Crítica: Sangrento e divertido, ‘Pânico’ é o fan-service que o público merece
Filme de 2022 é violento e leva o espectador direto aos anos 90, pesando a mão na metalinguagem e referências ao terror atual
Na última quinta-feira (13), chegou aos cinemas ‘Pânico’ (não o de 1996, e sim a mais nova “sequência”, mas sem o 5 no título). Após uma espera de onze anos desde o quarto filme, essa escolha de intitulá-lo com o mesmo nome do clássico de terror que redefiniu o slasher nos anos 90 se torna óbvia no decorrer da sessão. ‘Pânico’, de 2022, é uma finalização e um recomeço. É a louca união de reboot e continuação.
O que esperar de ‘Pânico’ ou ‘Pânico 5’? Muito sangue, referências e metalinguagem, do jeito que os fãs gostam. O desafio aqui era conseguir suprir a expectativa do fan-service e, ao mesmo tempo, agradar um novo público. Se o filme conseguiu? Nas mãos dos diretores Tyler Gillett e Matt Bettinelli-Olpin (responsáveis pelo elogiado ‘Casamento Sangrento’) a resposta é: sim.
Além de fãs declarados do diretor falecido Wes Craven – mestre do terror e idealizador da franquia – Tyler e Matt são dois dos atuais diretores mais promissores do gênero em Hollywood.
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‘Scream’ está ciente de que as sequências estão na moda no cinema. O longa alfineta não apenas o terror, mas a cultura em geral. ‘Pânico 5’ brinca de maneira assertiva com os clichês do gênero. A metalinguagem é tanta, que a impressão é que a qualquer momento os personagens vão quebrar a quarta parede.
O filme ainda tira sarro de seu próprio legado, com cenas empolgantes que fazem menções a ‘Hereditário’ (2018), ‘A Bruxa’ (2016), ‘Corrente do Mal‘ (2014) e ao diretor Jordan Peele, como pertencentes ao “terror elevado”.
Memória afetiva
O longa é carregado de referências e clichês da década: o personagem com jaqueta de time escolar, a que sabe tudo sobre filmes de terror, o namorado suspeito da protagonista. O faqueiro na cozinha e os jump scare falsos também estão lá. Até as casas do filme dão um ar anos 90.
‘Scream’ também traz de volta os “heróis do passado” Sidney Prescott, Gale Weathers e Dewey Riley, além de apresentar novos personagens que, de alguma forma, se conectam ao que aconteceu nos filmes anteriores.
Um ponto a favor da franquia é que ela possui um núcleo central tão consistente como nenhuma outra do terror. O trio de protagonistas permaneceu inabalável por 25 anos. Afinal, os fãs acompanharam todas as fases do romance de Dewey e Gale e viram Sidney passar de uma jovem na faculdade para uma mulher madura e forte. Existe apego. ‘Pânico 5’ sabe disso e transmite tudo em tela.
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Entretanto, diferente de ‘Pânico 4’, de 2011, aqui o trio aparece com ares de que estão ali apenas como apoio, como verdadeiros ‘salvadores’ que surgem para ajudar o novo grupo de heróis. Isso se deve provavelmente à incerteza de vermos Sidney, Dewey e Gale em futuros filmes da saga, caso aconteçam.
Filme afiado
Não se preocupe se você pouco conhece da franquia e for ao cinema alheio a todas essas questões de metalinguagem e referências. Você também sairá satisfeito, pois boa diversão e sustos estão garantidos. O novo ‘Scream’ talvez tenha o Ghostface mais sangrento da franquia (mas não o mais mortal, aviso).
Este é o filme mais sombrio desde o original. A violência – principalmente nos esfaqueamentos – é mais sentida neste. É o que também passa melhor a sensação de que todos os novos personagens estão vulneráveis ao assassino mascarado.
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Para quem já assistiu ‘Casamento Sangrento’, o já citado primeiro longa dos diretores, a expectativa para ‘Pânico 5’ estava nas alturas. O filme de 2019 é um slasher bruto do começo ao fim, recheado de humor ácido e com um final impactante e cheio de sangue.
Tyler e Matt fizeram o mesmo em ‘Scream’, encaixando suas vontades ao padrão da franquia.
A aguardada cena inicial, um dos marcos da saga de Wes Craven, está lá. A vítima da vez é a personagem da atriz Jenna Ortega que, nas palavras do internautas, entregou tudo!
Outro destaque é Jasmin Savoy Brown na pela da engraçada e, por vezes meio irritante, Mindy. Mikey Madison e sua Amber também possui cenas ótimas, assim como Jack Quaid que interpreta Richie.
Vindo de ’13 Reasons Why’ e ‘O Homem nas Trevas’, Dylan Minnette entrega mais beleza que importância.
Crítica de ‘Pânico 5’
‘Scream’ não se apoia apenas na metalinguagem, referências e críticas as continuações desenfreadas do cinema. O longa ainda acha tempo para alfinetar os próprios fãs dessas sequências.
A toxicidade encontrada nas redes sociais e em fandoms pela web alimenta uma pergunta que o filme nos faz: o que significa ser um fã hoje? A resposta você tem ao assistir.
‘Scream’ de 2022 mostra o dedo do meio para seus admiradores, ao mesmo tempo que os abraça.
O filme recompensa exibições adicionais (outro ponto positivo para a franquia, já que rever os longas já sabendo quem é o Ghostface também é uma experiência divertida).
Provavelmente mais envolvente para os fãs do que para o público em geral, ‘Pânico 5‘ não se preocupa em ser o melhor ou pior que os anteriores, e sim em entregar algo competente. É o filme que a franquia precisava para ressuscitar.
Agora é torcer para ir bem na bilheteria e que deem continuidade à ideia de uma nova trilogia. As expectativas iniciais são boas: além de destronar ‘Homem-Aranha’ do primeiro lugar nos cinemas no final de semana de estreia, ‘Scream’ tem sido bastante elogiado pela crítica, com 76% de aprovação no Rotten Tomatoes.
Não importa a década, é o filme ideal para ver com a galera, seja no cinema, no VHS ou no streaming.
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