Fábio Porchat fala sobre protestos contra cena de pedofilia em filme de Danilo Gentili: ‘Temas pesados são retratados o tempo todo no audiovisual’
A polêmica gira em torno do filme 'Como se Tornar o Pior Aluno da Escola'
O ator Fábio Porchat respondeu às recentes acusações contra o filme “Como se tornar o pior aluno da escola” (2017), do qual faz parte do elenco. O longa, que foi inspirado em um livro de Danilo Gentili com o mesmo nome e entrou no catálogo da Netflix em fevereiro, esta sendo alvo de uma polêmica. Parlamentares bolsonaristas criticaram a produção e afirmaram que a mesma incita a pedofilia. O comediante, que interpreta o pedófilo, falou sobre as críticas:
“Como funciona um filme de ficção? Alguém escreve um roteiro e pessoas são contratadas para atuarem nesse filme. Geralmente o filme tem o mocinho e o vilão. O vilão é um personagem mau. Que faz coisas horríveis. O vilão pode ser um nazista, um racista, um pedófilo, um agressor, pode matar e torturar pessoas… O Marlon Brando interpretou o papel de um mafioso italiano que mandava assassinar pessoas. A Renata Sorah roubou uma criança da maternidade e empurrava pessoas da escada. A Regiane Alves maltratava idosos. Mas era tudo mentira, tá gente? Essas pessoas na vida real não são assim”, disse Porchat em nota enviada ao GLOBO na última segunda-feira, dia 15.
O momento destacado nos protestos que criticam o filme mostra o personagem de Porchat assediando sexualmente dois garotos: ele interrompe dois adolescentes que estão discutindo e pede que o masturbem. O Secretário especial da Cultura, Mario Frias afirmou que a produção “é uma afronta às famílias e às nossas crianças”, acrescentando que “utilizar a pedofilia como forma de humor é repugnante e asqueroso”.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública determinou que o filme seja removido dos catálogos das plataformas de streaming no Brasil. O não cumprimento da medida, tomada por meio da Secretaria Nacional do Consumidor, pode resultar em multa diária de R$ 50 mil, afirmou o ministro nesta terça-feira. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, informou ter pedido a “vários setores” que tomem “providências cabíveis” contra o filme, sem especificar as ações.
Vale lembrar, porém, que foi o próprio Ministério da Justiça que determinou, com base em regras técnicas, a classificação indicativa de 14 anos para o filme. Nomes como o deputado estadual André Fernandes (Republicanos-CE), a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) e o vereador de Niterói Douglas Gomes (PTC-RJ) apoiam a iniciativa do ministro.
A nota de Porchat sobre as críticas finaliza:
“Temas super pesados são retratados o tempo todo no audiovisual. E às vezes ganham prêmios! Jackie Earle Haley concorreu ao Oscar em 2007 interpretando um pedófilo no excelente filme ‘Pecados Íntimos’. Só que quando o vilão faz coisas horríveis no filme, isso não é apologia ou incentivo àquilo que ele pratica, isso é o mundo perverso daquele personagem sendo revelado. Às vezes é duro de assistir, verdade.
Quanto mais bárbaro o ato, mais repugnante. Agora, imagina se por conta disso não pudéssemos mais mostrar nas telas cenas fortes como tráfico de drogas e assassinatos? Não teríamos o excepcional ‘Cidade de Deus’? Ou tráfico de crianças em ‘Central do Brasil’? Ou a hipocrisia humana em O Auto da Compadecida. Mas ainda bem que é ficção, né? Tudo mentirinha”.