O cineasta Daniel Rezende tem um desafio pela frente: transformar Mônica, Cebolinha, Cascão e Magali em personagens de carne e osso. Ele é o diretor de “Laços”, adaptação que vai levar o universo de Maurício de Sousa para o cinema, pela primeira vez com atores reais nos papéis.
“É difícil, porque a Turma da Mônica está na infância de muitas pessoas. Transformá-la em realidade é mexer com o imaginário de várias gerações”, diz Rezende. A ideia é selecionar crianças entre 7 e 11 anos, mas o processo ainda não começou porque, antes, é necessário terminar de escrever o roteiro.
Na história, lançada pelo selo Graphic MSP em 2013, Mônica e sua turma se perdem durante a noite quando saem à procura do cachorro de Cebolinha, o Floquinho. Ele, aliás, será o primeiro “ator” selecionado. “Como é um cachorro muito específico, com pelo que não pode ser cortado, nosso plano é treinar vários filhotes até a hora de gravar”, explica o diretor.
Os planos deixam o criador da turma curioso. “Mas, se tem alguém que pode dar conta do recado, é o Daniel. Até mesmo como desafio próprio, porque esse filme é diferente de tudo que ele já fez”, justifica Maurício de Sousa.
Rezende, que está prestes a lançar “O Rei das Manhãs”, história do intérprete do palhaço Bozo, foi indicado ao Oscar por seu trabalho como editor no filme “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, em 2002. Walter Salles, José Padilha e Terrence Malick também estão no currículo do paulistano.
Filmes como “Os Goonies” e “Conta Comigo” são referências no clima de “Laços”, mas Rezende acredita que a essência do longa está nos personagens da Turma da Mônica. “Temos muita liberdade, mas vamos achar nosso filme dentro da graphic novel e do universo do Maurício”, diz. “E, mesmo sendo uma adaptação de uma releitura dos gibis, a pergunta que me guia sempre é: ‘Como seria a turma se ela existisse de verdade?’.”
Com mais de 50 anos de história, esse universo já virou filme tanto para o cinema quanto para a TV, mas nunca com crianças nos papéis dos protagonistas. Maurício diz que só aceitou fazer o projeto porque acredita na história que Laços conta.
“Quando eu li essa história, percebi que era um roteiro perfeito para o cinema. É engraçado, tocante, envolvente: tem tudo que um filme precisa para mexer com públicos de todas as idades”, explica.
O filme foi anunciado pelo cartunista em 2015, sem diretor. Rezende e ele só se conheceram este ano, quando as produtoras do filme, Quintal Digital e Latina Estúdio, gostaram da visão do diretor para o longa. A partir daí, Maurício entregou o projeto nas mãos de Rezende e dos roteiristas Thiago Dottori e Luiz Bolognesi, mas está confiante com o resultado.
“Talvez não saia da maneira que as pessoas esperem, mas será incrível e surpreendente, ainda mais com a genialidade do pessoal envolvido”, diz. Vitor Cafaggi, que criou a história com sua irmã, também está animado: “Quero ver o cabelo do Cebolinha, as sujeirinhas nas bochechas do Cascão, a Mônica carregando o Sansão e a barriga da Magali roncando de fome”.
“Laços” está em processo de captação de recursos e deve chegar aos cinemas em 2017. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.