Crítica: Luck (2022) – Apple TV+
Longa-metragem é o primeiro sob a liderança de John Lasseter como chefe do departamento de animação da Skydance Animation
“Luck” é o primeiro filme da era John Lasseter como chefe de animação da Skydance Animation para a Apple TV+, depois que ele foi demitido da Disney/Pixar após alguns funcionários reclamarem do excesso de ‘abraços’ de sua parte. Lasseter foi um dos fundadores da Pixar, um dos responsáveis pelo surgimento das animações digitais e diretor de clássicos como “Toy Story 1 e 2”, “Vida de Insetos”, “Carros” e até de “Carros 2” (nenhum cineasta deixa de errar).
Quando assumiu a chefia do departamento de animações da Walt Disney Animation, que estava em um limbo criativo sem sucessos comerciais, Lasseter trouxe o incentivo criativo aplicado na Pixar e reformulou a empresa levando o estúdio à mais um renascimento glorioso. Tudo começou com o ótimo “Bolt – Supercão”, lá em 2008, e foi na era Lasseter como chefe tanto da Disney quanto da Pixar, que tivemos sucessos como “Enrolados”, “Frozen”, “Operação Big Hero”, “A Princesa e o Sapo”, “Zootopia”, “Moana” e “Detona Ralph” (fora os filmes da própria Pixar).
Enfim, o que dizer então deste seu novo trabalho em uma nova casa? “Luck” possui muitas intenções louváveis, e é nítido em alguns aspectos como Lasseter trouxe para a Skydance o espírito Pixar de se trabalhar. A própria história do filme lembra bastante “Divertida Mente”, mas ao invés de emoções temos um mundo de SORTE e outro de AZAR, e uma história que irá nos ensinar que ambos são importantes e se complementam para tornar a vida uma experiência mais viva, cheia de aprendizado e amadurecimento (igual em “Divertida Mente” quando aprendemos que a tristeza é parte importante da nossa existência).
Mas se o filme acerta em suas intenções, e até em um começo delicado e sutilmente divertido, quando entramos no mundo mágico da ‘sorte’ vamos perdendo a veia emocional da narrativa, e o que em “Divertida Mente” temos de magistral com a mescla do mundo das emoções em nossa mente com a trajetória emocional da protagonista, aqui tanto o mundo da sorte é pouco criativo, quanto os personagens e, principalmente, seu objetivo em fazer uma criança feliz, nunca alcançam notas altas. As regras do mundo mágico soam confusas em vários momentos, e as convenivências do roteiro por vezes atrapalham a trama, tornando tudo muito fácil de se resolver e pouco envolvente.
“Luck” é uma obra abaixo da média. Pode ter alguns momentos divertidos, mas no geral é um começo pouco marcante e que não faz jus ao talento de John Lasseter como líder. Não é uma bomba, mas tinha potencial para ser muito melhor. Infelizmente.
Luck/EUA – 2022
Dirigido por: Peggy Holnes
Vozes no original de: Eva Noblezada, Jane Fonda, Simon Pegg, Whoopi Goldberg…
Onde assistir: APPLE TV+
Sinopse: Em Luck, Sam Greenfield, a pessoa mais sem sorte do mundo, um belo dia encontra a desconhecida Terra da Sorte e vai em busca de um pouquinho de sorte na vida. Mas como humanos não são permitidos, sua única chance é juntar-se às criaturas mágicas que lá vivem. A Sorte e o Azar, duas organizações secretas, atuam há milênios na vida dos seres terrestres. O desvendamento de como essas instituições atuam irá revelar sua influência no nosso cotidiano.