Crítica: Casa Gucci (2021)
Dirigido por RIdley Scott, filme é estrelado por Lady Gaga, Adam Driver, Jared Leto, Al Pacino e Jeremy Irons
Dirigido por Ridley Scott e com roteiro de Becky Johnston e Roberto Bentivegna (adaptado do livro de Sara Gay Forden), “Casa Gucci” é baseado em uma dessas histórias típicas de poder, controle, ciúmes e desejo que vai acabar em tragédia. Não quero entregar o jogo aqui porque muita gente não conhece o casamento conturbado de Mauricio Gucci (Adam Driver) e Patrizia Reggiani (Lady Gaga), nem também os bastidores de uma das maiores marcas de moda do mundo, e que na época era um negócio familiar poderoso (e se envolve família, vamos ter muitas brigas e desavenças – a série “Succession” não me deixa mentir).
Mas “Casa Gucci” é um material estranho que nunca encontra o seu tom. E grande parte deste problema não é o elenco ora caricato com seus sotaques ‘italianos’ que mudam constantemente, e parecem mais uma reprodução cômica do idioma do que, necessariamente, algo fidedigno. O problema é o diretor Ridley Scott e sua falta de foco no que deseja fazer com o filme que passeia por intenções diferentes ao longo da narrativa e não se define nem como uma paródia dramática do mundo da moda e das pessoas ricas, ou um drama sério sobre personagens tragados pelo próprio ego e desejo de poder. Ao fim, se o filme assumisse, de fato, sua ironia e exageros o resultado combinaria com a caricatura do elenco e teríamos uma comédia de humor negro ácida e cínica desse universo.
Voltando ao elenco: Lady Gaga é a força da natureza que movimenta o filme. Além de sua presença cênica marcante, ela é a personagem que vai protagonizar as emoções e transformações mais radicais e trágicas da narrativa – mas sem deixar de lado o entendimento cafona e sensacionalista de sua personagem. O mesmo vale para Jared Leto como Paolo Gucci, filho do presidente da Gucci, Aldo (Al Pacino). Paolo é aquele sujeito cheio de sonhos e ambições mas sem nenhum talento na área e constantemente ridicularizado pela família. Leto é o mais exagerado do elenco e não economiza no ‘italianês’ estridente e forçado, nem na comicidade de seu personagem (uma vergonha alheia super divertida!). Adam Driver, Pacino e Jeremy Irons são até mais contidos, mas entendem o potencial novelesco da história.
Geralmente, filmes baseados em histórias reais não são totalmente imparciais ou 100% corretos em sua reconstrução da história. Sempre vai ter alguém que não vai gostar (neste caso, os descendentes da família Gucci). É algo normal e faz parte do jogo, principalmente por se tratar de uma história pública que ganhou os tabloides do mundo todo. Mas se o filme tivesse abraçado totalmente esse potencial novelesco de seu material, “Casa Gucci” poderia ser uma crítica bem mais criativa e cheia de ironia sobre ricos e suas vidas de aparência, e casamentos de aparência, e mentiras para derrubar as pessoas e assumir o poder. Claro que “Casa Gucci” é uma versão de uma história real, e talvez muita coisa não tenha acontecido exatamente como foi mostrado aqui, mas é um filme de ficção e não documentário, portanto, ainda que assuma um lado diante da história, que seja ao menos bem definido e direcionado, e não uma salada de gêneros.
No entanto, por causa do elenco super caricato e exagerado (destaque para Gaga e Leto), confesso que apesar dos problemas, me diverti com “Casa Gucci”.
House of Gucci/EUA – 2021
Dirigido por: Ridley Scott
Com: Lady Gaga, Adam Driver, Jared Leto, Al Pacino, Jeremy Irons…
Sinopse: Casa Gucci é baseado na história de Patrizia Reggiani, ex-mulher de Maurizio Gucci, membro da família fundadora da marca italiana Gucci. Patrizia conspirou para matar o marido em 1995, contratando um matador de aluguel e outras três pessoas, incluindo o terapeuta. Ela foi considerada culpada e condenada a 29 anos de prisão. Quase 3 décadas de amor, traição, decadência, vingança e assassinato, o filme revela a importância e poder que o nome Gucci carrega e o quanto a família faz para ter o controle.