Especial

Crítica: Assassinato no Expresso do Oriente (2017) – Especial de Férias

Longa-metragem está disponível para assistir no STAR+

(Foto: 20th Century Studios)

Nem Edgar Allan Poe ou Sir. Arthur Conan Doyle, com seu Sherlock Holmes, conseguiram alcançar o sucesso de vendas da escritora inglesa Agatha Christie, considerada por muitos a rainha do crime na literatura e que já vendeu mais de 2 bilhões de livros. Christie escreveu 70 livros e alguns outros contos, e todos eles, compartilham o interesse da autora por tramas investigativas cheias de mistério e assassinato. Ela criou Hercule Poirot – detetive preciso, minucioso, detalhista, famoso pelo bigode singular e cheio de manias – que foi protagonista de muitas de suas histórias.

Confesso que não sou leitor voraz de Christie e estou em débito com muitos de seus livros – e um deles é justamente o material de partida para este “Assassinato no Expresso do Oriente”. Em quesito tramas de aventura investigativas, Conan Doyle e Allan Poe me conquistam com mais facilidade. O filme, assim como outras tramas de Christie, lambra bastante aquele jogo de tabuleiro chamado “Detetive”, onde você precisava descobrir quem é o assassino na mansão. A sensação do desconhecido em uma trama como esta, e principalmente, em descobrir gradativamente as pistas juntamente com o detetive Poirot, torna a experiência de assistir “Assassinato no Expresso no Oriente” muito mais envolvente. Sem falar enigmática.

O roteiro de Michael Green é feliz ao conseguir introduzir sem rodeios cada um dos diversos personagens, e explorar os estereótipos de cada um. Aliás, “Assassinato no Expresso do Oriente” se sustenta em tais características para construir a teia do suspense. É como o jogo “Detetive” com seus tipos como “o jardineiro”, “a empregada” e por aí vai. Isto serve também para colocar o filme em posição cartunesca. A obra não possui a profundidade – e densidade – de um “Seven – Sete Crimes Capitais” ou “Zodíaco”, por exemplo, pelo contrário, sua intenção é divertir – como as aventuras de Sherlock Holmes, por assim dizer. Uma trama com tantos personagens estereotipados abre o leque para brincar de “quem é o suspeito?” com o público. A sensação, repito, é de estar jogando “Detetive”.

Como aconteceu no filme de 1974, que também tinha astros daquela geração, Branagh faz o mesmo ao chamar nomes de peso do cinema atual. Em um filme como este, cheio de mistério e personagens singulares em suas características, um ator famoso colabora na identificação com público. Chamar nomes como Judi Dench, Michelle Pfeiffer, Johnny Depp, Daisy Ridley, Willem Defoe, Penelope Cruz, Josh Gad e Derek Jacobi torna “Assassinato no Expresso do Oriente” muito mais charmoso e instigante – o sucesso do filme pelo mundo só comprova a teoria.

No entanto, apesar do ótimo elenco, quem rouba a cena é, sem dúvida, o próprio Kenneth Branagh na pele do detetive Hercule Poirot. Aquele que poderia ser o mais insuportável torna-se o mais interessante de acompanhar. Como Sherlock, Poirot é excelente na dedução e tem suas manias peculiares que são tratadas com sutileza e humor por Branagh. Ao fim da projeção, queremos mais aventuras com Poirot. Um filme ótimo de assistir que diverte do início ao fim. 

Murder at the Orient Express-EUA

Ano: 2017 – Dirigido por: Kenneth Branagh

Elenco: Kenneth Branagh, Johnny Depp, Josh Gad, Judi Dench…

Sinopse: O detetive Hercule Poirot (Kenneth Branagh) embarca de última hora no trem Expresso do Oriente, graças à amizade que possui com Bouc (Tom Bateman), que coordena a viagem. Já a bordo, ele conhece os demais passageiros e resiste à insistente aproximação de Edward Ratchett (Johnny Depp), que deseja contratá-lo para ser seu segurança particular. Na noite seguinte, Ratchett é morto em seu vagão. Com a viagem momentaneamente interrompida devido a uma nevasca que fez com que o trem descarrilhasse, Bouc convence Poirot para que use suas habilidades dedutivas de forma a desvendar o crime cometido. 

Murder on the Orient Express | 20th Century Studios