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Crítica: Bumblebee (2018) – Especial de Férias

O diretor Travis Knight – que só tinha dirigido até aqui a ótima animação “Kubo…

O diretor Travis Knight – que só tinha dirigido até aqui a ótima animação “Kubo e as Cordas Mágicas”– é uma dessas crias dos anos 80, e ao dizer em uma entrevista que este seu “Bumblebee” é regido pelo clássico “E.T – O Extraterrestre” de Steven Spielberg, Travis não apenas define o tom de sua aventura – tanto que a trama se passa nos anos oitenta -, como lhe dá liberdade para fugir da megalomania e confusão dos cinco filmes de “Transformers” dirigidos por Michael Bay.

Os anos 80 foram, sem dúvida, a década que influenciou em definitivo o cinema atual. Muito da cultura pop consumida hoje provém deste período que teve nomes poderosos como Spielberg, George Lucas, John Carpenter, Robert Zemeckis e tantos outros responsáveis por moldar o gosto pela aventura de uma geração, que em sua maioria, é o braço trabalhador da atual Hollywood.

“Bumblebee” é a versão com robôs gigantes de “E.T”, e isto não é ruim. A trama é de uma simplicidade impar, não há exageros pirotécnicos ou dominações em escala mundial como existe nos filmes de Bay. Aqui, acompanhamos a chegada de Bumblebee a Terra, presenciamos como ele perdeu a voz e o que aconteceu consigo antes de se encontrar com o garoto Shia LaBeouf no primeiro “Transformers“. Aqui, ele conhece esta garotinha chamada Charlie (Hailee Steinfeld) e ambos viram amigos inseparáveis, mas precisam fugir de dois Decepticons em seu encalço juntamente com a ajuda dos militares, e tudo é contado com dinamismo, simplicidade e muito humor e aventura. Tudo muito leve e gostoso de assistir.

Pela primeira vez, em minha opinião, temos um filme de “Transformers” onde entendemos o que acontece nas cenas de ação. Travis pega inspiração em Spielberg e não exagera nos cortes, é um diretor preciso no ritmo e sabe deixar a câmera seguir os personagens sem causar tontura ou cansaço como acontece nos longas-metragens de Michael Bay. Esta foi a primeira vez em que realmente senti como se estivesse brincando com os brinquedos da Hasbro ou assistindo a série de TV icônica que era transmitida na televisão quando criança.

Mas além da ação boa e empolgante, ela só funciona porque Travis desenvolve com profundidade a relação de seus personagens. A química entre Charlie e Bumblebee é contagiante e o coração do filme. É uma relação de Elliot e E.T, de fato, e o roteiro explora sem exageros, ou cenas piegas, esta amizade improvável entre um ser humano e um robô alienígena. Tanto que os melhores momentos do longa são justamente aqueles que envolvem a dinâmica entre os dois protagonistas.

Nunca pensei que após cinco filmes péssimos de “Transformers” (em minha opinião), eu ia desejar assistir outros filmes da franquia com este estilo de matinê apresentado em “Bumblebee”. A solução mesmo era tirar Michael Bay e deixar outros diretores mais talentosos, como Travis Knight, trazer frescor e imaginação a um mundo de fantasia rico e cheio de diversão. Recomendado!

Bumblebee-EUA

Ano: 2018 – Dirigido por: Travis Knight

Elenco: Hailee Steinfeld, John Cena, Jorge Lendeborg Jr.

Sinopse: 1987. Refugiado num ferro-velho numa pequena cidade praiana da Califórnia, Bumblebee, um fusca amarelo aos pedaços, machucado e sem condição de uso, é encontrado e consertado pela jovem Charlie (Hailee Steinfeld), às vésperas de completar 18 anos. Só quando Bee ganha vida ela enfim nota que seu novo amigo é bem mais do que um simples automóvel.