Crítica: O Legado de Júpiter – 1ª temporada – Netflix
Além de estarmos vivendo uma Era de Ouro dos super-heróis no cinema – desde que…
Além de estarmos vivendo uma Era de Ouro dos super-heróis no cinema – desde que a Marvel entrou no jogo em 2008 com “Homem de Ferro” o mercado se expandiu rapidamente -, na TV os heróis também estão em sua plena glória. E obras, digamos, menos Marvel e mais adultas, estão encontrando nos streamings casa ideal para a reprodução da catarse violenta presente originalmente nas páginas dos quadrinhos. Sucessos como “The Boys”, “Invencível”, e agora este “O Legado de Júpiter”, da Netflix, são exemplos claros de um segmento menos infantil que está em voga atualmente.
Baseado na obra de Mark Millar (o mesmo criador de “Kick Ass”), particularmente, nunca li os quadrinhos de “O Legado de Júpiter”. Se foi uma adaptação fiel, ou não, deixarei aos entusiastas pela obra original postarem suas opiniões. Como leigo e desprovido de qualquer influência externa, assistir à serie foi uma experiência conflituosa, com sentimentos mistos de decepção e interesse.
Diferente dos já citados “Invencível” e “The Boys”, que apostam muito mais nas cores e na violência alucinante e voluptuosa de sangue e destruição, “O Legado de Júpiter” vai ser uma decepção aos que esperam algo no mesmo estilo. Em tom mais dramático, e intimista, o seriado nos apresenta uma história muito mais interessada em explorar os dramas austeros dos super seres, do que em criar momentos grandiosos de ação e aventura. O enredo divide a trama em duas linhas temporais: uma que se passa no momento atual, e outra que retorna ao passado para mostrar a origem dos primeiros super-heróis.
Ao mesmo tempo em que “O Legado de Júpiter” soa uma repetição sem graça de temas já trabalhados aos montes na cultura pop, e sim, muitos personagens ali são chatos e descartáveis, a história pincela temáticas interessantes como: se sou um dos seres mais poderosos do planeta, por que deixar que os humanos normais ditem as regras de como deve ser o mundo? Por que colocar esse poder em governos corruptos e problemáticos? Se sou uma espécie de deus na Terra, por que deixar que os humanos tenham livre arbítrio?
Tais temáticas são, infelizmente, colocadas superficialmente pelo roteiro e nunca aprofundadas ou desenvolvidas. A sensação é que os oito episódios que compõem esta primeira temporada são apenas uma introdução para, de fato, o início da história. Enquanto isso, o enredo aposta em dramas familiares e de filhos rebeldes que soam clichês e arrastados.
A parte da aventura também deixa muito a desejar, afinal “O Legado de Júpiter” é uma série de super-heróis, e no quesito ação a empolgação é zero. Me interessei mais pela parte que se passa no passado do que na atualidade.
O elenco é competente e faz o que pode, mas é prejudicado por um texto sisudo, dramático demais, que impede momentos icônicos – apesar de curtir muito o visual com cabelo e barba grisalhos do Utopia.
Jupiter’s Legacy/EUA – 2021
Número de episódios: 08
Criado por Steven K. DeKnight
Com: Josh Duhamel, Ben Daniels, Leslie Bibb, Andrew Horton…