Crítica: Viúva Negra

A primeira vez que Natasha Romanoff, ou mais conhecida como Viúva Negra, apareceu no cinema foi em “Homem de Ferro 2” lá em 2010 – logo no segundo filme de todo o Universo Cinematográfico da Marvel! Portanto, a personagem vivida por Scarlett Johansson está desde o início do que hoje podemos dizer ser o investimento mais lucrativo do cinema atual. Desde então, ela apareceu em outros seis filmes mas só agora foi ganhar a sua aventura solo (este é o oitavo longa da atriz na Marvel).

Independente de como seria um filme da personagem lá no começo do MCU, o resultado final de “Viúva Negra” é um thriller de ação sólido, envolvente e que surpreende com uma lado familiar tocante e emotivo. A história se passa após os acontecimentos de “Capitão América – Guerra Civil”, logo quando Capitão América e seu grupo estão foragidos por não terem cumprido as normas do Tratado de Sokovia. O general Ross (William Hurt) está à caça dos heróis fugitivos, incluindo Natasha. Para fugir do radar, ela se esconde em um lugar idílico da Noruega, mas a paz dura pouco quando é levada de volta ao seu passado após receber uma encomenda de uma pessoa importante em sua vida. Família, organização criminosa, conspiração, fugas e perseguições dão o tom, mesclado com um humor equilibrado que não sobrepõe o foco central da narrativa, e colabora bastante na construção da identificação do público com as relações familiares exploradas no filme.

A diretora Cate Shortland vêm de projetos menores, independentes e longe de terem um caixa milionário como os filmes da Marvel. Mas foi chamada por entender a importância dramática das relações familiares e da urgência política de uma família desintegrada (algo visto em seu longa “Lore” de 2013). “Viúva Negra” é divertido, empolga e possui cenas de ação cada vez mais grandiosas e com o selo Marvel de competência. Não há momentos memoráveis como em “O Soldado Invernal” ou “Guerra Civil”, por exemplo. As cenas de ação são bem realizadas e funcionam dentro da história, mas soam padrão e pouco surpreendentes.

Mas, possivelmente, o maior acerto de “Viúva Negra” seja justamente a construção dos lações familiares que envolvem a vida de Natasha. Mais sobre ela, e menos sobre o ícone do heroísmo e sensualidade que é a Viúva Negra, o filme é sobre uma mulher, sobre alguém que foi deslocada de uma infância normal para ser treinada e viver à mercê de homens inescrupulosos e desumanos. Sua vida inteira foi marcada por escolhas realizadas por outras pessoas, e aqui temos um enfoque, e profundidade maior, nos sentimentos e realizações que fizeram de Natasha uma mulher forte, madura e diferente da assassina fria que foi no passado. Um subtexto de empoderamento, sim, mas longe de ser algo panfletário, cafona e cansativo.

A família é a grande importância das idas e vindas destes personagens, e o elenco não poderia ser mais precioso. Além da sempre excelente Scarlett Johanson – que dispensa apresentações -, o filme introduz com louvor outra personagem que agora estará na posição de Viúva Negra no MCU: Yelena Belova interpretada pela maravilhosa Florence Pugh. E destaque também para Rachel Weisz como alguém essencial na vida de Natasha, e claro, em minha opinião o maior destaque de todo o filme: David Harbour como Alexei Shostakov, ou como era conhecido em seus dias de glória: ‘O Guardião Vermelho’. Uma escolha de elenco magistral para compor esta família problemática.

Muito melhor do que imaginava, “Viúva Negra” é uma aventura de respeito e cheia de sentimentos para uma personagem amada pelo público, e que teve um fim trágico em “Vingadores: Ultimato”. Mas o filme acerta ao estabelecer novos personagens que irão levar adiante o legado de Natasha Romanoff.

Disponível nos cinemas e no Disney+.

Black Widow/EUA – 2021

Dirigido por: Cate Shortland

Com: Scarlet Johansson, Florence Pugh, David Harbour, Rachel Weisz…

Sinopse: No novo filme da Marvel Studios, “Viúva Negra”, Natasha Romanoff (Scarlett Johansson) precisa confrontar partes de sua história quando surge uma conspiração perigosa ligada ao seu passado. Perseguida por uma força que não irá parar até derrotá-la, Natasha terá que lidar com sua antiga vida de espiã, e também reencontrar membros de sua família que deixou para trás antes de se tornar parte dos Vingadores.