Milton Gonçalves foi homenageado em samba-enredo no Carnaval de 2022
Ator faleceu nesta segunda-feira (30)
Milton Gonçalves, que morreu nesta segunda-feira, dia 30, foi celebrado em vida e em diferentes áreas culturais. Em 2022, por exemplo, a vida do ator, e a luta contra o preconceito, virou homenagem no samba-enredo da Acadêmicos de Santa Cruz, integrante da Série Ouro do carnaval do Rio.
O desfile coroava o ator em diferentes momentos. No samba-enredo estavam paralelos entre a vida do artista e os orixás. No desfile, fizeram a festa do catupé, a coroação de reis negros.
“A história do Milton é esse grande discurso político. É um negro que não aceitou o lugar que a sociedade tentou lhe impor. Essa é a grande parada. Essa é a grande política do enredo sobre Milton Gonçalves. É um grito contra grilhões e açoites que não estão mais aqui, mas simbolicamente ainda existem. Também é, acima de tudo, uma proposta de liberdade. É dizer para o negro, para o menininho, para o adolescente, para o mais velho: você pode ir onde você quiser, você pode alcançar as nuvens. Milton, você voou”, disse o carnavalesco Cid Carvalho, ao G1, na época.
A Acadêmicos de Santa Cruz foi a quarta escola a entrar na Marquês de Sapucaí no segundo dia de desfiles da Série Ouro. Para tristeza dos fãs, a escola terminou o ano rebaixada. A agemiação divulgou uma carta de repúdio pelas notas dos jurados. (do Extra)
Relembre o samba-enredo que homenageou Milton Gonçalves no Carnaval
Banzo ê Banzo ê vai embora
Ê saudade grande feito monte santo
Santifica o filho mais um rei do Congo
Meu retinto peito bate em ritmo de bombo
Tenho a força do axé ginga de Catupé
Agbê, gonguê rufam caixas de lembrança
Em São Paulo da esperança
Cor da pele fez lição
Nego véio ensinou
A talhar a… Vida
Na coragem e na luta
Dessa gente perseguida
Sonho meu!
De Erê Ganga, Zumbí
Tantas páginas e livros
E miragens pela frente
Sonho meu
Desde cedo aprendi
Que o verbo resistir
Se conjuga no presente
Vencer as feridas (açoite cultural)
Arenas da vida (senzala social)
E ser bem amado (a luta ao fim servil)
Persistir no Brasil
É sangue de Palmares <
Nas veias emoção, nos palcos meus altares
Orixá da nação
Espelho a cintilar a arte
Um santo, a cruz da liberdade
A Santa Cruz é liberdade
Preto rei! Preto é rei
Nesse Rio de Oxossi fiz o meu gongá
Preto rei! Preto é rei
Saravá Milton Gonçalves na coroa de Oxalá
Obá obá obára ôôô
Obá obá obára ôôô