Cinema

Crítica: ‘Tempo’, de M. Night Shyamalan

Não é um filme perfeito, mas tem qualidades e está longe de ser uma porcaria como outros trabalhos do diretor M. Night Shyamalan

(Foto: Divulgação)

“Tempo”, o novo filme escrito e dirigido por M. Night Shyamalan, acompanha duas famílias durante uma viagem para uma ilha tropical. Lá, eles e outros hóspedes são convidados pelo gerente do hotel a conhecer uma praia próxima onde serão levados exclusivamente pelo motorista da casa. Chegando lá, logo todos percebem que algo estranho está acontecendo: eles estão envelhecendo rapidamente! Anos inteiros passam em questão de minutos e ninguém consegue escapar do local.

Este novo filme de Shyamalan está longe de ser uma obra vergonhosa como foram “A Dama na Água”, “Fim dos Tempos”, “Depois da Terra” e “O Último Mestre do Ar”, por exemplo. Não chega a ter o patamar de qualidade de “O Sexto Sentido” (ainda o seu melhor filme), mas é um projeto com ideias intrigantes utilizadas de tal maneira que, ao menos para mim, funcionaram e conseguiram me deixar envolvido e imerso na narrativa.

Baseado na graphic novel franco-sueca “Castelos de Areia”, a história de “Tempo” é uma reflexão sobre a passagem do tempo e como este é extremamente parte imutável de nossa existência. Como lidamos com o envelhecer e o não ser mais jovem como antes. São temas instigantes principalmente por se tratar de um assunto que afeta todos os seres vivos: a eminência da morte. Tanto que o título original, “Old” (Velho), remete justamente a um período de nossas vidas onde nos tornamos muito mais reflexivos sobre quem somos, justamente por estarmos bem mais próximos do fim.

Eu nunca li a graphic novel, portanto, não sei dizer se é bom nem o quanto de material Shyamalan utilizou em seu roteiro. Mas como filme, “Tempo” é um exercício interessante de reflexão, ao mesmo tempo em que é uma obra frenética em sua paranoia e tensão. Quando os personagens chegam à ilha, Shyamalan não dá descanso para o público. Infelizmente, o maior pecado do filme se encontra em optar por resoluções ‘deus ex-machina’ que acontecem e temos apenas que aceitar, uma típica resolução fácil e mal resolvida. O mesmo vale para classificar o final onde o diretor tece uma crítica à implacável indústria farmacêutica e no que ela é capaz de fazer para alcançar os seus objetivos. Soa estranho e fora de tom com o restante do filme.

Mas, ainda assim, gostei de “Tempo” e no ritmo tenso criado por Shyamalan. Além dos ótimos temas trabalhados e no clima de paranoia e claustrofobia gerado pelo cenário da praia, que se torna personagem fundamental da trama.

Disponível nos cinemas. 

Old/EUA – 2021

Dirigido por: M. Night Shyamalan

Com: Gael Garcia Bernal, Rufus Sewell, Alex Wolff, Vicky Krieps…

Sinopse: Estrelado por Gael Garcia Bernal, Tempo acompanha uma família durante uma viagem para uma ilha tropical. Quando chegam em uma praia deserta, algo estranho começa a acontecer: todos passam a envelhecer rapidamente, anos inteiros passam em questão de minutos. Eles, então, precisam descobrir o que está acontecendo antes que suas vidas sejam encurtadas drasticamente.

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