Genival Lacerda foi um gigante
O músico Genival Lacerda morreu hoje (07/01), vítima de covid-19. Um dos maiores nomes do…
O músico Genival Lacerda morreu hoje (07/01), vítima de covid-19. Um dos maiores nomes do forró nacional, ele tinha 89 anos e será enterrado em sua cidade natal, a imponente Campina Grande (PB). Genival tem uma obra sólida que, se hoje não seria bem aceita por conta do politicamente correto, está definitivamente inscrita nos anais da cultura brasileira.
Músicas como Mate o Véio Mate, Severina Xique Xique, Radinho de Pilha e O Chevette da Menina são clássicos absolutos. Basta que as primeiras estrofes sejam cantadas para que um sorriso brote no rosto de quem ouve. Não tem erro, é bola no ângulo.
Junto de Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Zenilton, Sandro Becker e Clemilda, Genival era membro do panteão do forró. Que os demais não me ouçam, mas o paraibano era meu preferido.
Quando criança, meus pais trabalhavam na Caixego. Eu passava os finais de semana no clube dos servidores do banco. Jogando bola, de boa na piscina, brincando no parquinho e ouvindo Genival Lacerda. Suas músicas eram sucesso total no bar. Os casais dançavam entre as mesas, os garçons passavam levando cerveja às mesas, clima de diversão total.
O duplo sentido das letras era o que me chamava a atenção. A molecada toda se debulhava de rir com as sacanagens que ele cantava. Até hoje, quando ouço Genival, sinto cheiro do frango a passarinho do clube da Caixego. É isso que chamam de memória afetiva, né?
Nos anos 1990, ele teve uma fase de grande popularidade com o Rock do Jegue em versão dance music. Como adolescente tapado que eu era, tal qual todo adolescente é, virei a cara para Genival. Se arrependimento matasse… Ainda bem que a gente envelhece.
Genival Lacerda morreu. Mas seu legado fica. Em cada churrasco que suas músicas servem de trilha sonora, em cada casal que dança forró suando com seus sons, em cada gargalhada proferida quando um duplo sentido é compreendido.
Descanse em paz, Genival.