Crítica: Venom – Tempo de Carnificina (2021)
O primeiro “Venom” lançado em 2018 foi um sucesso surpreendente de bilheteria e logo recebeu…
O primeiro “Venom” lançado em 2018 foi um sucesso surpreendente de bilheteria e logo recebeu sinal verde da Sony para uma continuação. E eis que aqui estamos com “Venom – Tempo de Carnificina” que desta vez introduz o inimigo principal do personagem, e se assume escancaradamente uma comédia pastelão besta e caricata.
Venom é um personagem que surgiu nos anos 80 e se tornou extremamente popular pela violência desenfreada e visual icônico que se opunha ao vermelho do Homem-Aranha. O sucesso foi tanto que logo surgiram derivados, inclusive o Carnificina, e o personagem ganhou versões diversas ao longo dos anos. Falar dos filmes do Venom é um paradoxo para mim. O primeiro longa é uma mistura de intenções que não se encontram e, ao menos para mim, soa cafona, sem graça e ridículo, com alguns momentos que beiram a vergonha alheia e se não se encaixam com a fotografia e ambientação soturna do projeto.
Mas não se mexe em time que está ganhando, e com mais de $ 800 milhões arrecadados em bilheteria do original, desta vez os produtores decidem assumir totalmente a pieguice e aumentam mais ainda a dose de comédia física e a dinâmica do ‘casal que briga constantemente mas se ama’ entre Eddie Brock (Tom Hardy) e o seu parasita, Venom. É difícil entender o sucesso de um filme que trata seus personagens com tamanha bestialidade e cafonice sendo que já vivenciamos situações desastrosas no cinema de casos parecidos, desde Batman de mamilos, Demolidor lutando em parquinho de criança até Homem-Aranha emo dançando na rua (algo causado pelo simbionte do Venom, diga-se!). Mas “Venom” possui uma mágica própria, algo que conquistou grande parte do público e fez não somente o primeiro, mas este segundo longa ser um baita sucesso – “Tempo de Carnificina” arrecadou $ 90 milhões em seu final de semana de estreia, um valor maior que o do filme original em 2018 e em tempos de instabilidade por causa da pandemia.
Em minha opinião, “Venom – Tempo de Carnificina” consegue ser melhor do que o primeiro pois é mais focado naquilo que almeja ser. Mas não deixa de ser um filme sem eira nem beira onde a própria cafonice não consegue se encaixar com aquele universo, e o texto é tão mal escrito que nada sai convincente ou minimamente respeitoso. “Tempo de Carnificina” é uma comédia romântica entre um ser humano e um ser alienígena que brigam, se separam, mas depois entendem a importância de um na vida do outro. Os momentos ‘vergonha alheia’ são presentes com mais frequência nesta continuação, com diálogos expositivos que explicam o óbvio, ou situações jogadas na cara do público que não possuem contexto, ou simplesmente diálogos que miram insistentemente na comicidade. É uma dinâmica cansativa que torna o filme de apenas 90 minutos em uma experiência bem mais longa.
Mas há qualidades em “Venom – Tempo de Carnificina” como, por exemplo, a luta entre os simbiontes no ato final. Não é um marco do cinema ou algo memorável, mas após tamanho sofrimento em ver um personagem com tanto potencial catártico ser tratado como uma piada, um trapalhão, Venom lutando contra o Carnificina (Woody Harrelson) é uma sequência divertida e ritmada. Ao fim, o que mais empolga neste filme é justamente a cena durante os créditos finais que é de extrema importância para o futuro do personagem.
Venom – Let There Be Carnage/EUA – 2021
Dirigido por: Andy Serkis
Com: Tom Hardy, Woody Harrelson, Michelle Williams, Naomi Harris, Stephen Graham…
Sinopse: Em Venom – Tempo de Carnificina, depois de um ano dos acontecimentos do primeiro filme, Eddie Brock (Tom Hardy) está com problemas para se acostumar na vida com o symbiote Venom. Eddie tenta se restabelecer como jornalista ao entrevistar o serial killer Cletus Kasady, também portando um symbiote chamado Carnage e que acaba escapando da prisão após sua execução falhada.