Crítica: Jungle Cruise (Disney)
“Jungle Cruise” parece um filme de “Piratas do Caribe” mas sem os piratas, sem o…
“Jungle Cruise” parece um filme de “Piratas do Caribe” mas sem os piratas, sem o caribe e sem um personagem icônico como Jack Sparrow para segurar as pontas. Fora isso, muitos dos elementos habituais da franquia bucaneira estão presentes no filme, que apresenta uma história que envolve magia, pessoas amaldiçoadas que não morrem e são monstros em sua forma, tentativas de traição e depois reconciliação, e por ai vai. Mas não só Piratas entra no caldo, aqui temos um pouco de “A Múmia” do Brendan Freaser, e claro, a maior inspiração do cinema de aventura moderno: Indiana Jones – além de um objeto central que motiva os personagens (chamado de Macguffin), temos aqui até uma passagem de tempo com uma linha passando pelo mapa (só faltou a música de John Williams).
Se inspirar em obras que deram certo e foram felizes em sua criação de mundo não é problema algum, mas diferente de “Jungle Cruise”, tanto a “A Múmia” quanto “Piratas do Caribe” (principalmente o primeiro filme) conseguiram a façanha de pegar clichês do gênero de aventura e criar uma ambientação única com personagens destacáveis e memoráveis, e possuem a preocupação de desenvolver sua história e suas nuances com calma, estabelecer as regras daquele mundo fantástico e, por fim, criar sequências de ação/aventura que sejam empolgantes, divertidas e bem filmadas. E não vou nem falar de “Indiana Jones” pois foi ali que Spielberg e George Lucas estabeleceram as regras definitivas do jogo.
“Jungle Cruise” não é uma bomba, mas é um filme carente de identidade e algo que não lhe faça ser um mero exemplar de aventura descartável e sem criatividade. A obra possui dois atores excelentes e cheios de carisma como protagonistas (Dwayne Johnson e Emily Blunt), mas o roteiro não favorece seus personagens e é apressado em conduzir sua narrativa. Personagens são encontrados rapidamente, revelações são jogadas em tela porque convém, outros aparecem e pouco acrescentam à história e tudo é tão frenético, e brevemente desenvolvimento, que não temos respiro para aproveitar as peças em jogo.
Mas o que mais me incomodou no filme foi como o diretor Jaume Collet-Serra dirige a ação. Diferente das outras franquias que citei acima, Collet-Serra pouco abre a câmera em momentos que necessitavam de um plano mais aberto para que pudéssemos saborear a mise-en-scène do momento, mas que são desperdiçados com takes fechados em seus atores e uma edição brusca – o que resulta em muitas partes cujo fundo verde do CGI é descaradamente perceptível. E o que dizer de um determinado momento nas correntezas do rio amazônico em que a fotografia muda drasticamente de tonalidade e logo após retorna ao que era antes? Uma nítida quebra de continuidade visual – até achei que era um sonho nesse momento.
Inspirado em outra atração dos parques da Disney, particularmente, queria ter gostado mais de “Jungle Cruise”, que tinha potencial para ser bem melhor. Está longe de ter a competência visual e criativa de “Piratas do Caribe”, que apesar dos problemas ao longo de seus filmes, são obras com cenas marcantes de ação e personagens do mesmo modo icônicos. Mas torço para o sucesso de “Jungle Cruise” e um segundo filme muito melhor.
Jungle Cruise/2021 – EUA
Dirigido por: Jaume Collet-Serra
Com: Dwayne Johnson, Emily Blunt, Jesse Plemons, Egar Ramirez, Paul Giamatti, Jack Whitehall…
Sinopse: Jungle Cruise gira ao redor do malandro e brincalhão Frank Wolff (Dwayne Johnson), capitão do barco La Guilla. Ele é contratado pela Dra. Lily Houghton (Emily Blunt) e seu irmão McGregor (Jack Whitehall) para levá-los em uma missão pelas densas florestas amazônicas com a intenção de encontrar uma misteriosa árvore com poderes de cura que poderá mudar para sempre o futuro da medicina. No caminho, eles viverão inúmeros perigos, enfrentando animais selvagens e até mesmo forças sobrenaturais.