Música

Madonna completa 60 anos firmando seu título de maior artista de todos os tempos

A cantora que envelheceu diante de todos, enfrenta paradigmas, luta por uma sociedade mais justa e igualitária, enquanto se diverte e encanta o público

Nascida no Michigan (EUA), com mãe de ascendência franco-canadense e pai de descendência italiana, Madonna Louise Ciccone atualmente mora em Lisboa (Portugal) mas irá comemorar seu aniversário de 60 anos nesta quinta-feira (16), em Marrocos. Todo esse deslocamento geográfico não é novidade para uma cantora que, no começo da carreira, quando questionada quais eram seus planos, respondeu prontamente: “Dominar o mundo”. E dominou.

Mas não basta dominar o mundo, é preciso mudá-lo. Absorvendo várias culturas e sonoridades diferentes, sua discografia reformulou as tendências musicais das últimas décadas. Cantando sobre sexo, religião e política, ela diverte e leva para as pistas de dança reflexões pontuais.

Em 1986, provocou a ira dos conservadores, cantando sobre aborto em Papa Don’t Preach. Ao beijar um santo negro no clipe de Like a Prayer, em 1989, perdeu um contrato milionário de uma campanha publicitária. No mesmo ano fez o que ninguém se propunha: colocou a AIDS no centro da discussão, pressionando o governo para um tratamento adequado aos afetados pelo vírus.

Feminismo e pioneirismo

A jornalista goiana Elaine Freitas afirmou que a cantora a ensinou a fazer o que quer. Isso a motivou a escrever o livro Tributo a Madonna (Universo dos Livros). “Sou de uma geração em que as mulheres eram educadas para ser donas de casa. Madonna me ensinou a sonhar, lançou bases para o empoderamento feminino, usa seu corpo como forma de poder e dominava sua carreira em uma época onde os homens comandavam”, sublinhou a jornalista.

“Ela me fez acreditar que eu, enquanto criança do sexo feminino, poderia alcançar meus objetivos. Em uma época que nem se falava sobre feminismo, Madonna mostrava as dificuldades pelas quais as mulheres passavam”, completou. Nas palavras de Elaine, Madonna “desperta tamanho fascínio por causa de toda sua luta para se tornar quem é”.

Em 2016, ao ser eleita a Mulher do Ano pela Billboard, Madonna afirmou ser uma sobrevivente. De educação católica rigorosa, ela cresceu em um meio social e profissional dominado por homens. Se recusa a obedecer a padrões pré-estabelecidos pelo patriarcado e, dotada de inteligência, determinação e talento, só melhorou a cada disco lançado, consolidou sua carreira e ganhou a admiração do público e da crítica.

Cristiano Sousa, diretor do Festival Internacional de Cinema da Diversidade Sexual e de Gênero de Goiás, contou que Goiânia já foi sede de muitos fãs clubes oficiais da cantora e destaca a importância dela para a comunidade gay. “Ela sempre sofreu preconceito por ser “diferente”, e se sentiu acolhida pelo público LGBTI. Madonna inspira as pessoas a soltar as amarras do preconceito. É uma mulher poderosa, orgulhosa de sua sexualidade e não cede à concepção que as pessoas têm dela, isso é fundamental”, explicou.

Em seu espetáculo no intervalo do Super Bowl em 2012 (Foto: Vanity Fair)

Idade e legado

Madonna agora luta contra outra forma de preconceito: o da idade. Aos 60 anos, choca por não se comportar como a sociedade gostaria. “Tenho namorados três décadas mais jovens e as pessoas se incomodam com isso”, declarou a artista.

A sociedade e a indústria da música não lidam bem com o envelhecimento, sobretudo o de Madonna. Isso se torna mais triste diante do fato que, nos seus 36 anos de carreira, a própria cantora foi uma das pioneiras para construir a indústria da música como ela é.

Com mais de 270 prêmios recebidos, entre eles 7 Grammys e 2 Globo de Ouro, a dona de hits como Like A Virgin e Hung Up, já vendeu mais de 305 milhões dos seus 13 álbuns de estúdio, e é a artista com maior número de sucessos na parada dos Estados Unidos. Entre atuar, produzir e dirigir, já fez mais de 20 filmes, é autora de livros, dona de uma linha de cosméticos e perfumaria, além de uma rede de academias. Ícone da moda, já trabalhou com as maiores grifes do mundo.

Tem no currículo a maior turnê da história de um artista solo, arrecadando US$ 408 milhões em apenas 85 shows da Sticky & Sweet Tour. Mas não importa quantos dançarinos ou luzes vemos no palco: os olhos sempre estão em Madonna. Preparando um novo disco para este ano e turnê para 2019, ela está longe da aposentadoria. Sorte a nossa!

*Fabrício Moretti é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Thaís Lobo