Dia das Bruxas: Lendas urbanas de Goiânia
O Mais Goiás reuniu cinco histórias que correm o imaginário de pessoas que moram em Goiânia
Já ouviu falar de fantasmas que assombram o Parthenon Center? Dos espíritos agressivos do Martim Cererê? Mas a história dos assassinatos da rua 74 você conhece? Assim como qualquer outra cidade do mundo, Goiânia também tem seus folclores e lendas urbanas próprios. Aproveitando o clima de Dia das Bruxas, comemorado nesta terça-feira (31), o Mais Goiás reuniu cinco histórias que arrepiaram os cabelos de muita gente que mora na capital.
ASSASSINO DA 74
Em 1957, seis membros da família Mateucci foram massacrados a machadadas dentro da própria casa na rua 74, no Centro. Apenas Wânia Mateucci, de 2 anos, foi poupada. O patriarca, Wanderley, tinha um armazém bem frequentado da região e era conhecido. Morreram ele, a esposa Lourdes de Sá e quatro de seus cinco filhos – Walkíria, de 6 anos; Wagner, de 5; Wolney, de 4; e Wilma, de 9 meses. Vale lembrar que na época Goiânia era uma cidade pequena em que todo mundo se conhecia e dormia de porta aberta. O crime passou sem explicação e chocou os moradores na época e ficou cravado na memória de Goiânia. Um homem foi preso e condenado, mas segundo rumores, nunca se soube se ele era realmente o culpado. Muita gente ouviu a história e passou adiante que a casa, hoje uma loja de embalagens, abrigou os fantasmas dos mortos por décadas, além de várias teorias sobre quem era o terrível assasino. O caso rendeu até mesmo um livro-reportagem de Miguel Jorge, Veias e Vinhos, lançado em 1982, que teria pesquisado a fundo os boatos e notícias ao redor do massacre. O autor teria inclusive falado com o homem condenado pelo crime, mas não tentou contato com Wânia, única sobrevivente do crime. Mas o que se sabe mesmo hoje são só histórias: “A gente ouvia histórias de que a casa era assombrada. Eu tinha medo até de andar na calçada, diziam que você podia ouvir gritos”, conta Marina F., dona de casa que cresceu na Rua 59. Até hoje não se sabe, realmente, quem foi o responsável nem o que motivou o crime bárbaro.
SUICIDA DO PARTHENON CENTER
Uma das histórias mais conhecidas do Setor Central de Goiânia, conta que um fantasma assombra os andares do Parthenon Center, edifício comercial que fica na Rua 4 da capital. Mariana C., cirurgiã-dentista que trabalha no prédio, conhece muito bem a história. “A outra profissional que divide o consultório comigo estava no local quando houve um suicídio. Mas as histórias de fantasmas quem me contou foi um paciente. Não quis nem saber em que andar aconteceu pra não ter medo”, disse. Sandra S., entretanto, comenta que durante a década de 1990, ouviu muitas histórias sobre muitos suicidas que pularam do edifício. “Sempre que ia ao Parthenon, sentia algo estranho. Nunca cheguei a ver nada, só escutei relatos e senti alguns calafrios nos elevadores”, comentou. O fato é que muitas pessoas, realmente, usaram o edifício para tirar suas vidas. Um episódio recente, inclusive, aconteceu em abril deste ano.
MARTIM CERERÊ
Considerado por muitos como o lugar mais assombrado de Goiânia, o Centro Cultural Martim Cererê é formado por duas antigas caixas d’água. Segundo a lenda, o lugar foi usado durante a ditadura militar para torturar e matar perseguidos políticos e agora seus fantasmas assombram os teatros. “Uma vez eu estava sozinho à noite no escritório e a porta bateu do nada, como se alguém a tivesse chutado. Não tinha ninguém lá”, conta o publicitário Marcus M.. Ele disse que relatos de coisas estranhas por lá eram frequentes: “Ouvíamos barulhos vindo de dentro do teatro mesmo com ele estando trancado. Vozes lá dentro”. De segunda mão, os relatos ficam mais animados, segundo ele, como as portas se mexendo, como se alguém tentasse sair das antigas caixas, além da visualização de criaturas e vultos na escuridão.
TEATRO GOIÂNIA
Outro lugar com fama de assombrado é o Teatro Goiânia. Além de ser o teatro mais antigo do cidade, o teatro possui má fama por ser cheio de corredores estreitos e pouco iluminados atrás do seu palco, sendo um prato cheio para aparições. Supostamente Goiânia tem seu próprio Fantasma da Ópera, um espírito que vaga pelo backstage, assombrando os artistas. “A gente escuta uns barulhos, vê vulto passando”, conta um servidor que trabalha no teatro há mais de 10 anos. Além da experiência em primeira mão, ele diz que já ouviu muita história: “Sabe, barulhos estranhos, porta fechando, luz piscando”, conta. Porém, ele mesmo não acredita e acha que é a própria fama do teatro que já deixa o pessoal assim, meio apreensivo: “Eu não sei se acredito nisso não”.
TÚNEIS DO CENTRO
Fátima A. mora em Goiânia desde 1990. Assim que começou a conhecer melhor as ruas e setores da capital, começou a ouvir histórias sobre os túneis do Centro. “Eu mesma nunca acreditei. Mas nunca se sabe, né?”, disse, desconfiada. Segundo ela, o que lhe contaram é que há uma série de passagens subterrâneas debaixo do concreto das principais avenidas do Setor Central. Para quê? “Nunca souberam me explicar. Lembro que alguns amigos falavam que ladrões usavam esses túneis para assaltar as pessoas à noite”, contou. Fátima estava meio certa em desacreditar. Durante a Ditadura Militar, o governo realmente tentou construir alguns túneis no Centro para ligar o Teatro Goiânia ao Palácio das Esmeraldas. A obra, porém, não chegou a ficar pronta. Com o fim da ditadura, a construção foi interrompida e o túnel, fechado.