Harvey Weinstein nega novas acusações de abuso sexual e estupro
Denúncias recentes podem dar ao produtor mais 140 anos de prisão, apesar de ele se dizer inocente
O ex-produtor de cinema americano Harvey Weinstein se declarou inocente nesta quarta-feira (21), em um tribunal em Los Angeles. O cineasta se defendeu das 11 acusações de estupro e abuso sexual que teriam ocorrido contra cinco mulheres em hotéis na Califórnia.
“A declaração de não culpabilidade foi apresentada”, disse o juiz Sergio Tapia, depois que um advogado falou em nome de Weinstein, que compareceu ao tribunal usando uma cadeira de rodas e um uniforme marrom de presidiário.
O produtor, cuja queda é vista como uma grande vitória para o movimento MeToo, cumpre uma sentença de 23 anos de prisão por abuso sexual e estupro em Nova York desde o ano passado.
Ele foi transferido para Los Angeles nesta terça para responder a essas novas acusações, que podem levar a mais 140 anos de prisão.
“Ele nega absoluta, inequívoca e categoricamente as acusações”, declarou seu advogado Mark Werksman a um grupo de jornalistas em frente ao tribunal. “As acusações não podem ser provadas, não são confiáveis e não têm fundamento.”
Na Califórnia, Weinstein, de 69 anos, é acusado, principalmente, de ter estuprado uma modelo italiana em um hotel de Beverly Hills em fevereiro de 2013 e de ter abusado sexualmente de Lauren Young, uma atriz, no banheiro de outro hotel.
“Qualquer um que abusa de seu poder e influência para atacar outras pessoas será levado à justiça”, afirmou o promotor distrital de Los Angeles, George Gascon.
Titã decaído
Os casos seguem um padrão similar. Supostamente, Weinstein atacava as mulheres —em muitos casos aspirantes a atrizes— em quartos de hotel em Beverly Hills e no oeste de Los Angeles.
Weinstein sempre negou os fatos, tanto os de Nova York quanto os de Los Angeles, alegando relações consensuais.
Ao todo, quase 90 mulheres acusaram Harvey Weinstein de assédio ou abuso sexual, incluindo as atrizes Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Salma Hayek.
Durante a audiência, realizada em grande parte de portas fechadas, o advogado Werksman pediu que três acusações que datam de 2004 fossem retiradas, pois haviam prescrito. Também solicitou uma avaliação médica do réu, o que o juíz Tapia concedeu.
As acusações de Los Angeles são “de muitos anos atrás” e não podem “ser fundamentadas ou corroboradas por nenhuma evidência forense, nenhum relatório contemporâneo, nenhuma testemunha confiável”, acrescentou.
No caso de Nova York, os promotores não apresentaram evidências forenses ou depoimentos de terceiros, e sim pediram aos jurados que acreditassem nas mulheres.
Acesso à justiça
A advogada Gloria Allred, que representa várias das supostas vítimas de Weinstein, ressaltou a importância dessas mulheres em Los Angeles também terem “acesso à justiça”. “Essas pessoas, que são vítimas, fizeram muitos sacrifícios”, afirmou ela a repórteres.
Antes do surgimento das acusações contra Weinstein em 2017, ele e seu irmão Bob já haviam deixado sua marca em Hollywood. Em 1979, fundaram a Miramax Films, uma pequena empresa de distribuição que viria a ser vendida para a Disney em 1993.
Seus maiores sucessos de bilheteria incluem “Shakespeare Apaixonado”, pelo qual Weinstein ganhou seu primeiro Oscar. Ao longo dos anos, seus filmes receberam mais de 300 indicações ao Oscar e ganharam 81 estatuetas.
No início de abril, Weinstein recorreu formalmente de sua condenação por estupro e abuso sexual em Nova York, proferida em março do ano passado. A próxima audiência do caso da Califórnia está marcada para 29 de julho.