SETEMBRO AMARELO

Humorista Gustavo Tubarão conta que gravar vídeos o ajudou a lidar com a depressão

Desde 2017, o humorista Gustavo Tubarão luta contra depressão, ansiedade e crises de pânico. Mas…

Desde 2017, o humorista Gustavo Tubarão luta contra depressão, ansiedade e crises de pânico. Mas desde 2020 tem usado o humor, o audiovisual e as redes sociais para superar as doenças, quando começou a gravar vídeos para publicar na internet.

Tubarão afirma inclusive que pessoas que têm os mesmos diagnósticos que ele são seu público-alvo. “Eu falo [isso] com toda tranquilidade do mundo”, disse em entrevista ao Mais Goiás. “Quando eu estava no auge da minha depressão, eu chorava em posição fetal e falava ‘no dia que eu sair disso, eu vou tentar tirar [da depressão] o máximo de pessoas que eu conseguir’. O público alvo que eu quero buscar é esse e eu vejo que a maioria dos meus seguidores se identificam comigo”, relatou.

Para ele, a parte mais difícil da jornada foi aceitar que estava com depressão. “Depois que eu aceitei, eu pensei: ‘vou sair disso’. Botei a cara na internet e corri atrás do meu sonho, que era gravar. Isso serviu como terapia para eu me aceitar e aceitar o jeito que eu sou. Porque eu sempre tive muita vergonha do meu sotaque, de ter vindo da roça. Depois que eu aceitei tudo isso, tudo começou a ficar mais fácil”, revelou.

O humorista não quis, de imediato, compartilhar o que sentia para os pais. Hoje, porém, se sente bem o suficiente para falar abertamente sobre o assunto e acredita que pedir ajuda é a melhor solução. “Muita gente pensa que, no mundo, só ela tem depressão. Quando eu falo sobre a doença, muita gente se identifica. Na internet, muitas pessoas só compartilham coisas boas; eu não. Quando eu estou mal, eu falo. Isso serve para o povo ver que não existe vida perfeita”.

Apesar de gravar vídeos e o trabalho ajudá-lo muito, Gustavo Tubarão não abre mão do tratamento do tratamento com profissionais da psicologia e da psiquiatria. “Gravar é uma terapia. Fazer atividade física, correr, ter uma boa alimentação, fazer meditação também. Mas eu não troco isso por tratamento profissional, faço terapia com psicólogo e vou ao psiquiatra também”.

O humorista Gustavo Tubarão disse nas suas redes sociais que separou o mês de setembro para falar sobre saúde mental.

Relatos de pessoas que, assim como o humorista Gustavo Tubarão, também convivem com depressão

Jénnifer Oliveira é professora, mãe de uma menina de 4 anos e esposa. Ela descobriu que estava com depressão quando fez terapia para tratar sua fobia de baratas que a estava atrapalhando no dia a dia. “Foi quando eu comecei o tratamento mais focado na doença”, disse ela ao Mais Goiás.

Segundo a educadora, a depressão piorou em 2017, durante a gravidez e após o parto. “Parece que a carga de emoções triplicou e isso prejudicou demais o tratamento. Deu a impressão de que tudo que tínhamos alcançado no tratamento regrediu”, contou. De lá para cá, ela continua fazendo tratamento com ajuda profissional.

Para ela, a campanha Setembro Amarelo é importante, mas ressaltou a dor da depressão não acontece somente um mês no ano. “A minha dor não aconteceu em setembro, aconteceu quando a minha filha nasceu, no começo do ano, e eu me limitava a falar sobre ela somente com a minha psicóloga, de 15 em 15 dias. Porém, todos os dias foram difíceis”.

Uma dica que Jéninifer deu aos leitores do Mais Goiás para ajudar as mulheres no geral foi: diminuir a carga. “As mulheres acham que têm que carregar o mundo nas costas e que têm que resolver todos os problemas da família, mas, quando elas adoecem, não têm ninguém para fazer isso por elas. Então, diminuir as cargas, as cobranças sociais das mulheres, das chefes de família seria uma grande ajuda para elas”.

Outra pessoa, que preferiu não ter a identidade revelada nesta reportagem, relatou que a parte mais difícil foi lidar com a dor, com a ausência de ajuda e com a falta de compreensão das pessoas ao seu redor. Eles diziam que era “frescura”. Entretanto, houve ainda uma luta interna para aceitar que estava com depressão. “No início [dos sintomas da doença], eu bebia todos os dias porque eu não aceitava isso, me recusava a acreditar que poderia ser depressão. Depois eu procurei profissionais da área, que entendem do assunto”, explicou.

Esta mesma pessoa disse ao Mais Goiás que se sente motivada por saber que existem outros que precisam dela aqui e que aguardam pela sua melhora. Também acredita que todos deveriam procurar entender mais sobre o assunto, sobre a forma de abordagem e sobre o reconhecimento. “A depressão existe e está matando muitas pessoas”, finalizou.

Sintomas de depressão e ansiedade

A psicóloga Márcia Maria separou alguns sintomas que podem indicar depressão e ansiedade. Entretanto, vale lembrar que o diagnóstico não pode – e nem deve – ser realizado através do texto. É importante procurar ajuda de profissional da área.

Sintomas de ansiedade:

  • Preocupação excessiva com o futuro;
  • Taquicardia:
  • Falta de ar ou respiração ofegante;
  • Sudorese;
  • Boca seca;
  • Vertigem ou tontura;
  • Tremores nas mãos, pés, pálpebras e no corpo;
  • Dificuldade de concentração;
  • Tensão muscular;
  • Alterações do sono e no apetite;
  • Irritabilidade;
  • Náuseas, dor abdominal e enjoos;
  • Sensação de desmaio.

Sintomas de depressão:

  • Irritabilidade, tristeza e humor deprimido;
  • Angústia;
  • Cansaço extremo ou perda de energia;
  • Ansiedade;
  • Autoestima baixa;
  • Alterações do sono e apetite;
  • Desinteresse por atividades rotineiras e atividades antes prazeirosas;
  • Dificilmente de concentração;
  • Falta de motivação, apatia;
  • Sensação de impotência e incapacidade;
  • Sensação de vazio;
  • Sentimentos de medo, culpa e inutilidade;
  • Pensamentos pessimistas;
  • Pensamentos de morte e suicídio;
  • Abuso de álcool e outras drogas.

Como pedir ajuda para lidar com a depressão?

Márcia Maria orienta a população a sempre auxiliar amigos e familiares que pedem ajuda. “Se alguém te procurar para conversar (ou se você perceber que alguém próximo precisa de ajuda), incentive essa pessoa a falar dos seus sentimentos e da dor que está sentindo; escute com paciência e empatia sem julgamentos; esteja presente; fale para pessoa que ela é importante e que você está ali para auxiliá-la”.

A psicóloga ressaltou, também, a importância de procurar ajuda profissional. “Procure identificar os fatores de riscos que envolvem a pessoa; oriente-a a buscar ajuda profissional; procure fortalecer a rede de apoio dessa pessoa, converse com amigos e familiares para que eles apoiem e estejam atentos para ajudá-la”, orientou.

Ela ainda salientou que o Centro de Valorização da Vida (CVV) está disponível 24 horas por dia. “O CVV oferece apoio emocional, através da escuta. O centro trabalha com a prevenção ao suicídio e oferece atendimento anônimo e sigiloso 24 horas por dia”.