Crítica: Eternos (2021)
Eu discordo de todas as críticas sobre “Eternos” quando afirmam que o filme não possui…
Eu discordo de todas as críticas sobre “Eternos” quando afirmam que o filme não possui a identidade da diretora Chloé Zhao. A ganhadora do Oscar por seu trabalho na direção e produção de “Nomadland” possui muita influência não somente no estilo de condução da história, como também no aspecto de filmagem do projeto.
Zhao sempre foi do cinema independente e em todos os seus trabalhos, seja em “Domando o Destino” ou em “Nomadland”, ela filma com estilo documental e busca destrinchar com contemplação e sem pressa a vida de pessoas reclusas que vivem à margem de uma sociedade cheia de intempéries. Em “Eternos” pode não existir totalmente a câmera documental devido às proporções milionárias do projeto, mas há, sem dúvida, a contemplação constante, personagens grandiosos mas reclusos e o ritmo lento de uma diretora sem pressa, ou interesse, no espetáculo visual dos efeitos visuais.
Não é de hoje que a Marvel contrata diretores de filmes menores para ingressar em suas produções milionárias. Seja Jon Favreau com o primeiro “Homem de Ferro”, ou James Gunn com “Guardiões da Galáxia”, ou até os irmãos Anthony e Joe Russo com “Capitão América – O Soldado Invernal” e posteriormente com “Guerra Civil”, “Guerra Infinita” e “Ultimato”. Todos diretores que antes tinham trabalhado apenas em filmes baratos, ou séries de comédia ou em projetos puramente independentes sem o teor grandioso de uma obra de super-herói. Mas todos conseguiram surpreender ao trazer personalidade, ritmo e intenções narrativas que se moldaram à escala do filme e entregaram espetáculos memoráveis, não somente visuais mas também emocionais. Nem sempre este casamento da certo, e há momentos onde diretores independentes não conseguem se desabrochar dentro de uma grande produção e o resultado é, simplesmente, algo sem personalidade como “Capitã Marvel”, por exemplo. É o caso de Chloé Zhao.
Ao mesmo em que Zhao consegue imprimir suas contemplações e visual por vezes bucólico demais, por outro lado ela desperdiça oportunidades de tornar “Eternos” um filme épico com mais ritmo e resoluções menos arrastadas. A história deste grupo de imortais e todo o drama que envolve suas motivações e intenções chega a funcionar de início, mas perde impacto quando isto se arrasta repetidas vezes e pouco saí do lugar. Depois de “Vingadores: Ultimato”, “Eternos” é o mais longo filme da Marvel e isso não é bom.
Longo, repetitivo, novelesco demais e pouco pulsante para um projeto com tal magnitude , “Eternos” não entrega o casamento perfeito entre o cinema de autor com o cinema de aventura essencial para prender o público e empolgar. Tem qualidades e Zhao, sem dúvida, tem interesse em seus personagens e histórias, mas muito pouca criatividade com características que precisam existir em filmes do gênero. Se existe um bom sonífero, “Eternos” está mais do que recomendado.
Eternals/2021 – EUA
Ano: 2021
Dirigido por: Chloé Zhao
Com: Salma Hatek, Angelina Jolie, Kit Harington, Richard Madden, Gemma Chan, Don Lee, Kumail Nanjiani,
Sinopse: Originários dos primeiros seres a terem habitado a Terra, Os Eternos fazem parte de uma raça modificada geneticamente pelos deuses espaciais conhecidos como Celestiais. Dotados de características como imortalidade e manipulação de energia cósmica, eles são frutos de experiências fracassadas de seus próprios criadores, que também foram responsáveis por gerar os Deviantes, seus principais inimigos.