Crítica: Cry Macho – O Caminho Para a Redenção (2021)
Com 91 anos e ainda dirigindo, produzindo e atuando, o esforço de Eastwood é a maior inspiração de "Cry Macho"
Aos 91 anos, Clint Eastwood é um sujeito que não para. Frequente como diretor e produtor e um pouco menos como ator nos últimos anos, após estrelar “A Mula” em 2018 ele retorna à atuação, direção e produção com este drama intitulado “Cry Macho – O Caminho Para a Redenção”. É de se admirar e tirar o chapéu principalmente por se tratar de um dos maiores ícones do cinema vivos atualmente, e que não precisaria se envolver com os percalços de uma produção cinematográfica. Mas quando se ama o que faz o trabalho se torna prazer – dizem.
A história de “Cry Macho” é simples. Eastwood é Mike Milo, um ex-astro de rodeio e criador de animais que vive sua vida pacata sem grandes ambições. Em dívida com um amigo, ele aceitar o trabalho de ir ao México para trazer Rafael, o filho adolescente do sujeito, de volta para o Texas e longe da mãe problemática. A dupla irá encarar uma jornada desafiadora, com capangas da mãe do menino no encalço e a descoberta de nuances da vida há muito tempo perdidas e que serão restauradas em uma cidadezinha pequena.
O filme possui o estilo sempre calmo de direção de Eastwood, sem exageros de cortes e sequências que valorizam as atuações. A história irá trabalhar não somente a redenção de um personagem sempre viril, másculo e imponente, um macho de acordo com os padrões criados, mas também a própria imagem de Eastwood que sempre foi o símbolo destas características, encarnando ao longo da carreira personagens destemidos e de poucas palavras, valentes e imbuídos de uma indômita atitude sem medo das consequências. Mas aqui nada disso faz, de fato, um homem, um macho, pelo contrário, é exercer o companheirismo, a empatia, o altruísmo e o respeito mútuo que colaboram para ser alguém realmente notável.
Apesar de todos os esforços admiráveis de Eastwood e uma história com temas promissores, falta a “Cry Macho” uma faísca necessária para elevar o filme a outro patamar. Tudo é passivo demais, contemplativo demais e sem algo que crie tensões que colaborem para conflitos mais imprevisíveis e instigantes. Todas as vezes em que o filme flerta com algo em potencial para quebrar a monotonia, ele recua e se mantém imutável. Parece que nenhuma das partes se concluem e tudo fica pelo caminho.
“Cry Macho” não possui o crescimento e impacto emocional de obras como “Menina de Ouro”, “Sobre Meninos e Lobos” ou “Gran Torino”, por exemplo, e, infelizmente, se mostra um dos filmes menos emocionantes e intrigantes de Clint Eastwood. Mas vê-lo com 91 anos na ativa é tão revigorante e inspirador que este acaba sendo o maior atrativo do filme.
Cry Macho/EUA – 2021
Dirigido por: Clint Eastwood
Com: Clint Eastwood, Eduardo Minett, Natalia Traven…
Sinopse: Cry Macho – O Caminho Para a Redenção conta a história de Mike Milo (Clint Eastwood), um ex-astro de rodeio e criador de cavalos fracassado, que, em 1979, aceita uma proposta de trabalho de um ex-chefe para trazer Rafa (Eduardo Minett), o jovem filho desse homem, de volta do México para casa. A dupla improvável enfrenta uma jornada inesperadamente desafiadora, durante a qual o cavaleiro cansado do mundo pode encontrar seu próprio senso de redenção ensinando ao menino o que significa ser um bom homem.