Há 10 anos, Kesha lançava ‘TiK ToK’ e se transformava referência do pop mundial
Faixa reinventou o pop do início da década de 2010, vendeu mais de 18 milhões de cópias e deixou legado da cultura pop
“Wake up in the morning feeling like P. Diddy”. Com esta frase a cantora Kesha (à época Ke$ha, com cifrão no nome) abre TiK ToK. O hit de eletropop completou 10 anos nesta semana, uma data que passou tão rápido quanto a tendência que instaurou em toda a música pop mundial da época.
Em 2009, Kesha era desconhecida para o grande público, que estava acostumado a consumir faixas doces de Katy Perry – Hot N Cold, Waking Up in Vegas – e obscuras de Lady Gaga – que tinha acabado de lançar a atemporal Bad Romance. Neste cenário, a cantora do $ apareceu com uma proposta diferente: a vida é uma festa.
TiK ToK trata desta pauta. Assim como todas as faixas do disco de estreia de Kesha, Animal. A artista cantava sobre acordar virada de uma festa na noite anterior, escovar os dentes com whiskey e já se preparar para uma nova aventura na noite. A faixa, acredite, veio de uma experiência pessoal.
O impacto de TiK ToK
A canção foi um sucesso imediato de vendas. Somam-se mais de 18 milhões de cópias, 477 milhões de visualizações no YouTube e um legado de nove semanas no topo da Billboard Hot 100, mais importante parada musical do mundo.
Hoje você, leitor, provavelmente lembra-se mais de Bad Romance, da Lady Gaga, do que de TiK ToK. Mas saiba que a composição de Kesha foi responsável pelo hit de Gaga ter chegado “apenas” ao segundo lugar do ranking.
O single de Kesha definiu o tipo de música que os artistas lançariam dali para frente. 3OH!3, Katy Perry, Taio Cruz e até mesmo os Black Eyed Peas surfaram na mesma onda da cantora. A banda de Will.i.am. inclusive chegou a gravar dois discos com batidas de eletropop e muito autotune nos anos seguintes.
Para fechar com chave de ouro: o seriado Os Simpsons recriou a abertura para se transformar em um grande videoclipe animado de TiK ToK.
Ouça TiK ToK, hit da cantora Kesha:
A artista Kesha
A proposta de Kesha era não ser levada a sério. Ela mais falava que cantava na maioria das faixas. E, sempre que cantava, era acompanhada de muito autotune – software que corrige afinações de vocalistas – soando como uma “secretária eletrônica” com melodia.
TiK ToK também mostrou um trabalho que Kesha fazia há anos nos bastidores da música: criar hits “de balada”. A cantora provou ter dom para isso quando lançou os próximos singles, com destaque para: Blah Blah Blah, Your Love Is My Drug, We R Who We R e Blow.
Ela também escreveu canções para Miley Cyrus, Britney Spears e Flo Rida.
A redenção de Kesha
Hoje, Kesha explora um nicho bem diferente. Desde o segundo disco, Warrior, ela se inspira mais no glam rock que no eletropop. O lançamento mais recente da cantora, Rainbow, bebe da fonte de gospel, do rock clássico e do country.
O caminho percorrido pela artista, entretanto, foi longo. Pouco tempo após a divulgação do disco Warrior, Kesha entrou com um processo contra o produtor que a acompanhava desde o início da carreira, parceiro de grandes hits e dono do selo que a contratou, Dr. Luke. Ela o acusava de abuso psicológico e sexual.
Durante a batalha judicial, que durou de 2014 a 2017, Kesha ficou “na geladeira” da gravadora e incapaz de lançar qualquer material.
Kesha perdeu a luta contra Dr. Luke e o produtor continua responsável por todo material que a cantora lançar. Ela, porém, ganhou o direito de não precisar gravar com ele e de cantar o antigo repertório novamente.
Neste cenário, em 2017, Kesha lançou Praying, uma balada sobre redenção, renascimento e perdão. Foi com esta faixa que ela, primeira primeira vez em anos, falou sobre o que sente sobre a situação com Dr. Luke. Também neste lançamento, ela mostrou ter uma boa voz e uma excelente interpretação musical.
Praying foi lead single de Rainbow, terceiro disco de estúdio de Kesha. O álbum foi recebido com críticas positivas e, pela primeira vez, colocou a cantora como indicada ao Grammy Awards.