Crítica: Valente (2012) | Especial Pixar
Longa-metragem ganhou o Oscar de Melhor Animação
“Valente” é importante porque marca a primeira princesa do estúdio Pixar. Princesa escocesa de nome Merida, o filme surge durante um período essencial da Disney onde as princesas estavam sendo totalmente reformuladas e ganhando, em suas histórias, personalidade de mulheres mais fortes e independentes, sem a necessidade de terminar com um par romântico ao fim da narrativa. Sei que tivemos “Mulan” anos antes, mas somente a partir de 2010 o estúdio, de fato, deu início a um novo padrão de princesas. “Enrolados” escancarou a porta em 2010, “Valente” saiu logo no ano seguinte e em 2013 tivemos a solidificação absoluta desta ideia com “Frozen”.
Na trama de “Valente”, Merida é uma jovem mulher que ama aventuras, liberdade, andar a cavalo e não usar vestidos apertados que limitam seus movimentos – tudo que sua mãe não aprova, já que a rainha Elinor foi criada para ser esposa, servir e cuidar da casa. Esta diferença de criação, e geração, será o ponto de partida para o desenrolar da narrativa, em uma trama que vai explorar a importância do relacionamento entre mãe e filha.
Dirigido por Mark Andrews, Brenda Chapman e Steve Purcell, o longa se inspira nas paisagens escocesas para criar um dos filmes mais visualmente interessantes e lindos de assistir da Pixar. Da mesma maneira os detalhes para a criação dos figurinos e cenários remetem com perfeição ao período retratado.
Sei que “Valente” possui muitos fãs, e está longe de ser um filme ruim. Pelo contrário, é uma jornada emocionante, belíssima e com uma protagonista marcante. Mas “Valente” tem problemas de ritmo e peca por desejar ser um filme de princesa da Disney, algo que o torna menos Pixar. As músicas inseridas não são boas e não funcionam dentro da narrativa. Elas atrapalham o desenvolvimento emocional e o efeito dramático de algumas sequências importantes.
Mas por outro lado, a maneira como o enredo constrói a relação de mãe e filha, e utiliza a aventura, e magia, para trabalhar o aprendizado e amadurecimento de ambas as personagens é algo eficiente que consegue nos fazer se importar com elas. Os personagens coadjuvantes também não prejudicam o desenvolvimento da trama, e são pontuais no humor e em como são utilizados dentro da história.
Por fim, em minha opinião, “Valente” fica no meio termo. Possui qualidades memoráveis e encantadoras, e problemas que o fazem ser um exemplar comum e pouco impactante da Pixar. É um bom filme, mas não um excelente filme da Pixar.
Brave/EUA – 2012
Dirigido por: Mark Andrews, Brenda Chapman e Steve Purcell
Vozes no original: Emma Thompson, Kelly Macdonald, Billy Connoly…
Sinopse: A jovem princesa Merida foi criada pela mãe para ser a sucessora perfeita ao cargo de rainha, seguindo a etiqueta e os costumes do reino. Mas a garota dos cabelos rebeldes não tem a menor vocação para esta vida traçada, preferindo cavalgar pelas planícies selvagens da Escócia e praticar o seu esporte favorito, o tiro ao arco. Quando uma competição é organizada contra a sua vontade, para escolher seu futuro marido, Merida decide recorrer à ajuda de uma bruxa, a quem pede que sua mãe mude. Mas quando o feitiço surte efeito, a transformação da rainha não é exatamente o que Merida imaginava… Agora caberá à jovem ajudar a sua mãe e impedir que o reino entre em guerra com os povos vizinhos.