Crítica

Desventuras em Série: desventuras maiores e melhores

Segunda temporada da série da Netflix resolve seus problemas com ritmo e cativa com seu enredo

A segunda temporada de Desventuras em Série, da Netflix, chegou com duas tarefas grandes para corrigir em relação aos seus primeiros episódios: apesar de ser um seriado infantil, encontrar uma maneira de apelar para a audiência mais velha; e resolver o seu terrível problema de ritmo, com episódios inconstantes em intermináveis.

Fico feliz em dizer que, no geral, o programa estrelado por Neil Patrick Harris conseguiu resolver muito bem estas questões, tomando maiores liberdades no roteiro e em relação ao material literário original, permitindo que  seriado respirasse e evoluísse sozinho.

O bom

Desventuras em Série retoma, literalmente, de onde a primeira temporada parou e já com duas piadas autorreferentes excelentes sobre o tempo que passou para o elenco mirim, em fase de crescimento perceptível.

Daí você já sabe que a série vai escapar da rigidez e do humor forçado da sua primeira temporada. As mudanças no ritmo e nos diálogos é enorme. A maior parte das trocas é rápida, acelerada, e o humor oscila entre o pastelão físico e às piadas mais adultas e referentes.

O resultado é muito bom, deixando os episódios, em geral ainda muito recheados de trama, mais palatáveis e menos pesados, especialmente em relação à temporada anterior.

Outros aspectos já estelares do seriado continuam excelentes: trilha sonora e direção de arte. A temática meio gótica e a paleta cinza continua impregnando tudo e este visual completamente estilizado do seriado cai muito bem e é bastante explorado nestes novos episódios. Dá pra encher os olhos.

Em termos de atuação, Neil Patrick Harris parece ter finalmente se encontrado como conde Olaf. Na temporada anterior, o ator ainda parecia um pouco deslocado no papel, mas desta vez ele está incrível, roubando com facilidade a cena.

Patrick Warburton continua sendo puro charme e carisma como o narrador, Lemony Snicket e o sempre incomparável Nathan Fillion faz uma participação especial maravilhosa como seu irmão, Jacques Snicket.

Outras novatas de destaque são Sara Rue, que consegue ser extremamente amável como Olivia Caliban, e Lucy Punch, completamente detestável como Esmé Squalor. As duas atrizes se encaixaram como luvas em seus papéis.

E por fim cabe elogiar como sempre o elenco mirim: Louis Hynes e Malina Weissman continuam excelentes como os irmãos Baudelaire.

O ruim

Embora a série tenha melhorado drasticamente, ela ainda não está perfeita. Algumas piadas ainda são terríveis e, embora o seu ritmo tenha melhorado, alguns episódios ainda parecem terrivelmente longos ou senão terrivelmente cheios.

Ou seja, a forma de se dividir e adaptar os livros que deram origem a série ainda precisa ser melhor trabalhada para este formato.

O veredito

Desventuras em Série melhora, e muito, tudo o que foi feito na temporada anterior. Seu universo se expande, assim como a intriga e o mistério da trama principal. São atores ainda são excelentes e sua direção de arte é no ponto. Se você ainda não deu uma chance ou estava desanimado com a primeira temporada, não siga o conselho de Lemony Snicket: por favor, assista.