Cinema

Crítica: Ghostbusters – Mais Além (2021)

Parece que realmente só existe um filme bom de “Caça-Fantasmas”, ou “Ghostbusters” no original, e…

Parece que realmente só existe um filme bom de “Caça-Fantasmas”, ou “Ghostbusters” no original, e este é justamente o longa original lançado em 1984. Ainda hoje, continua uma comédia oitentista cheia de aventura e alguns momentos que assustam sutilmente – além do ótimo elenco, claro. Depois, fizeram uma continuação pouco inspirada em 1989, em 2016 tentaram um reboot péssimo estrelado por Melissa McCarthy e Kristen Wiig (onde o problema não é por ser com mulheres), e agora tentaram voltar à cronologia principal com este filme que apesar das boas intenções peca pelo péssimo ritmo e um fan service mal entregue.

Na trama, Callie (Carrie Coon) é uma mãe solteira que se muda com os dois filhos para a casa do pai recém falecido em uma cidadezinha pequena do interior. O sujeito era conhecido pelas excentricidades com o sobrenatural e logo descobrimos que ela é filha de Egon Spengler, interpretado originalmente por Harold Hamis que faleceu em 2014 e é um dos Caça-Fantasmas originais. À partir daí segredos serão descobertos e a neta de Spengler, Phoebe (Mckenna Grace), apaixonada por ciência como o avô, será o fio condutor da narrativa em uma história cuja ameaça é um vilão conhecido do clássico de 1984.

“Ghostbusters – Mais Além” possui ótimas intenções e o coração no lugar certo. O elenco novo é carismático e os atores mirins estão longe de serem um problema, pelo contrário, possuem ótima química e o destaque vale para a talentosa Mckenna Grace. Mas falta ao filme um ritmo mais engajado e fervoroso ao trabalhar com a aventura. O clima oitentista de matinê é valido, mas o longa carece de emoção, de mais energia em suas cenas de aventura para tornar todas as características boas ainda mais gratificantes de acompanhar. Infelizmente, ao menos para mim, o filme não aproveita muito bem os fantasmas, a aventura, a comédia, o suspense, o ridículo de alguns conceitos e segue um clima dramático cansativo, melancólico e chato de assistir (pronto, falei!). Tudo sem 1% de emoção – até a icônica música dos ‘Caça-Fantasmas’ é relegada aos créditos finais. Decepcionante!

Pelo lado da nostalgia, o filme é respeitoso com o elenco original (Bill Murray, Dan Aykroyd e Ernie Hudson) e entrega uma bela homenagem à Harold Hamis (um momento tocante para os que conhecem e gostam dos filmes originais). No entanto, Reitman não soube construir a empolgação e o triunfo do retorno dos atores originais. Quando aparecem é em uma sequência escura, nada inspirada ou empolgante. Aliás, todo o clímax final é broxante de tão escuro e visualmente pobre. A cena só ganha pontos pelo fator emocional por estarmos assistindo (talvez pela última vez) o Dr. Peter Venkman (Murray), Dr. Raymond Stantz (Ayroyd), Winston Zeddemore (Hudson) e o próprio Dr. Egon Spengler (Hamis) dividindo a mesma cena novamente – algo que aconteceu pela última vez em 1989 com “Caça-Fantasmas II” (e uma característica que o próprio “Star Wars” desperdiçou ao não colocar Luke, Leia e Han Solo juntos de novo). Fora isso, tudo é mal aproveitado e pouco divertido.

Para encerrar, eu gostaria de saber qual a dificuldade em fazer um filme dos “Ghostbusters” com Bill Murray, Dan Aykroyd e Ernie Hudson novamente? Será que eles não adorariam voltar aos holofotes? Idade não é justificativa já que vivemos em uma época onde atores veteranos, já velhos, estão roubando a cena em filmes de ação e aventura (Liam Neeson e Harrison Ford não me deixam mentir). E como mostra o final deste mesmo “Ghostbusters – Mais Além”, um filme com o elenco original não é impossível de fazer. Mais uma vez, outro tiro no pé!

Ghostbusters – Afterlife/EUA – 2021

Dirigido por: Jason Reitman

Com: Mckenna Grace, Finn Wolfhard, Carrie Coon, Paul Rudd, Logan Kim…

Sinopse: Em Ghostbusters – Mais Além, uma mãe solteira resolve se mudar para uma pequena cidade do interior com seus filhos. Ao chegar na nova casa, ainda sem saber ao certo o que vai acontecer, ela e seus filhos acabam descobrindo uma conexão com os Caça-Fantasmas originais e o que o seu avô, um dos integrantes dos Caça-Fantasmas, deixou para trás como legado para sua família. Mas nem tudo é brincadeira, com a descoberta de objetos e a chegada da casa, acontecimentos paranormais começam acontecer e só tem um jeito de acabar com eles: chamando os Caça-Fantasmas!