Repercussão

Em São Paulo, Roger Waters chama Bolsonaro de neofascista e divide plateia

Roger Waters não decepcionou quem esperava dele um show cheio de música, espetáculo visual e muito discurso…

Roger Waters não decepcionou quem esperava dele um show cheio de música, espetáculo visual e muito discurso político na abertura da porção brasileira da turnê “Us + them” , nesta terça à noite, na Arena Palmeiras, em São Paulo . Embora o presidente americano Donald Trump continue sendo o alvo preferido do cofundador do Pink Floyd, o candidato à presidência do Brasil pelo PSL, Jair Bolsonaro , foi mencionado algumas vezes direta e indiretamente na apresentação.

A primeira vez foi durante intervalo que Waters e banda fizeram após a execução da seminal “Another brick in the Wall”, que contou com a participação de meninos e meninas de comunidades paulistanas acompanhando a música numa espécie de coreografia. Vestidos com macacões laranja, como prisioneiros americanos, eles terminam o número exibindo camisetas com a inscrição “Resist” (resista, em inglês).

Já no intervalo, o grande telão que ocupa toda a extensão do palco exibiu vários slides com exemplos de personagens, tendências e comportamentos que merecem resistência. Em um deles, estava escrito que devemos resistir “ao neofascismo”. E, em seguida, o telão mostrou exemplos de países e líderes políticos onde o neofascismo estaria em ascensão. Um dos países citados foi o Brasil e o líder apontado é Bolsonaro.

Foto: Alessandro Giannini / Agência O Globo

Mais para o final do show, após outro grande sucesso do Pink Floyd, “Eclipse”, o telão exibiu pela primeira vez a inscrição #Ele não, em referência à campanha nas redes sociais contra o voto em Bolsonaro. Antes de começar o bis, que teve “Mother” e “Confortably numb”, Waters recebeu vaias e aplausos do público durante pelo menos três minutos, numa disputa que claramente foi vencida pelos admiradores do roqueiro e de sua música.

Em um discurso breve, o músico afirmou saber que há uma eleição em andamento no país e que “não tem nada a ver com isso”. Mas, disse ele, não poderia deixar de se posicionar:

— Eu sou a favor dos direitos humanos — afirmou ele, que agradeceu o carinho do público. — Prefiro estar num lugar em que o líder não acredita que a ditadura é uma coisa boa. Lembro das ditaduras da América do sul e não foi bonito.