Cinema

Filmes trash para ver no Dia das Bruxas

Não é porque são filmes de terror que precisam ser levados a sério

Para cada filme que ajuda a redefinir o gênero de terror e se torna um clássico instantâneo, como HalloweenAlien ou O Exorcista, existem outras dezenas de longas que servem apenas para divertir, involuntariamente, a audiência.

Existe todo um mercado de filmes B, vulgo trash, recheado de clássicos nonsense como Rato-Humano que fazem a alegria de muita gente. Mas muitas vezes estas características do trash vazam para Hollywood.

O resultado são filmes feitos a sério, com a intenção legítima de assustar, e que só conseguem ser outra coisa. Na melhor das hipóteses são divertidos e às vezes até engraçados. Na pior, eles só são ruins e acabam sendo lembrados por seus efeitos especiais ruins, premissa ridícula ou atores péssimos.

Separamos alguns destes exemplares para você curtir nesse Dia das Bruxas sem exatamente ter que passar medo.

Piranha 3D

“Kelly Brook pelada – em 3D” deveria ser o nome deste longa da franquia de filmes horríveis Piranha que sempre possuem a mesma premissa reciclada: piranhas assassinas pré-históricas ressurgem em algum lugar pacífico e cheio de turistas. Porque sim, e pronto. Não pense muito sobre isso. As terríveis criaturas dentadas seguem então a devorar todo o elenco por ordem de menor para maior salário/tamanho do sutiã.  Piranha 3D ainda traz uma participação especial datada em seu rol: o antigo galã dos anos 1980 David Hasselhoff e é um dos filmes mais violentos dos últimos anos. Passe adiante se tiver estômago fraco.

Pânico

Um clássico, Pânico trouxe o datado estilo de filmes slasher de volta para o mainstream e foi um enorme sucesso comercial. O que é divertido nele é ser um filme que faz uso de TODOS os clichês do gênero como forma de homenagear Sexta-feira 13Halloween. Sendo assim, Pânico é o filme ideal para se ver bêbado, com amigos ou os dois, conforme uma série de adultos vivendo adolescentes em péssima caracterização são mortos por serem estúpidos ou sexualmente ativos (ou, de novo, pelas duas coisas). O filme gerou várias sequências e uma série de TV, mas o filme original de 1996 continua sendo o melhor.

Evil Dead – A Morte do Demônio

Embora o remake feito em 2013 seja beeeem legal, nós não estamos falando dele e sim do original independente de 1981. O principal atrativo deste filme é ser uma tentativa séria do diretor iniciante Sam Raimi (que mais tarde fez Homem-Aranha) e do seu melhor amigo, o ator Bruce Campbell (que meio que viveu para fazer mais e mais filmes da franquia, basicamente) de fazer um filme aterrorizante de baixo orçamento. O resultado é qualquer coisa, menos isso. Com toda a sua galhofa não intencional, uma atuação péssima de Campbell e um orçamento avaliado em um guaraná e um joinha, o filme tenta o tempo todo ser sério e falha miseravelmente. É muito bom.

Uma Noite Alucinante 3 (Army of Darkness)

Tão legal que Raimi e Campbell resolveram abraçar a galhofa e fazer essa sequência que muda completamente o tom da franquia e é considerada por alguns como a inventora do gênero “terrir”, a fusão de terror com comédia. Na trama, após derrotar o demônio do filme original, Ash (vivido por Cambpell) é enviado para a Idade Média. Por lá, ele precisa ajudar um monarca a derrotar um necromante e seu terrível exército de mortos-vivos. Ash tem como arma dois objetos que conseguiu levar do presente: uma espingarda e uma serra-elétrica que ele prontamente amarra no lugar de sua mão que foi amputada, como se fosse o Capitão Gancho. É ridículo e sensacional em medidas iguais.

Leprechaun

Um duende assassino, senhoras e senhores. Essa é a premissa. E ela é ridícula, ainda mais se você pensar que o incrível ator britânica Warwick Davis se submeteu a este tipo de vexame devido à escassez de papéis para anões e pessoas pequenas. O filme foi lançado em 1993 e tem em seu elenco Jennifer Aniston, a segunda Friend dessa lista (Courtney Cox é a estrela principal de Pânico). Tão brutal quanto os demais slashers da época, o filme acompanha um duende assassinando uma família que roubou seu pote de ouro. É genial e Davis é um ator tão bom que não consegue ser contido pelo papel ridículo de duende. A coisa toda acabou sendo um sucesso e lançando uma franquia e a carreira de Aniston.

Premonição

Antes de James Wan e Jogos Mortais apelarem para todos os sádicos dentro de nós, a maior experiência catártica cinematográfica envolvendo atores ruins sendo empalados por objetos improváveis era Premonição. Provavelmente a franquia de terror mais besta já feita, a premissa é de que um grupo de jovens escapa de uma tragédia por sorte e então a Dona Morte vai buscá-los pessoalmente e sempre usando os métodos mais exagerados, complicados e brutais possíveis. Novamente, é Jogos Mortais com magia ao invés de engenharia. E assim como Jogos Mortais, gerou uma franquia de 500 filmes dos quais apenas os três primeiros são toleráveis. Chame os amigos, abra uma cerveja e faça apostas sobre qual personagem terá a morte mais idiota e mais gratuitamente brutal. E o filme original foi baseado em um roteiro rejeitado de Arquivo X, quem poderia imaginar…

Christine, o carro assassino

Se temos duendes assassinos, por que não carros? Baseado em um livro de Stephen King, esta adaptação do mito John Carpenter deixa um pouco a história de fantasma de lado e investe pesado na ideia do carro maldito como uma entidade. Mais ainda: como uma namorada ciumenta. Isso mesmo. Sendo assim, Christine, um Plymouth vermelho bem maneiro, passa o filme inteiro atropelando desafetos em um filme que você precisa desapegar muuito pra levar a sério. É mais difícil do que Cujo.

Ataque dos Vermes Malditos

A cidade está sendo atacada por monstruosidades que parecem saídas de Stranger Things e apenas Kevin Bacon e seu cabelo perfeito pode impedi-las. Feito em um período estranho (199o) em que Hollywood estava tentando reconciliar o filme de monstro com o cinema de aventura, Vermes Malditos é um filme esquisito que tenta se levar super a sério e investir no fator terror dos monstros ao mesmo tempo em que tenta apelar para adolescentes e passar na Sessão da Tarde. No fim das contas, o filme funciona melhor como um longa de ação e sua premissa descabida e nunca explicada direito serviu para justificar uma franquia cheia de sequências pavorosas… de tão ruim.

Quadrilha de Sádicos

Do final dos anos 1960 até o final dos anos 1970 os EUA tinham um medo coletivo muito específico: cultos. A Família Manson e outras seitas estranhas haviam deixado um rastro de corpos enormes ao longo da década e medo de ser abordado na estrada por um grupo de assassinos usando vestes  se tornou algo muito real. E, é claro, os filmes tiraram vantagem disso. O Bebê de RosemaryO Massacre da Serra ElétricaO Homem de Palha são alguns dos clássicos que se inspiraram nas manchetes, mas Quadrilha de Sádicos chamou a atenção por combinar seitas com um terror diferente: Armaggedon. No filme, a pacata família Carter é sequestrada em uma estrada na Califórnia por uma tribo de mutantes primitivos e canibais, frutos de testes nucleares do Exército dos EUA na região. O filme é bizarro, violento e veio a influenciar muitos longas posteriores.

Teeth

Provavelmente o filme mais divertido, estúpido e mal atuado/produzido desta lista, Teeth acompanha as desventuras de uma adolescente cheia de hormônios amaldiçoada pela Vagina dentata. Isso mesmo. A parte interessante é que é um tanto empoderador também: ao longo do filme vários homens babacas tentam se forçar sobre a heroína que não é nada indefesa. Todos eles acabam sangrando até a morte em cenas que são na mesma medida gráficas, idiotas e risíveis. No geral, o filme é bem terrível, o roteiro não faz o menor sentido e os atores são péssimos. Ou seja: vale cada segundo.