"Vai servir"

‘Errei’, diz apresentadora da Globo que pediu para convidada negra servir cocada ao público

"Errei e não há nada a ser dito para justificar ou inimizar esse erro, a não ser me desculpar", escreveu Talitha Morete, do programa 'É de Casa'

Foto: Reprodução - Globo

Um trecho do programa “É de Casa” (Globo) exibido neste sábado (11) levantou uma discussão nacional sobre racismo estrutural. O vídeo viralizou nas redes e mostra a jornalista e apresentadora Talitha Morete, 37, pedindo para a única convidada negra levantar-se de onde estava para servir as outras pessoas que estavam no estúdio. A transmissão foi ao vivo pela TV aberta.

A convidada era Silene, uma doceira da Cidade de Deus, no Rio de Janeiro. Ela foi ao programa para contar os segredos de sua receita de cocada. Em determinado momento, Talitha pegou a bandeja com os doces de Silene, atravessou todo o cenário e a entregou. “Vai servir todo mundo, Silene! Todo mundo está querendo a sua cocada”.

Visivelmente desconfortável, Manoel Soares, 42, único apresentador negro da atração, interveio nesta hora: “Vamos fazer o seguinte? Eu vou ser o seu garçom e você vai me orientar para quem eu vou servir, porque você não vai servir ninguém”, falou o apresentador.

Com sua atitude, Talitha, que é loura e branca, vinha sendo acusada nas redes sociais de racismo estrutural. O termo é usado para reforçar o fato de que existem sociedades estruturadas com base na discriminação – ou seja, sociedades em que os atos discriminatórios de certos grupos étnico-raciais sobre outros já estão enraizados.

As páginas de Talitha foram invadidas por mensagens de reprovação – somente em sua conta no Instagram foram quase 7.000 comentários em dois dias e meio, a maioria criticando sua postura. Nesta terça-feira (14), a apresentadora postou um pedido de desculpas na mesma plataforma.

“Errei e não há nada a ser dito para justificar ou inimizar esse erro, a não ser me desculpar. Desde sábado eu tenho refletido sobre o ocorrido. Tenho refletido sobre o lugar que ocupei nesse contexto. Como ser humano, como comunicadora, quero transformar esse episódio em aprendizado e num compromisso de vigília antirracista constante. É isso o que posso e devo fazer”, escreveu a apresentadora.