SEM SPOILERS

Crítica: ‘Tempo’ é a mais nova estranheza de M. Night Shyamalan

Existem filmes que dividem a opinião do público, que fica meio em dúvida se gosta…

Existem filmes que dividem a opinião do público, que fica meio em dúvida se gosta ou não daquela produção. E existem os do diretor M. Night Shyamalan, que são amados ou adiados. O filme ‘Tempo‘ (Old, 2021), em cartaz nos cinemas, é a nova esquisitice do cineasta indiano, cujo nome despontou como uma grande aposta em 1999, ao comandar o clássico ‘O Sexto Sentido‘.

De lá para cá muita coisa aconteceu. Shyamalan ainda dirigiu o elogiado ‘Corpo Fechado‘ (2000), e os já não tão elogiados ‘Sinais’ (2002) e ‘A Vila‘ (2004). Mas foi com ‘O Último Mestre do Ar‘ (2010) que o diretor ficou com o nome sujo em Hollywood. A versão cinematográfica da animação de sucesso ‘Avatar: A lenda de Aang‘, tem apenas 5% de aprovação no agregador de críticas Rotten Tomatoes e é motivo de piada até hoje. Até o protagonista, Dev Patel, disse recentemente que o filme foi um dos piores em que trabalhou.

A mente fértil de M. Night Shyamalan ainda fez o razoável ‘A Visita‘ (2015), o sucesso de público ‘Fragmentado’ (2016) e a continuação ‘Vidro’ (2019), por exemplo. Todos no currículo do diretor carregam uma “estranheza” particular. Neste ponto, ‘Tempo’ não fica atrás.

O filme conta a história de uma família que viaja até uma praia paradisíaca para curtir as férias de verão. Contudo, que seria relaxamento se transforma em um pesadelo quando percebem que no local o tempo passa mais rápido e, se permanecerem ali, logo estarão mortos.

Assista ao trailer do filme Tempo:

TEMPO | Trailer Legendado

Tempo’ é um bom suspense que vai na contramão de sustos fáceis ou cenas gráficas em demasia. Seguindo a onda de ‘Midsommar’ (2019), grande parte do filme se passa durante o dia, com o sol a pino, com uma bela e mortal praia como plano de fundo.

Como se fosse um teste social sobre diferentes estereótipos, aqui os personagens em determinado ponto do longa lembram até ‘O Nevoeiro‘ (2009). Nesta obra, diversos tipos estão presos em um supermercado e cercados pelo tal nevoeiro – e por monstros. Na praia, temos um médico, um rapper, uma psicóloga, um enfermeiro, crianças, entre outros arquétipos. Só faltou o religioso.

Além de analisar as características comportamentais de cada um, ainda sobra ‘tempo’ para um drama familiar aqui e ali.

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Qual o veredito?

Toda a reflexão proposta por Shyamalan sobre a questão do tempo e de aproveitarmos o presente soa clichê, mas funciona. Algumas cenas chegam até a beirar o drama. Quando as doenças são usadas como artifício para a construção do terror, paramos para pensar que, de certa forma, todos nós vivemos naquela praia isolada.

Tempo‘ estimula a criatividade de quem está assistindo. Muitas vezes temos que imaginar o que está acontecendo, pois a câmera está em outro foco. Ao apresentar um cadáver, por exemplo, nosso ponto de vista é de dentro para fora. Imaginamos o estado do corpo em decomposição através da feição dos personagens. Além disso, até metade do filme não temos ideia de muita coisa.

Ao decorrer do longa temos alguns rasos indícios do fim da história, que é duvidoso assim como as outras produções do cineasta. Aqui, o desfecho pode até prejudicar a experiência de toda a projeção.

Entre a genialidade e a cafonice, Shyamalan entregou mais um suspense polêmico, mas, desta vez, é competente.