Em entrevista, Mano Brown faz duras críticas ao cenário político brasileiro
O rapper Mano Brown, do Racionais MCs, deu uma entrevista bombástica ao gaúcho Zero Hora…
O rapper Mano Brown, do Racionais MCs, deu uma entrevista bombástica ao gaúcho Zero Hora antes de fazer um show solo na cidade. Franco, o músico tocou em diversos pontos sensíveis, inclusive falando da atuação política do seu grupo musical.
Sobre 2018, em que a banda completa 30 anos, ele disse que não será um ano de celebração, mas de luto: “Celebrar com os seguidores de Bolsonaro me perseguindo? Meus fãs me traindo? Não tem nada para celebrar. É luto, meu parceiro. Os caras que eram fãs, hoje, me perseguem. Me chamam de maconheiro, defensor de bandido, petralha, Lei Rouanet – que nem sei como usa, nunca usei. Celebrar?”, questiona.
Ele disse que a periferia hoje não tem mais a consciência de quando o grupo se formou, em 88: “Hoje, a luta que as pessoas dizem ter é individual. Não vejo mais luta de classes. A luta é por conforto. A periferia está pedindo segurança, votando em polícia, se escondendo dentro de igreja e atrás de pastor, não assumindo a parte que lhe cabe. Então, qual seria a importância dos Racionais hoje? Falar de Deus, de família? Não. Isso é o que fala o discurso da direita no Congresso. Que é homofóbica, racista, um monte de coisas”.
O cantor também disse que o brasileiro está deixando seus músicos de lado em prol de músicas descartáveis: “Estou de luto. Hoje é sexo, drogas e vida dos outros. Não há mais nem rock’n’roll, porque até a música hoje é dispensável. Música, hoje, é para consumir, chapar, ficar louco e já era. Você pode falar: nem todos são assim. Mas vê os números. Grandes artistas, grandes pensadores estão sendo esquecidos, apagados, varridos do mapa”.