Crítica: Querido Evan Hansen (2021)
Baseado na peça homônima ganhadora do Tony de Melhor Musical, a versão para o cinema…
Baseado na peça homônima ganhadora do Tony de Melhor Musical, a versão para o cinema de “Querido Evan Hansen” tem causado polêmicas. Entre os críticos, muitos tem classificado o filme como ofensivo e inocente demais, enquanto parte do público celebra uma história emocional sobre luto, superação e aprendizado. Ao fim de tudo, como em qualquer projeto, a experiência pessoal de cada pessoa é que definirá o resultado final para cada indivíduo.
Na trama, conhecemos Evan Hansen (Ben Platt), um jovem ansioso e repleto de dificuldades sociais para se envolver com outras pessoas. Para diminuir a ansiedade, Hansen começa a escrever cartas para si mesmo falando sobre o seu dia e sentimentos. Uma dessas cartas acaba caindo nas mãos de um garoto também problemático chamado Connor Murphy (Colton Ryan) que pega todos de surpresa ao cometer suicídio. Quando a carta é encontrada em posse do falecido, Hansen se aproxima da família de Connor e começa a usar a mentira de que ‘eram melhores amigos’ para encontrar carinho, alento e amizade onde não conseguia quando era recluso.
Com músicas de Benj Pasek e Justin Paul, que escreveram os inesquecíveis “La La Land” e “O Rei do Show”, “Querido Evan Hansen” colabora com as polêmicas a sua volta pois é um filme que nunca assume completamente as consequências drásticas das atitudes de seu protagonista ao usar um garoto morto para ganhar amigos e se tornar popular. A atitude em si faz parte da narrativa e do impulso do personagem em querer ser aceito, mas sua ação é desumana e brinca com sentimentos alheios de pessoas que realmente amavam o falecido Connor, e o filme não usa isto como parte da lição de aprendizado do protagonista, mas se mostra complacente com o mesmo. Sim, ele pode ter problemas sociais e ansiedade, mas isto não o faz inocente em suas ações, e o roteiro não se aprofunda em nenhum momento nesta problemática do personagem e se contenta com o superficial motivacional de filmes de colegial. Além de explorar um romance estranho, e nada convincente, entre Hensen com a irmã do falecido Connor, Zoe Murphy (Kaitlyn Dever).
No entanto, meu maior problema com o filme não é com as oportunidades desperdiçadas do roteiro, e sim com a parte musical. Musical em teatro é diferente de musical no cinema. Nos palcos a presença cênica do ator muitas vezes é o suficiente, apesar de achar importante o investimento nos cenários e iluminação para colaborar com a emoção, ou empolgação da cena. Requer ritmo. E isso tudo é mais do que essencial quando uma peça teatral é adaptada para o cinema. No vídeo, um filme musical precisa ter ambientação, cenários, iluminação, edição, elementos que torna aquela fantasia em algo imersivo e envolvente. A maneira como você constrói a mise-en-scène é primordial para captar nossa atenção. Em “Querido Evan Hansen” não existe este investimento. É um musical totalmente sem ritmo, sem beleza visual ou criatividade em desenvolver os números musicais – até “High School Musical” consegue ser mais eficiente e empolgante do que este filme.
Infelizmente, “Querido Evan Hansen”, infelizmente, é um desses musicais que, ao menos para mim, não dura nem um dia na memória. Uma obra fraquíssima e esquecível.
Dead Evan Hansen/EUA – 2021
Dirigido por: Stephen Chbosky
Com: Ben Platt, Amy Adams, Julianne Moore, Kaitlyn Dever, Colton Ryan…
Sinopse: Querido Evan Hansen é uma história que gira ao redor de Evan Hansen (Ben Platt), jovem ansioso e com dificuldades de se conectar com os outros, que acaba envolvido numa mentira sobre um colega de classe que cometeu suicídio, se aproximando da família do falecido. Adaptação cinematográfica do musical vencedor do Tony e do Grammy de Steven Levenson, Benj Pasek e Justin Paul.