MEMÓRIA

Jornalista goiana lança, em 1º de abril, o livro “60 anos do golpe, gerações em luta”

Nonô Noleto lembra como se deu o processo de preparação psicológico do povo goiano – e brasileiro –, com foco nas mulheres e mães, como os principais alvos de uma campanha de desinformação

Jornalista goiana lança, em 1º de abril, o livro "60 anos do golpe, gerações em luta" (Foto: Divulgação)

A jornalista goiana Laurenice Noleto Alves, mais conhecida como Nonô Noleto, lança, em 1º de abril, o livro “60 anos do golpe, gerações em luta”. O lançamento ocorre no auditório do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato), em Goiânia, às 20h.

Nonô é uma das autoras da obra que trata do golpe militar, ocorrido de 31 de março para 1º de abril de 1964. O movimento deu origem a uma ditadura que durou daquele ano até 1985.

A jornalista goiana, em seu texto, remete à sua infância na periferia de Goiânia, lembrando como se deu, àquela época, o processo de preparação psicológico do povo goiano – e brasileiro –, com foco nas mulheres e mães, como os principais alvos de uma campanha de desinformação usando o cinema. Na época em que praticamente a televisão não existia, a desinformação era articulada por militares e pelo grande empresariado (multinacionais) para conseguir colocar no imaginário popular o medo ao comunismo e o apoio necessário a uma intervenção militar.

Na obra, Nonô também trata dos “porões” da ditadura. “Onde presos eram torturados, mortos, suicidados e “desaparecidos”. Cita, ainda, “o sofrimento das mulheres do lado de fora das prisões, acompanhando seus familiares, sofrendo e, como no meu caso, sem direito à alegria de ver um filho dar os seus primeiros passos, pois que estávamos, como todo domingo, por mais de dois anos, visitando seu pai, preso no Cepaigo, em Aparecida de Goiânia, por ousar pichar muros em Goiânia e ser filiado a um partido de esquerda, extinto legalmente pela ditadura”. 

De acordo com ela, hoje, 60 anos depois do Golpe, a democracia precisa ser defendida e garantida para benefício de todos os brasileiros. “Nós, mulheres, jamais seremos marionetes. Ditadura, nunca mais”, conclui.

A obra tem coordenação do advogado, ativista e ex-preso político Francisco (Xico) Celso Calmon. São 334 páginas com pluralidade de autores que incluem: ex-combatentes do golpe e da ditadura, ex-coordenadores da Comissão Nacional da Verdade, acadêmicos, professores, cientistas sociais, escritores, poetas, representantes da periferia social, jornalistas, juristas, sindicalistas e mais – entre eles, o jornalista e ex-preso político Pinheiro Salles, também de Goiânia.

O lançamento de “60 anos do golpe, gerações em luta” também ocorrerá em Vitória (ES), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Passo Fundo (RS), Curitiba (PR), Brasília (DF) e Belo Horizonte (MG).