‘Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida’ completa 40 anos
É importante falar de “Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida” – que está…
É importante falar de “Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida” – que está completando 40 anos desde o seu lançamento nos cinemas em 1981 – porque o filme dirigido por Steven Spielberg e estrelado por Harrison Ford é um divisor de águas. Se você gosta de filmes de aventura, ou de jogos de aventura, todos eles tiveram alguma influência de Indiana Jones.
Após estrear no começo dos anos 80, o filme revolucionou o cinema de aventura e estabeleceu um padrão, e estilo, constantemente copiados até hoje. Obras como “As Minas do Rei Salomão”, “Tudo Por Uma Esmeralda”, “A Múmia”, “A Lenda do Tesouro Perdido”, “Tomb Raider”, “Uncharted” e outros diversos exemplares que utilizam a história da humanidade de alguma maneira como parte de seu roteiro, são consequências diretas da importância artística, e narrativa, que “Os Caçadores da Arca Perdida” estabeleceu lá atrás.
Tudo começou com um sonho. O sonho de Steven Spielberg em dirigir um filme de James Bond. Ao comentar isto com seu amigo George Lucas (criador de “Star Wars”), este lhe apresentou uma ideia com potencial para algo grandioso, que de acordo com o próprio Lucas era bem “melhor do que Bond”. Sean Connery – o primeiro 007 do cinema – ter sido chamado para ser o pai de Indiana no terceiro filme, “A Última Cruzada” (1989), não foi por acaso.
Com a ideia colocada em pauta e muitas horas gastas para aperfeiçoar cada vez mais o roteiro, o longa foi aos poucos ganhando forma. O sucesso de “Tubarão”, de 1975 e dirigido por Spielberg, e também de “Star Wars”, lançado em 1979 e dirigido por Lucas, abriram as portas para colocar o filme em desenvolvimento. De início o protagonista se chamaria Indiana Smith, mas a então esposa de Lucas na época não gostou e sugeriu Jones porque sonorizava melhor. Já Indiana foi tirado do nome de um cachorro que pertencia ao próprio Lucas.
Desde o surgimento do cinema, o gênero de aventura é parte essencial e importante da trajetória cinematográfica. Com este primeiro longa de Indiana Jones, Spielberg e Lucas revolucionaram o cinema de aventura e tornaram o então intitulado ‘filme B’ em algo com personalidade, investimento e grandiosidade. “Filme B” era um termo usado para classificar obras mais baratas, leves, que geralmente eram exibidas em sessões duplas com outros filmes, mas sem possuir o grau de reconhecimento, e investimento, das obras principais.
Mas tudo poderia soar comum se não fosse a direção de Spielberg. O diretor utiliza elementos narrativos que impedem o filme de se acomodar. Foi aqui o início de uma carreira na aventura onde ele vai estabelecer um estilo narrativo que dominou os anos 80, e permeia até os tempos atuais. A câmera que passeia pelos cenários e explora cada nuance do local. A câmera se aproximando do olhar de um personagem sem mostrar o seu ponto de vista, mas sim, sua reação pelos olhos. Além de por vezes enfatizar em um objeto aparentemente sem importância, mas que está dizendo muito sobre algo futuro. Spielberg cria tensão na aventura sem apelar para explicações verborrágicas, mas faz tudo isso através da imagem. Spielberg não criou ferramentas audiovisuais novas, mas utilizou as existentes para gerar uma fluidez notável e empolgante. Tudo isso em sintonia com a trilha sonora memorável criada por John Williams.
Mas “Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida” também é memorável porque é uma obra simplória em suas intenções. É uma trama de aventura com vilões e herói definidos, um objetivo e cenas de ação que divertem pela inocência. Não há violência exacerbada ou sangue aos montes, ou mesmo um grau de ironia ou ceticismo com relação ao mundo. É uma aventura sempre frenética que desperta em cada um o desejo de viver aventuras e conhecer lugares do mundo. É um entretenimento puramente criado para entreter, divertir e proporcionar um escape recheado de espetáculo visual.
E para encerrar, temos que falar de Harrison Ford. É uma história já conhecida, mas vale lembrar que a primeira escolha de Spielberg e Lucas para o papel principal era o ator Tom Selleck, que até chegou a gravar um teste de câmera (procura no Youtube), mas foi impedido de atuar no filme devido a um contrato que tinha com a série “Magnum”. Daí, Lucas sugeriu Ford, com quem já tinha trabalhado em “Star Wars”, e o resto é história. Ford oferece muito de seu humor irônico e sarcástico a um personagem essencial para nos guiar pela história. Ele é o herói. O destino não poderia ter acertado tanto. Harrison Ford é um poço de carisma, um sujeito que encanta como Indy e convence como esta figura máscula, inteligente e sagaz que entende do que está falando.
“Indiana Jones e os Caçadores da Arca Perdida” é um desses clássicos essenciais do cinema. Uma obra que após 40 anos continua um exemplo primoroso de cinematografia, direção, produção, roteiro e atuações. Uma aventura completa que jamais vai ser esquecida.
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Raiders of the Lost Ark/EUA – 1981
Dirigido por: Steven Spielberg
Roteiro: Lawrence Kasdan
História por: George Lucas e Philip Kaufman
Com: Harrison Ford, Karen Allen, Paul Freeman, Ronald Lacey, John Rhys-Davies...
Produzido por: Howard G. Kazanjian, George Lucas, Frank Marshall, Robert Watts.
Trilha Sonora Original: John Williams
Fotografia: Douglas Slocombe