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Crítica: Kong – A Ilha da Caveira (2017) – Especial de Férias

Hollywood já modernizou a história de King Kong uma vez, lá em 1976 com um…

Hollywood já modernizou a história de King Kong uma vez, lá em 1976 com um filme estrelado por Jeff Bridges e Jessica Lange. A história basicamente mantém todos os elementos da original, mas muda a época e os motivos que levaram a Ilha da Caveira a ser descoberta. Apesar de considerar um filme fraco, admiro a tentativa de trazer um contexto diferente para a clássica história do gorila gigante apresentada pela primeira vez em 1933 – uma obra que revolucionou a indústria de efeitos especiais da época.

“Kong – A Ilha da Caveira” mantém o básico do básico da trama original, e utiliza apenas o grupo com interesses próprios a caminho desta ilha remota em algum lugar do Pacífico. Fora isso, o filme também moderniza a trama e situa seus personagens em um período conflituoso para os EUA: a Guerra do Vietnã. Mas “Kong” passa longe de querer tecer comentários políticos, apesar de o fazer visualmente, no entanto, a verdadeira intenção é outra e a guerra serve apenas como inspiração, que aliás, vêm de filmes como “Apocalipe Now” – principalmente – e “Platoon”, por exemplo.

Desde os primeiros até os últimos segundos do longa o diretor Jordan Vogt-Roberts – que vêm de séries como “Mash Up” e tinha dirigido apenas um filme, o drama independente muito singelo chamado “Os Reis do Verão” de 2013 – não esconde suas inspirações no clássico de guerra dirigido por Francis Ford Copolla. O visual de “Kong” é lindo, Vogt-Roberts filma com dinamismo e fluidez, cria momentos singulares e constrói cada sequência de ação com criatividade e acerta ao colocar a câmera em lugares que valorizam os monstros e a narrativa visual da cena. 

Outra característica notável de Vogt-Roberts é justamente sua frequente insistência em abrir a câmera e mostrar os personagens humanos em contraste com Kong e os demais monstros. Ao insistir em comparar a escala de cada um, Vogt-Roberts torna não apenas mais imponente e ameaçador o Kong e as outras criaturas, como coloca nós seres humanos como meros dependentes da situação, e ressalta nossa posição de seres descartáveis e nada poderosos em um mundo onde não somos capazes de exercer o controle.

O roteiro tem deslizes ao deixar de explorar melhor alguns personagens? Sim, claro. Mas em filmes de criaturas gigantes e monstros assassinos é habitual ter certos personagens que estão presentes ali para cumprir a lista de estereótipos. Mas tais clichês, assim como outros tantos presentes ao longo do filme, não são um problema quando a história é bem desenvolvida e a ação vale a pena. 

Outro acerto do roteiro é concentrar toda a trama na Ilha da Caveira e não levar o símio gigante para a cidade grande. Isto valoriza a mitologia da Ilha e também em explorar melhor os monstros do local, criando lutas visualmente lindas e empolgantes. O visual de cada criatura é singular, e tudo fica muito mais gratificante quando resolvem fazer Kong bater de frente com alguma delas. Ao falar isso, não posso deixar de elogiar os estupendos efeitos visuais e a escolha em realizar todas as cenas de ação durante o dia, o que realça a beleza dos efeitos, dos cenários, da fotografia e das criaturas gigantes.

“Kong – A Ilha da Caveira” é um filme de monstros e animais gigantes excelente. Um entretenimento que cumpre com maestria seu objetivo. Há os clichês e os problemas comuns de qualquer roteiro, mas a essência e o saldo final é uma obra divertidíssima, que enche os olhos visualmente e prende a nossa atenção do começo ao fim. Recomendado!

Kong: Skull Island-EUA

Ano: 2017 – Dirigido por: Jordan Vogt-Roberts

Elenco: Tom Hiddleston, Samuel L. Jackson, John Goodman, John C. Reilly, Brie Larson

Sinopse: 1944, durante a Segunda Guerra Mundial. Dois aviões, um americano e outro japonês, são abatidos em pleno combate aéreo. Os pilotos sobrevivem, chegando a uma ilha desconhecida no Pacífico Sul. Lá eles dão continuidade à batalha, sendo surpreendidos pela aparição de um macaco gigante: Kong. Em 1973, Bill Randa (John Goodman) tenta obter junto a um político norte-americano a verba necessária para bancar uma expedição à tal ilha perdida. Ele acredita que lá existam monstros, mas precisa de provas concretas. Após obter a quantia, ele coordena uma expedição que reúne militares, liderados pelo coronel Preston Packard (Samuel L. Jackson), o rastreador James Conrad (Tom Hiddleston) e a fotógrafa Mason Weaver (Brie Larson).