Crítica: ‘Batman’ (2022) – Especial Batman 85 anos
Longa-metragem foi dirigido por Matt Reeves
Vamos tirar o elefante da sala: este “Batman” com Robert Pattinson vai desagradar quem espera um filme com muita ação como foram as iterações anteriores do personagem. Não temos isso aqui. “Batman”, ou “The Batman” no original, é um noir investigativo de ponta a ponta e uma obra totalmente centrada nas nuances e resoluções investigativas da caçada à um assassino. Se não têm paciência para filmes do estilo, não precisa arriscar.
Inspirado por “O Longo Dia das Bruxas” (uma das graphic novels mais populares do Homem-Morcego), e em filmes clássicos como “Chinatown”, “Operação França”, “Seven – Sete Crimes Capitais” e “Zodíaco”, o diretor Matt Reeves foge totalmente do que já foi feito antes. Com mais de 80 anos de existência, Batman é o super-herói com maior capacidade de renovação. Reeves comprova a longevidade do personagem e suas qualidades de se reinventar a cada nova adaptação. Tim Burton criou o seu gótico fantástico, Joel Schumacher uma fantasia cartoonesca e colorida, Christopher Nolan um thriller de ação policial realista e intenso, e Zack Snyder inseriu o personagem em um mundo de deuses e monstros.
Desta vez, Reeves abraça o lado investigativo do personagem e constrói não apenas um filme mais lento – porém, cheia de propósito e intenções claras – como também apresenta o Bruce Wayne mais angustiado e dramático até hoje. Pattinson encarna um sujeito sem tempo para vida social, sem felicidade e extremamente machucado pelo passado que o atormenta. E quando segredos nada favoráveis sobre sua família aparecem, a reclusão e a figura do Batman se tornam o único refúgio.
A direção de Reeves é claustrofóbica. A direção de arte é densa e possui um escuro que causa angústia e sofrimento, e Reeves frequentemente opta por cenas desfocadas ou takes estáticos, bem fechados nos personagens e borrados ao fundo.
O elenco é formidável. Pattinson convence como um personagem amargurado e sem esperança (ainda que engessado e monótono), mas carregado de ódio e vingança (um tema importante para o amadurecimento do protagonista). E atores como Andy Serkis, Zoë Kravitz, John Turturro, Jeffrey Wright e Peter Sarsgaard brilham em seus respectivos papéis. Mas preciso fazer dois destaques: Colin Farrell como Pinguim é uma maravilha inesquecível, e o ator não apenas transmite com maestria o lado bufão do personagem, como também suas ambições criminosas no submundo de Gotham (além da maquiagem excepcional). E Paul Dano como Charada é uma força da natureza que carrega tensão, medo e imprevisibilidade.
Repito: se você quer um filme do Batman cheio de ação e aventura no estilo dos quadrinhos, sugiro que fique com os filmes anteriores. Este “Batman” de Matt Reeves tem outra proposta – ousada até para um personagem tão comercial e popular -, e carregada de estilos singulares e visualmente belíssimos. Por um lado, o filme carece de momentos de ação marcantes que ajudem na escalada da empolgação (algo que Nolan fez com primor em sua trilogia). Mas esta é a grandeza de um personagem como o Batman: ter a capacidade de ser reinventado em estilos completamente diferentes, mas sem perder a essência do que é o personagem. Mais uma vez, a DC sai da zona de conforto e entrega outro filmaço.
The Batman/EUA – 2022
Dirigido por: Matt Reeves
Com: Robert Pattinson, Zoë Kravitz, Paul Dano, Jeffrey Wright, John Turturro, Colin Farrell, Andy Serkis…
Sinopse: Batman (The Batman, no original) segue o segundo ano de Bruce Wayne (Robert Pattinson) como o herói de Gotham, causando medo nos corações dos criminosos, levando-o para as sombras de Gotham City. Com apenas alguns aliados de confiança – Alfred Pennyworth (Andy Serkis) e o tenente James Gordon (Jeffrey Wright) – entre a rede corrupta de funcionários e figuras importantes da cidade, o vigilante solitário se estabeleceu como a única personificação da vingança entre seus concidadãos. Mas em uma de suas investigações, Bruce acaba envolvendo o Comissário Gordon e ele mesmo em um jogo de gato e rato ao investigar uma série de maquinações sádicas, uma trilha de pistas enigmáticas, revelando que Charada estava por trás disso tudo. Porém, a investigação acaba o levando a descobrir uma onda de corrupção que envolve o nome de sua família, pondo em risco sua própria integridade e as memórias que tinha sobre seu pai, Thomas Wayne. Conforme as evidências começam a chegar mais perto de casa e a escala dos planos do perpetrador se torna clara, Batman deve forjar novos relacionamentos, desmascarar o culpado e fazer justiça ao abuso de poder e à corrupção que há muito tempo assola Gotham City.