filho do humano Tom Curry (Temuera Morrison) com a atlante Atlanna (Nicole Kidman), Arthur Curry (Jason Momoa) cresce com a vivência de um humano e as capacidades metahumanas de um atlante. Quando seu irmão Orm (Patrick Wilson) deseja se tornar o Mestre dos Oceanos, subjugando os demais reinos aquáticos para que possa atacar a superfície, cabe a Arthur a tarefa de impedir a guerra iminente. Para tanto, ele recebe a ajuda de Mera (Amber Heard), princesa de um dos reinos, e o apoio de Vulko (Willem Dafoe), que o treinou secretamente desde a adolescência.