COMÉDIA

Jesus canta hip-hop e diz que ‘não vai voltar’ em especial do Porta dos Fundos

Em 2019, com o especial de Natal “A primeira tentação de Cristo”, a turma do…

Em 2019, com o especial de Natal “A primeira tentação de Cristo”, a turma do Porta dos Fundos virou alvo da fúria de fundamentalistas, incomodados com uma sugestionada homossexualidade exibida pela personalidade de Jesus Cristo, interpretado por Gregorio Duvivier. O ápice do absurdo se deu com o atentado à produtora do grupo, ocorrido no dia 24 de dezembro, véspera de Natal.

Para 2020, os humoristas apostaram em um episódio com um arsenal mais modesto sobre costumes, mas oferecendo um cardápio generoso de referências à política nacional. A começar pelo nome: “Teocracia em vertigem”, desenvergonhadamente inspirado no documentário indicado ao Oscar “Democracia em vertigem”, de Petra Costa.

Após dois anos sendo exibido pela Netflix, o especial volta ao YouTube — com lançamento paralelo na Pluto TV, plataforma de streaming gratuito de propriedade da Viacom, parceira do coletivo de Porchat, Duvivier & Cia.

Aliás, em acordo com a Netflix, o Porta dos Fundos assegurou os direitos de exibição de “Se beber, não ceie” (2018), vencedor do Emmy na categoria comédia, e “A primeira tentação de Cristo” (2019). Em 2021 os dois episódios também estarão disponíveis no canal do Porta dos Fundos no YouTube.

— Acredito que a reação com o “Teocracia em vertigem” não será tão explosiva quanto a gerada pelo especial do ano passado. Vivemos num país que aceita a cultura da corrupção e da rachadinha, mas se revolta com dois homens que se relacionam — critica Antonio Tabet, que dá vida ao centurião Peçanhus.

Teocracia em vertigem”, estreia nesta quinta-feira, dia 10, às 11h. Logo abaixo, algumas curiosidades sobre o episódio. Ah, muita atenção: contém spoilers.

E se a gente fizesse um documentário?

Fabio Porchat, que assina o roteiro de “Teocracia em vertigem”, conta que o Porta dos Fundos geralmente começa a elaborar os especiais de Natal pelos idos de março. Em 2020, com a eclosão da pandemia, o planejamento foi afetado. Até que, em maio, surgiu a ideia: e se o episódio fosse rodado em formato de documentário?

O grande trunfo seria a possibilidade de rodar cenas em estilo “talking heads”, ou seja, pessoas isoladamente dando depoimentos. As cenas em estúdio, que são minoria no resultado final, foram gravadas sob todos os protocolos sanitários necessários.

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Os efeitos da Covid

E por falar em protocolos… Rodado entre agosto e setembro, majoritariamente em um terreno em Vargem Grande, Zona Oeste do Rio, “Teocracia em vertigem” mobilizou um número generoso de atores, tanto integrantes do Porta dos Fundos quanto convidados.

Logicamente, todos passaram por testes de Covid e, felizmente, puderam participar integralmente das cenas. Com exceção de um nome: o ator Estevam Nabote, que entrou para o Porta dos Fundos em 2019. Resultado: para que o colega não ficasse de fora do especial, sua participação se resumiu a uma gravação de voz exibida em uma passagem do episódio envolvendo Maria Madalena.

Consultoria com pastores e Emicida

Antes de ser batido o martelo sobre o roteiro final, Porchat o enviou a algumas lideranças religiosas para que expressassem suas opiniões. Entre elas, os pastores evangélicos Henrique Vieira e Caio Fábio. Já o rapper Emicida, parceiro de Porchat no programa “Papo de segunda”, prestou consultoria na construção do segmento final de “Teocracia em vertigem”.

Na sequência, Porchat interpreta um número musical de hip-hop em que Jesus Cristo diz que não vai voltar, sob o argumento de que já veio à Terra três vezes (como mulher, negro e travesti), sendo assassinado em todas as ocasiões. Porchat conta que Emicida lhe enviou os nomes de alguns rappers para que o amigo se inspirasse, tanto no gestual quanto no modo de cantar.

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