Justiça determina retirada de música de Adele das plataformas por suposto plágio de Martinho da Vila
Compositor Toninho Geraes buscou um acordo com a gravadora e com a artista, mas não obteve retorno
A Justiça do Rio de Janeiro determinou que a música Million Years Ago, da cantora britânica Adele, seja suspensa de todas as plataformas digitais após uma acusação de plágio. Segundo a decisão, a canção seria semelhante à clássica Mulheres, composta por Toninho Geraes e gravada por Martinho da Vila.
A sentença foi assinada nesta segunda-feira (16) pelo juiz Victor Agustin Cunha, que considerou haver uma “indisfarçável simetria” entre as duas obras. A decisão também determina que a faixa de Adele não pode ser reproduzida ou comercializada em nenhuma região do mundo sem o consentimento do compositor, sob pena de multa de R$ 50 mil por ato de descumprimento.
Em entrevista ao Jornal Nacional, Toninho Geraes explicou que inicialmente buscava apenas um acordo para que sua coautoria fosse reconhecida. “Fica parecendo que o nosso país, nossos músicos, nossas obras estão à mercê de qualquer um para chegar e fazer bagunça”, afirmou o compositor.
A Universal Music, gravadora de Adele, apresentou recurso contra a liminar. A defesa alegou que a canção interpretada por Martinho da Vila e a da britânica utilizam um clichê musical conhecido como “Progressão de Acordes pelo Círculo de Quintas”, o que, segundo os advogados, não configuraria plágio. Ainda de acordo com a gravadora, a suspensão da faixa causaria prejuízos econômicos significativos.
O caso veio à tona em 2021, quando Toninho Geraes afirmou que ficou surpreso ao ouvir a música de Adele e notar as semelhanças. “Quase uma versão, praticamente uma versão”, disse o compositor. Na época, ele buscou um acordo com a britânica, seus colaboradores e gravadoras, mas não obteve resposta. Com isso, o processo foi formalizado em fevereiro deste ano.
Para fortalecer a acusação de plágio, foram anexadas ao processo provas, incluindo um vídeo que sobrepõe as duas canções e evidencia as semelhanças. Apesar da decisão judicial, a multa só será aplicada quando as plataformas de streaming forem notificadas. O caso segue em tramitação.
*Com informações do Terra e Jornal Nacional