Crítica: Uncharted – Fora do Mapa (2022)

Filmes adaptados de jogos de vídeo game possuem a fama de serem ruins. Apesar de considerar a afirmação um tanto quanto exagerada – eu gosto e acho muito divertido “Detetive Pikachu”,”Rampage” (com Dwayne Johnson) e “Sonic”, por exemplo -, mas concordo que até hoje ainda não surgiu um filme realmente excepcional do formato. Os exemplos de obras intragáveis são extensas, e é impossível defendes adaptações para o cinema como “Mario Bros”, “Alone in the Dark”, “Bloodrayne”, “Assassin’s Creed” e “Doom” (só por dizer algumas). E ainda que não seja intragável, “Uncharted – Fora do Mapa” ainda não é a adaptação excelente de um game para a telona.

Nunca joguei “Uncharted”, mas já tive oportunidades de assistir outras pessoas jogando e algumas sequências do game na internet. Com forte influência de Indiana Jones (o filme responsável por estabelecer o formato das ‘aventuras de arqueologia’), os jogos são desafios investigativos cheios de ação e suspense em torno de tramas arqueológicas que colocam os personagens em jornadas perigosas por lugares inóspitos e repletos de armadilhas.

O filme estrelado por Tom Holland e Mark Walhberg assume o espírito de aventura dos games, e alcança ótima nota com a interação entre a dupla protagonista. A química entre Holland e Wahlberg é divertida e importante para criar familiaridade, e interesse, em Nathan Drake e Sully – respectivamente. E o longa também possui ótimas ideias para cenas de ação, evocando um espírito de aventura bem característico de “Indiana Jones” misturado com uma pitada de “Piratas do Caribe”.

Mas falta à “Uncharted – Fora do Mapa” ser menos ‘formulaico’ e ter mais charme em sua narrativa. A história não é interessante, a jornada dos personagens carece de maior originalidade nos obstáculos e os vilões genéricos, e sem personalidade, tornam a ameaça desinteressante. O diretor Ruben Fleischer, do péssimo “Venom”, pouco sabe conduzir as sequências de ação. Como dito anteriormente, o longa possui ótimas ideias para a ação, como a parte do avião ou o embate final com dois barcos pendurados à dois helicópteros, mas Fleischer abusa dos cortes bruscos e não sabe quando diminui-los. Diante disso, as lutas são prejudicadas e não há fluidez e beleza visual nas sequências. A chamada mise-en-scène fica bagunçada e nada empolgante.

“Uncharted – Fora do Mapa” é um programa descompromissado que até diverte, e repete o mesmo efeito dos filmes de “Lara Croft”, por exemplo – filmes que não são ótimos, mas agradam. Mas longe de alcançar a qualidade dos jogos, o longa soa como uma oportunidade perdida de estabelecer com maestria um projeto cheio de potencial.

Infelizmente, até hoje, os melhores filmes de vídeo game são aqueles que não são baseados em um jogo de vídeo game, como “Jogador Nº 1”, “Free Guy – Assumindo o Controle” e “Detona Ralph”, por exemplo. Mas a esperança continua.

Uncharted/EUA – 2022

Dirigido por: Ruben Fleischer

Com: Tom Holland, Mark Wahlberg, Antonio Banderas, Sophia Ali, Tati Gabrielle…

Sinopse: Baseado em uma das séries de videogame mais vendidas e aclamadas pela crítica de todos os tempos, Uncharted: Fora do Mapa serve como uma prequela para os jogos, seguindo o jovem explorador Nathan “Nate” Drake (Tom Holland), descendente do grande explorador Francis Drake, antes de ser conhecido como um famoso explorador. Mas antes disso, Nate vivia uma vida pacata como bartender em uma cidade, mas acaba se envolvendo com um estranho que viria ser um dos seus mais confiáveis companheiros. Uncharted: Fora do Mapa mostra sua primeira aventura de caça ao tesouro com o sagaz parceiro Victor “Sully” Sullivan (Mark Wahlberg). Os dois partem em uma perigosa busca pelo “maior tesouro nunca encontrado”, na cidade sul americana de El Dorado, mas a aventura acaba se estendendo por todo o mundo, enquanto rastreiam pistas que podem levar ao irmão há muito perdido de Nathan. Porém, mal sabiam eles que seriam perseguidos por um grupo de mercenários que também buscam pelo tesouro perdido.