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Crítica: No Ritmo do Coração (2021)

Um filme singelo e tocante sobre crescer e escolhas

(Foto: Divulgação)

Eu fui assistir “No Ritmo do Coração” sem saber de nada. Não tinha visto trailers, nem lido sobre a história, apenas sabia que o filme foi sensação no Festival de Sundance e tinha sido comprado posteriormente pela Apple para ser lançado em território norte-americano. Os direitos para alguns países já estavam vendidos, portanto, o filme não vai estrear no Apple TV+ aqui  no Brasil, mas está chegando agora no catálogo do Amazon Prime Vídeo.

Logo nos primeiros minutos de filme eu tive uma sensação de déjà vu. Algo ali parecia familiar para mim. Na trama, uma família surda gerencia um negócio de pescados, e apenas a filha mais nova, Ruby (a ótima Emilia Jones), possui audição. Ela é prestativa, ajuda os pais no trabalho e serve de comunicação entre a família e outras pessoas. Na escola, atraída por um garoto que participa do coral, ela escolhe também fazer parte do grupo e lá descobre uma paixão incondicional pela música, sendo constantemente motivada por seu professor, Bernando Villalobos (o excelente Eugenio Derbez). Durante os ensaios para uma apresentação, ela recebe a oportunidade de entrar em uma das melhores escolas de música do país, mas fica dividida entre seguir o seu sonho e continuar trabalhando no negócio da família.

Voltando ao assunto sobre familiaridade, a história de “No Ritmo do Coração” soa extremamente familiar, e logo lembrei do longa-metragem francês de 2014 chamado “A Família Bélier”. Tive que pausar imediatamente o filme e tirar esta dúvida, e sim, eu estava certo, “No Ritmo do Coração”, ou “CODA” no original (cuja sigla é um acrônimo para “Children of Deaf Adults”, utilizado para classificar filhos ouvintes de pais surdos), é um remake norte-americano deste excelente filme francês que possui a mesma história (apenas mudança de localização e outros destalhes), mas cuja essência está toda lá.

A boa notícia: ambos os projetos são ótimos e imperdíveis. Apesar de não ter tido o impacto da novidade por ter assistido ao original, “No Ritmo do Coração” (Brasil e suas traduções genéricas) continua um drama coeso e emocionante ao trazer uma história não apenas sobre família, e união, mas também sobre crescimento e escolhas. O estar diante da vida e precisar encarar decisões sobre o futuro que irão moldar radicalmente ele. O longa dirigido por Siân Heder é um desses tramas inspiradores, comumente taxado por jornalistas da indústria de “crowd pleaser” (feito para agradar multidões), e não tem problema algum. Agrada pelo imenso respeito com a inteligência do expectador, não é forçado ou exagerado, mas conduzido com tamanha sobriedade e singeleza que o resultado (assim como o original francês) é tocante e memorável.

Só me incomodou não existir legenda durante as conversas em língua de sinais. Não temos apenas algumas frases assim, pelo contrário, há conversas longas onde existir a tradução para o público seria essencial para nosso envolvimento maior no drama daqueles personagens. Sem a legenda para guiar, tenho certeza que muitos irão se distanciar do filme. Infelizmente.

Um dos fortes nomes durante as premiações deste começo de 2022, “No Ritmo do Coração” é um alento para o coração. Recomendado!

CODA/EUA – 2021

Dirigido por: Sian Heder

Com: Emilia Jones, Marlee Martin, Troy Kotsur, Eugenio Derbez…

Sinopse: No Ritmo do Coração conta a história de uma família com deficiência auditiva que comanda um negócio de pesca em Gloucester, nos Estados Unidos. Ruby (Emilia Jones), a única pessoa da família que escuta, ajuda os pais e o irmão surdo com as atividades do dia-a-dia. Na escola, ela se junta ao coral, onde acaba se envolvendo romanticamente com um de seus colegas. Com o tempo, ela percebe que tem uma grande paixão por cantar e seu professor a encoraja a tentar entrar em uma escola de música. A jovem, então, precisa decidir entre continuar ajudando sua família ou ir atrás de seus sonhos.

CODA (2021) Reviews - Metacritic