Crítica: Extraordinário (2017) – Especial de Férias
Há filmes cuja intenção é nos fazer rir (comédia). Já outros buscam nos empolgar através…
Há filmes cuja intenção é nos fazer rir (comédia). Já outros buscam nos empolgar através de explosões e correria (ação). E há aqueles que são idealizados e construídos, segundo após segundo, para nos fazer chorar. O drama, em sua essência, traz uma ideia subentendida de algo triste e emocionante. Mas em meio aos dramas, existem filmes que não fazem questão de esconder sua intenção resoluta de levar o público às lágrimas. Não vejo problema nisso. Alguns críticos usam esta característica para falar mal do projeto – como, por exemplo, aconteceu com “Cavalo de Guerra” de Steven Spielberg, mas que considero maravilhoso. Quando bem feito, e com o uso correto do melodrama, o resultado são obras singelas e tocantes como este “Extraordinário”, que encontra na simplicidade de sua história momentos poderosos que conquistam em absoluto o público.
“Extraordinário” possui um pouco de cada elemento dos intitulados “filmes de chorar”. A trama central é a história de um menino com deformidade que precisa ir para a escola e enfrentar o bullying. Mas também tem o momento triste com o cachorro, ou a irmã mais velha relegada ao escanteio por causa da deformidade do irmão – e que suga toda a atenção dos pais -, a amiga da família que se afasta por problemas de autoestima e outros núcleos narrativos que compõem o roteiro de Steve Conrad, Jack Thorne e do próprio diretor, Stephen Chbosky – que adapta o livro homônimo escrito pela norte-americana R. J Palacio.
A direção de Chbosky – do excelente “As Vantagens de Ser Invisível” – faz o essencial em favor da narrativa para conseguir obter as lágrimas almejadas do público. É delicada, sutil e o roteiro é tão suave na concepção dos conflitos, que se não é imprevisível, consegue ser eficiente ao tornar os personagens interessantes. O elenco também é ótimo. Jacob Tremblay – magistral no ótimo “O Quarto de Jack” – é um gigante em cena e se não escolher os caminhos errados, tem tudo para ser um dos grandes nomes de Hollywood, já que talento e carisma possui em abundância. O mesmo para os veteranos Julia Roberts (a mãe) e Owen Wilson (o pai) – um deleite juntos.
“Extraordinário” é o básico feito com maestria e coração. Não é um filme para mudar paradigmas ou concorrer ao Oscar do ano. Mas é uma obra nitidamente realizada com carinho, amor e sinceridade. É o tipo de filme que precisamos assistir de vez em quando. Necessário para nos lembrar da importância de valorizar quem amamos e mantê-los por perto. O extraordinário aqui é o simples fato de existir e ter a oportunidade de amar, de estar junto e passar pelas dificuldades com quem nos valoriza e não nos julga pela aparência. Infelizmente, o mundo tem perdido este extraordinário. E por causa disso, “Extraordinário” é extraordinariamente essencial para todos aqueles que se dizem seres humanos.
Wonder-EUA
Ano: 2017 – Dirigido por: Stephen Chbosky
Elenco: Jaboc Tremblay, Julia Roberts, Owen Wilson, Izabela Vidovic, Mark Dozlaw…
Sinopse: Auggie Pullman (Jacob Tremblay) é um garoto que nasceu com uma deformação facial, o que fez com que passasse por 27 cirurgias plásticas. Aos 10 anos, ele pela primeira vez frequentará uma escola regular, como qualquer outra criança. Lá, precisa lidar com a sensação constante de ser sempre observado e avaliado por todos à sua volta.