Música

Feat de Dulce Maria e Marília Mendonça vira homenagem

No clipe, divulgado pela cantora mexicana no YouTube e nas redes sociais, aparecem imagens delas gravando separadamente trechos da música.

Feat de Dulce Maria e Marília Mendonça vira homenagem

Dulce María, ex-integrante do RBD, lançou nesta sexta-feira (17) o clipe da música “Amigos con Derechos”, que gravou a distância com Marília Mendonça e que iria inaugurar a carreira internacional da cantora brasileira, vítima fatal de acidente aéreo ocorrido em 5 de novembro, em Minas Gerais.

No clipe, divulgado pela cantora mexicana no YouTube e nas redes sociais, aparecem imagens delas gravando separadamente trechos da música. Também foram utilizados vídeos de shows de Marília, bastidores e imagens da cantora grávida do filho Léo, que completou dois anos em dezembro.

“Eterno e lindo obrigado Marília por sua generosidade, seu coração tão grande, sua humildade, por cantar comigo, por capacitar outras mulheres, incluindo eu. E obrigada por este grande presente que me deixou para compartilhar com as pessoas antes de partir”, disse Dulce María.

Em vídeo divulgado no Instagram três dias antes do lançamento, Dulce María contou que, desde agosto, estava em contato com Marília. Ela falou que foi muito difícil gravar a música e não tinha certeza se lançaria o feat póstumo. “Como muitos de vocês sabem, ela estava aprendendo espanhol porque queria seguir uma carreira internacional. Ela gravou em dois dias e tínhamos as vozes em espanhol e português.”

Renato Aires, diretor da InHouse Idiomas, em Catalão (250 km de Goiânia), é o professor de espanhol que foi procurado, em agosto, pelo ex-aluno Gustavo Marques, que é compositor e funcionário da Work Show, escritório que gerenciava a carreira da brasileira.

Marques estava com Marília no estúdio durante as gravações da música em espanhol e mandou os áudios por Whatsapp para o professor. Ele fez a revisão da pronúncia das palavras em espanhol e devolveu com comentários. “Ela fez as correções e mandaram a música de novo [para eu ouvir]. Ficou super legal, a música é um espetáculo.”

Aires afirma que havia pequenas correções de pronúncia que são erros comuns de brasileiros ao falar o idioma. “A pronúncia estava excelente [para quem nunca havia estudado espanhol], a música é uma potência, linda”, afirma.

Duas semanas depois, a cantora começou a fazer aulas de espanhol, uma vez por semana, pela ferramenta de videoconferência Zoom. Ele revela que, mesmo com 20 anos de carreira, ficou inseguro no primeiro dia de aula quando se conectou para falar com Marília Mendonça. “Quando ela abriu o Zoom do quarto dela, da intimidade, foi como se fosse uma pessoa que eu conhecesse há muito tempo e eu tive a mesma sensação [da reação] dela.”

Segundo o professor, Marília estava muito entusiasmada com o lançamento da música com Dulce María, de falar com um público hispânico e de expandir sua carreira. “Ela estava muito feliz em estudar e quando aprendia [algo novo] compartilhava no Instagram e me marcava”, diz Aires.

Nos três meses que lecionou espanhol para a cantora, o professor identificou muita facilidade dela em aprender o idioma. Ele explica que normalmente os alunos têm muita dificuldade na pronúncia do som das letras “v” e “b”, que carregam esse problema durante alguns módulos.

“Na primeira, segunda aula, ela já tinha internalizado isso. Obviamente tem muito a ver com a questão da oralidade, ouvido para músicas. Ela tinha essa vantagem que era o ouvido sensível musicalmente falando e para outros idiomas.”

Com a retomada dos shows, o professor diz que a cantora começou a ter um pouco de dificuldade de manter o mesmo dia e horário das aulas, mas mesmo assim ela não perdia a empolgação em aprender espanhol. “Tudo o que ela aprendia de novidade ela celebrava na aula, demonstrava muita alegria e tinha um caderno onde que anotava tudo .”

Ele conta que quando viu pela televisão o acidente com a aeronave em que a cantora viajava, os destroços e o caderno que ela carregava com letras das músicas se lembrou de outra característica de Marília: registrar tudo à mão. “Ela gostava de fazer isso nas aulas também e falava ‘professor espera que eu vou anotar’. Tinha uma preocupação com o registro'”, diz Aires.