Goiás afora: conheça os talentos regionais dos quadrinhos que conquistaram reconhecimento nacional
Há quem diga que a primeira história em quadrinhos do mundo foi The Yellow Kid, do…
Há quem diga que a primeira história em quadrinhos do mundo foi The Yellow Kid, do estadunidense Richard Outacult, lançada em 1895. Porém, em 30 de janeiro de 1869, o jornalista e caricaturista ítalo-brasileiro, Angelo Agostini, lançava As Aventuras de Nhô-Quim ou Impressões de uma Viagem à Corte. Inclusive, é nesta data, 30 de janeiro, que celebra-se o Dia do Quadrinho Nacional, no Brasil. Se o país foi destaque pelo pioneirismo na chamada nona arte, atualmente goianos fazem bonito para manter o segmento e honrar a proposta.
Quando se fala em quadrinho nacional, rapidamente é possível lembrar de Turma da Mônica, de Maurício de Sousa, como referência. Obras de Ziraldo, como O Menino Maluquinho e a Turma do Pererê também são expoentes. Porém, para além das produções super conhecidas, existe um universo paralelo de grande movimentação profissional mas de iniciativas independentes.
Em Goiás, essa realidade não é diferente e, apesar de incipiente, a cena cultural vem se fortalecendo com trabalhos que se tornaram destaques em todo o território nacional. É o caso da quadrinista Cátia Ana, que produz materiais sobre o cotidiano, e que inclusive já receberam indicações a prêmios. Outro exemplo é Tiago Holsi, que mantém uma produção ativa e consistente, cuja qualidade também mostrou-se capaz de extrapolar o território goiano.
Em Goiânia, para movimentar e dar vida à cena cultural das HQs, público e artistas se servem de eventos periódicos e até de uma loja especializada no ramo, a Mandrake. É nesses ambientes que o apreciador pode imergir no universo dos quadrinhos que, no Brasil, como em Goiás, possui variedade, qualidade e infinidade de artistas dignos de elogios em qualquer canto do globo.
Origem dos quadrinhos
A produção dos Estados Unidos, The Yellow Kid, de Richard Outacult, foi a primeira a inserir os balões de texto nos quadrinhos. E também usava personagens fixos, ações fragmentadas e diálogos. No Brasil, com Angelo Agostini, o uso era de narrativas. Em contrapartida, o lendário Príncipe Valente, de Hal Foster, também não fazia o uso de balões e, ainda assim, é considerado uma HQ.
“O enquadramento e o roteiro da narrativa em Zé Caipora utilizaram técnicas cinematográficas bem antes da 7a arte ser projetada em Paris. Além do uso de bucólicos panoramas, planos gerais e médios, ele [Agostini] utilizou um antológico plano de detalhe. Há, na história, pelo menos uma dúzia de excelentes mudanças de angulação de ponto de vista, e na narrativa são identificadas ações paralelas e retornos. Outra especialidade do autor é a criação sistemática de suspense ao final de cada capítulo”, escreve Athos Eicher Cardoso no livro As Aventuras de Nhô Quim e Zé Caipora – Os primeiros quadrinhos brasileiros (1869 – 1883).
Em relação à já citada data de celebração do Dia do Quadrinho Nacional, ela foi instituída em 1984 pela Associação dos Quadrinistas e Cartunistas do Estado de São Paulo (AQC-ESP). Inclusive, como parte das celebrações deste dia a AQC-ESP organiza o Prêmio Angelo Agostini, que prestigia grandes talentos do quadrinho nacional. Claro, esta não é a única premiação do gênero. E apesar de muito importante, talvez a mais famosa, atualmente, seja o Troféu HQ Mix.
Goiana
Quadrinista há dez anos, a goiana Cátia Ana Balduíno é design gráfico e programadora visual. Ela já concorreu ao maior prêmio dos quadrinhos nacionais em quatro ocasiões: o mencionado Troféu HQ Mix. Na Academia, ela ainda defendeu um mestrado em que analisava a linguagem dos quadrinhos na área dos estudos literários.
Ana começou a produzir durante a faculdade. Em 2010, após o curso, iniciou a produção de O Diário de Virgínia, duas vezes indicada ao HQ Mix. “Trata-se de um projeto com teor autobiográfico. Cerca de 90% dele é feito com histórias para internet. Produzi por seis anos e dei um tempo para fazer o mestrado. Em julho passado, voltei à produção com um personagem novo, o Gatito, sobre o qual também publico na internet e já tenho um livro impresso.”
Além disso, Cátia participou de alguns projetos coletivos, como Quico, Pequi com Quadrinhos (terceira indicação ao HQ Mix) e a coletânea Spam (Zarabatana Books), em 2015 – obra que também foi indicada ao HQ Mix.
Para Cátia, uma data que celebra o quadrinho nacional é importante como um marco. “Mesmo sem tanta visibilidade, temos uma história de produção, tem muita gente produzindo e conseguindo prêmios [inclusive lá fora].” E ainda: “Temos que ter orgulho. Para alguns é uma forma de expressão e para outros, trabalho.”
Viver de quadrinhos
Para Cátia, o cenário goiano ainda está dando os primeiros passos rumo ao reconhecimento. “Hoje já conseguimos nos localizar, nos reunir e articular alguma coisa. Mas é um cenário pequeno e ainda tem muita gente por aí que não está se articulando. É um cenário promissor.”
Porém, ainda não é o bastante para que os artistas consigam sobreviver disso. “Até dá para viver de quadrinhos, mas são exceções”. Geralmente, segundo ela, o pessoal vai trabalhar para fora. “Um ou outro consegue com a divulgação online., mas maioria tem um trabalho fixo que financia a produção”.
De acordo com a quadrinista, à despeito dos destaques e reconhecimentos conquistados, ainda há muito o que se fazer em Goiás e no Brasil pela cena cultural dos quadrinhos. “Nós não temos um mercado de quadrinhos. O que temos são pessoas produzindo seus quadrinhos, às vezes conseguindo publicar por editoras, mas a maioria se virando como pode”, analisa.
Cátia aponta a internet como uma das principais ferramentas para expansão da cultura HQ no contexto vigente. “Hoje temos nichos de pessoas que consomem determinados tipos de quadrinhos e gente produzindo e tentando. Pois existe certa facilidade de divulgação e publicação. Mas, pelo menos, boa parte das pessoas que produzem conseguem chegar ao leitor, mesmo que seja um número reduzido”. Na esfera online, sublinha Cátia, houve um “boom” de produção que não teve acompanhamento do mercado editorial, que passa por crise no país.
Holsi
O designer gráfico Tiago Holsi também é goiano e vive, atualmente, em Silvânia. Ele, que deixou um trabalho fixo na área para viver de ilustração (não necessariamente e somente HQs), já lançou três quadrinhos impressos: o Entardecer dos Mortos; 665: A vizinha da besta; e O incrível ataque das terríveis abobrinhas mutantes zumbis comedoras de cérebro. Todos eles pelo site de financiamento coletivo, Catarse.
E esta HQ de nome enorme, lançada no fim do ano passado, ganhou ampla repercussão. A produção, com temática ambiental, foi citada na Revista Super Interessante, no ano passado. A revista fez uma matéria em que recomendava cinco HQs que estariam no Artists Alley, CCXP, um dos principais eventos de cultura nerd do Brasil, concorrente da Comic Con. A obra de Holsi estava entre as indicações.
Na trama, “a combinação entre mais de 350 novos agrotóxicos liberados para uso em lavouras acarreta uma mutação em uma pequena produção de abobrinhas na pacata cidade de Cabutiânia. Esta mutação estranhamente deu vida e consciência a esses vegetais. Diante da intolerância da sociedade, as abobrinhas são repudiadas e expurgadas. Mal sabem que as abobrinhas não morrem tão facilmente. Desprezadas em um aterro, elas retornam à vida, desencadeando uma fúria sangrenta sobre seus algozes”.
“Publico quadrinhos autorais desde 2015. Apesar da crise no mercado editorial, o Dia do Quadrinho Nacional é um momento de celebração. O quadrinho nacional vive um dos seu melhores momentos com novos autores despontado e o número de publicações independentes crescendo a cada ano”, se entusiasma Holsi.
O quadrinista aproveita, ainda, para destacar a produção goiana. “Com oportunidade de eventos para exposição como GoHQ, Gibirama e Feira E-Cêntrica, o quadrinho goiano vem ganhando visibilidade. Eventos assim, além de ajudar o produtor independente a escoar sua produção, coloca o quadrinista e leitor frente a frente, produzindo novos leitores e incentivando futuros quadrinistas a também produzir e expor seu trabalho”.
Césio
Edu Menna (Eduardo Menna) é um quadrinista experiente, já acostumado a desenhar para o mercado americano. Desde 2010 ele trabalha exclusivamente com HQs e já ilustrou títulos como Red Sonja, Green Hornet, Twilight Zone, Beyond Doomsday, Grimm Fairy Tales Annual, Army of Darkness, Z-Nation e mais.
Em 2016, ele ilustrou a HQ goiana 137, de Ronaldo Zaharijs. A história de terror faz menção ao incidente do Césio, mas com muita ficção e uma pegada de terror trash dos anos 1980. Atualmente, ele foca, mais uma vez, no cenário norte-americano. “Acabei a minissérie da Banda KISS para a editora Dynamite e estou no aguardo do novo projeto para começar este mês, que ainda não posso divulgar”, faz o suspense.
Apesar de ser gaúcho, há seis anos Menna vive em Goiânia. Para ele, o dia 30 de janeiro remete a uma data de luta constante para mais reconhecimento e espaço, para divulgação e publicação. Mais acostumado com as publicações na cena “gringa”, ele classifica o atual momento do País como de “efervescência”.
“Hoje está muito melhor do que anos atrás. Está saindo muito material inédito vindo de fora, o cinema está adaptando muita coisa de HQs, o que também atrai leitores, temos vários autores reconhecidos e anônimos produzindo e mostrando seu trabalho, seja na internet, em editoras, financiamento coletivo, convenções, etc”, avalia.
Ainda assim, para viver de quadrinhos no Brasil ele vê certa dificuldade. “Mas produzindo para o exterior dá para viver muito bem”, destaca a própria situação.
Em relação ao último trabalho para o mercado nacional, a HQ goiana 137, ele afirma: “Foi muito legal poder fazer algo para o mercado nacional depois de tantos anos trabalhando apenas para o exterior. Foi um projeto com prazo muito curto e muito corrido, mas espero poder fazer algo por aqui novamente.”
Mesmo com o desejo, Menna não tem previsão para novos projetos autorais de quadrinhos. “Mas estou criando um estúdio para fazer ilustrações para o mercado nacional, algo que era um sonho antigo”, revela.
Comic Shop
Uma forma de viver de quadrinhos não é necessariamente produzindo, mas vendendo. Em Goiânia, uma das comic shops (especializada em HQs) de destaque é a Mandrake.
Thiago Pitalunga é um dos sócios da loja. Segundo ele, a motivação para a comic shop, lançada em abril de 2016, veio porque ele e o amigo Alex André Linhares, o Bolex – também proprietário –, não se sentiam à vontade nas bancas da cidade. “O pessoal olhava feio, quando abríamos os quadrinhos.”
Pitalunga conta que ele e Bolex sempre foram leitores e colecionadores (“Bolex mais”) e a experiência que tinham com lugares para consumir quadrinhos não era boa. “Sempre conversávamos, mas acabamos seguindo nossos caminhos, com nossas profissões. Em 2014 voltamos a ter esse papo e decidimos que era o momento. A ideia era criar a experiência de ter um catálogo tão bom quanto o ambiente.” Ele revela, ainda, que a Mandrake foi aberta junto com o lançamento da Amazon no Brasil, o que fez eles reverem um dos planos, que era o de ter um site forte para a venda. “Essa ideia ficou em segundo plano, então focamos na loja e nos eventos.”
E por falar em eventos, a loja realiza o Gibirama e o Mandrake Fest, nos moldes [guardadas as devidas proporções] dos becos dos artistas [Artists Alley] da CCXP e FIQ (Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte). E, ainda, promove lançamentos: no ano passado, o destaque ficou para Marcello Quintanilha (Luzes de Niterói) e Gustavo Borges (Cebolinha, pela Graphic MSP).
A loja “sobrevive por aparelho”, segundo Thiago: “se paga com suor, sangue e lágrimas.” Ele explica que a maior saída são a de quadrinhos de heróis e mangá (quadrinhos orientais). “Os quadrinhos nacionais e goianos não tem tanta saída, como os outros. Mas é uma proposta da loja que o público conheça eles, então criamos sessões exclusivas”.
Na loja, além dos muitos quadrinhos de Cátia Ana e Tiago Holsi, têm obras goianas de Márcio Jr. (em parceria com o lendário Júlio Shimamoto), Cidade de Sangue; Edgar Franco (com Mozart Couto), Biocyberdrama; de Ronaldo Zaharijs, Edu Menna e Rodrigo Spiga, 137 [que tem o Césio como tema]; Thiago Dornelas, Sob o Olhar dos Famintos; além de outros.
De fora
Glauber Lopes é quadrinista independente e mora em São Paulo. Hoje, ele vive dos quadrinhos que produz. Autor das obras Louis de Dampierre e Registros, o paulista divide o tempo entre produzir, publicar e vender os trabalhos.
“Eu não sabia como vender digitalmente, então fui para a rua, ter contato com as pessoas.” Segundo ele, como dava aulas de desenho, ele só vendia aos domingos. Porém, com o passar dos dias, foi percebendo que as vendas aumentavam. “Então, morrendo de medo, resolvi me arriscar e focar nas vendas. E acabou dando certo”, explica.
Glauber, que se profissionalizou em 2015 com o lançamento da HQ Registros [sobre viagens pela Argentina e Colômbia], participou da coletânea a Última Fábula e lançou Louis de Dampierre em 2016, ambas de fantasia medieval, ambientadas na Guerra dos Cem Anos. Ele conta que costuma vender os quadrinhos na Avenida Paulista, perto do Masp. “Lá tem bastante gente de todo o País e do mundo. E alguém sempre se interessa pelo meu trabalho.”
Segundo Lopes, apesar das dificuldades, há o deleite de conseguir se manter financeiramente com o que ele ama. “Não é uma realidade confortável”, revela o quadrinista que começou a viver de vendas de HQs, a partir de abril passado. “É uma situação que precisa de ajustes, mas com o tempo vou conseguir. Vender e empreender têm sido uma situação nova. Mas não dá tempo de aprender. Estou fazendo tudo junto, porque sou velho e sou pobre”, brinca ele, que tem 36 anos.
Sucesso
Um brasileiro fazendo quadrinho japonês. O mineiro Max Andrade, que vive há quatro anos em Brasília, faz sucesso produzindo mangás. Premiado no Japão, pela Silent Manga Audition, produziu três obras no país. No Brasil (HQ Mix), a principal é a série Tools Challenge. Foram sete volumes com quase 800 páginas.
Para ele, é uma vantagem brasileira ter uma multi-identidade (com artistas produzindo mangás, cartoons, comics, etc.). “Eu gosto muito de quadrinho, então qualquer tipo de produção me interessa. Quanto ao mangá, optei porque amo mais”.
Hoje com 28 anos, Max já tem 24 obras publicadas. “Comecei a desenhar com dez e a fazer quadrinhos aos 16.” Atualmente, ele trabalha com um personagem [quase] exclusivo no Instagram, Juquinha. Uma história intimista com um protagonista vegano-punk. “Para o nível de alcance que tenho, está indo bem. Duas pessoas tatuaram o personagem e uma DELAS eu nem conheço”, diz aos risos.
Ainda sobre o Tools Challenge, apesar de já ter terminado a obra, ele criou um site com outros amigos, no qual pretende liberar todos capítulos quinzenalmente. Atualmente, ele faz isso mensalmente. “A ideia é trazer mais leitores e procurar editoras para publicar fora do País”, justifica.
Editoras pequenas
Segundo Max, que atualmente está ligado à Draco, as editoras, mesmo que pequenas, são importantíssimas “pois o ‘mercado’ – se é que podemos chamar assim – é muito pequeno. O público é muito restrito, mas tem aumentado aos poucos”.
Como editoras pequenas, mas de destaque, ele cita a própria Draco, Pipoca & Naquim e Mino. “As maiores são muito específicas em suas publicações. Quadrinhos na Cia. é mais erudita; a Panini publica quase zero nacional”, exemplifica. “E se fosse fazer só porque ia dar dinheiro não existiria uma vanguarda de quadrinhos”, avalia.
Ainda de acordo com o artista, o universo de quadrinhos ainda é uma arte marginalizada, “na sarjeta das outras”. Inclusive, por isso ele defende a data: “Quando falamos no Dia do Quadrinho Nacional (não é Dia Nacional dos Quadrinhos) estamos falando da gente. Do Angelo Agostini até eu. Precisamos desta data. Serve, ainda, para criar eventos e movimentar o cenário. Inclusive com matérias (como a sua)”, ressalta.
Mesmo assim, Max vê uma produção boa em quantidade no cenário nacional. “Com boa quantidade, eventualmente se providencia a qualidade – hoje múltipla, como em todo lugar.”
(BOX) Quadrinhos no Brasil ao longo dos anos
1869 – Zé Caipora
1905 – Tico Tico
1939 – O Gibi
1952 – Editora Abril adota o formatinho
1960 – Turma do Pererê
Década de 1960 – Pipocam quadrinhos de terror
Década de 1970 – Turma da Mônica (com tiragem de 200 mil exemplares)
Década de 1980 – Los Amigos (Larte, Angeli e Glauco)
Década de 1990 – Motion Comics de Combo Ranger, de Fábio Yabu
Década de 2000 – Holy Avengers e Turma da Mônica Jovem
Década de 2010 – Graphic MSP
2011 – Daytripper (HQ de Fábio Moon e Gabriel Bá ganha o Eisner)
2014 – Cumbe (HQ de Marcelo D’Salete venceu o Eisner em 2018)
(BOX) Quadrinhos goianos – Sinopse
O incrível ataque das terríveis abobrinhas mutantes zumbis comedoras de cérebro (Tiago Holsi)
A combinação entre mais de 290 novos agrotóxicos liberados para uso em lavouras acarreta uma mutação em uma pequena produção de abobrinhas na pacata cidade de Cabutiânia. Esta mutação estranhamente deu vida e consciência a esses vegetais. Diante da intolerância da sociedade, as abobrinhas são repudiadas e expurgadas.
Mal sabem que as abobrinhas não morrem tão facilmente. Desprezadas em um aterro, elas retornam à vida, desencadeando uma fúria sangrenta sobre seus algozes, em uma noite que será lembrada como: “O incrível ataque das Terríveis Abobrinhas Mutantes Zumbis comedoras de cérebro.”
Em meio a todo o caos que as abobrinhas causam, a família Oliveira, agricultores que praticam plantio orgânico, estão de prontidão para defender e salvar o que resta da cidade. Essa família já passou por maus bocados, quase perdeu a fazenda para o banco várias vezes e sabe muito bem como se manter unida para lutar. A maior arma que possui para isso é Paçoca, uma capivara de estimação.
Sob o Olhar dos Famintos (Thiago Dornelas)
Sob o Olhar dos Famintos é uma coletânea de histórias sobre o fim do mundo por um apocalipse zumbi. Ao todo, são seis histórias curtas, ambientadas em diversas partes do Brasil, inclusive em Goiânia, com pessoas comuns lutando pela sobrevivência.
O Diário de Virgínia (Cátia Ana)
É um dos trechos das publicações de Cátia Ana, que foram transformados em história em quadrinho impressa.
Biocyberdrama (Edgar Franco e Mozart Couto)
Imagine um futuro em que a transferência da consciência humana para chips de computador seja algo possível e trivial. A bioengenharia avançou tanto que permite a hibridização genética entre humanos e animais, gerando infinitas possibilidades de mixagem antropomórfica. Este é o futuro vislumbrado, que narra a história de um resistente em meio a esse futuro pós-humano, com primorosa arte e fantástico roteiro inspirado em filósofos, artistas e cientistas que pensam o futuro da interação entre o homem e as tecnologias telemática, robótica e genética.
Cidade de Sangue (Márcio Jr. e Júlio Shimamoto)
O repórter do caderno de polícia de um grande jornal há anos não suporta mais o contato cotidiano com a violência. Amargurado, atravessa uma séria crise em seu casamento. Surge, então, a nova fotógrafa do caderno e os dois mergulham em uma tórrida e mórbida paixão, inflamada justamente pelas cenas de crime e violência que os cercam. Por ironia do destino, o repórter torna-se o principal suspeito de um dos crimes que cobria para o jornal, naufragando em uma espiral de decadência.
137 (Ronaldo Zaharijs, Edu Menna e Rodrigo Spiga)
Seis amigos viajam para Abadia de Goiás, próximo ao aterro radioativo do césio-137. O que era para ser uma viagem de diversão se torna uma luta pela sobrevivência quando encontram mutantes caipiras radioativos.
Cidade Buraco (Emerson Rodrigues)
O mundo está em guerra há séculos. Gerações inteiras nasceram e morreram sem saber porque lutavam. Tecnologias foram perdidas e o prejuízo irreparável provocado pelas batalhas afetou o conhecimento humano, o meio ambiente e transformou culturas. Em todo o planeta, a moeda corrente é, literalmente, a bala. O único território pacífico de que se tem notícia é a Cidade Buraco, um lugar improvável construído no meio do deserto.